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Vinho branco espanhol, da região de Extremadura, 100% Viognier, com 14% de graduação alcoólica. Um dos rótulos fortes desta vinícola. A colheita de 2008 resultou num vinho com sabor frutas tropicais, tipicamente abacaxi. Boa acidez e longo final. Um vinho moderno e original. R$42,50.
Em um evento sobre vinhos, tive o prazer de conhecer a Sommelière Alessandra Rodrigues. Formada na Itália, pela conceituada escola A.I.S – Associazione Italiana di Sommeliers (a mesma em que se formou Guilherme Corrêa, bicampeão brasileiro. Foram colegas de curso,mas em cidades diferentes) e com especialização em produção de vinhos na Itália (Corso Tecnico della Filiera Vitivinicola), ela concedeu essa entrevista ao Decantando a Vida:
QUANDO E COMO VOCÊ CHEGOU AO MUNDO DO VINHO?
Desde criança via minha mãe tomando vinho em casa, e na adolescência já comecei a me interessar, a ler sobre o assunto e passei também a experimentar os vinhos que até então, encontrávamos no mercado brasileiro.
QUAL A SUA FORMAÇÃO EM RELAÇÃO AO VINHO?
Sou sommelier (ou sommelière) da A.I.S. (Associazione Italiana di Sommeliers) e fiz uma especialização sobre produção de vinhos (Corso Tecnico della Filiera Vitivinicola), em Roma na Itália.
COMO ERA A RELAÇÃO COM OS ITALIANOS, COMO ELES VIAM UMA BRASILEIRA FAZENDO UM CURSO DE VINHO NA ITÁLIA, SENDO QUE NEM TODOS ITALIANOS FORAM APROVADOS?
A reação dos italianos sempre foi de surpresa e admiração, afinal o curso da A.I.S. é um dos mais difíceis e renomados da Itália.
QUAL A SUA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL COM VINHO?
Durante e após meus cursos, trabalhei como sommelier com o “Gruppo di Servizio” da A.I.S. em vários eventos na Itália, além do Hotel Hilton de Roma, que era uma constante.
No Brasil, tive uma pequena experiência num restaurante de Brasília e depois fui pro Rio de Janeiro. No Rio fui convidada a participar de vários eventos, incluindo a tradução simultânea, do Daniele Cernilli, jornalista enogastronômico e diretor do Gambero Rosso (guia sobre vinhos italianos) no Rio mesmo, e também em São Paulo. Fui convidada duas vezes para participar do “Concorso Nazionale degli Spumanti” (concurso onde são avaliados os espumantes produzidos em toda a Itália) em Conegliano, Vêneto, sendo a única sommelier estrangeira a participar.
COMO MULHER, VOCÊ ACHA QUE TEM MAIS FACILIDADES OU EMPECILHOS NO MUNDO DO VINHO?
Depende de onde você esteja. Na Europa, a profissão de sommelier é altamente respeitada e reconhecida, independente se você é homem ou mulher. Só é considerado sommelier, na Itália, o profissional que tenha feito todo o curso da A.I.S. ou de alguma outra insttuição reconhecida. O curso que eu fiz, durou um ano e meio e a cada seis meses foram feitas provas escritas, orais, degustações às cegas e harmonizações. O mercado para mulheres nessa área, está crescendo muito, tanto no Brasil como na Europa. Felizmente está acabando o mito de que mulher só gosta de “vinho docinho”. Hoje em dia têm muitas produtoras de vinho e muitas especialistas também!
No Brasil, sinto que existe ainda uma certa resistência, principalmente por parte dos homens, em relação ao trabalho da mulher no mundo dos vinhos. Talvez isso aconteça por causa da falta de conhecimento, das diferenças culturais ou mesmo da dificuldade de acesso aos meios de informação… Mas isso já está começando a mudar. Cada vez mais percebo o interesse de todos em aprender sobre vinho, e assim espero que o preconceito que ainda existe, desapareça totalmente.
GOSTO NÃO SE DISCUTE, VINHO BOM É O QUE VOCÊ GOSTA E REGRA É PARA SER QUEBRADA, SÃO ALGUMAS AFIRMAÇÕES REPETIDAS O TEMPO TODO. O QUE VOCÊ ACHA DESSAS AFIRMATIVAS?
Com algumas tenho que concordar. Acho que os gostos das pessoas são realmente diferentes e peculiares. Mas no caso dos vinhos, o profissional deve reconhecer a qualidade do mesmo, independentemente do seu gosto particular.
Regra é pra ser quebrada – essa afirmação é um pouco polêmica! Eu diria que existem técnicas de degustação de vinhos e harmonizações, eu não diria regras específicas, nesse caso. Por exemplo: peixe deve sempre ser acompanhado de vinho branco. Essa não é uma regra de harmonização. Tem toda uma técnica de estudo para você saber combinar o prato com o vinho. No caso do peixe, vai depender da forma do cozimento, dos temperos, do molho que o acompanha. E assim você poderá tomar vinho tinto comendo peixe!! Eu acredito que devemos sempre experimentar novas combinações. É sempre bom você conhecer bem as “regras” para checar se vale a pena quebrá-las. Às vezes sim, às vezes não…
QUASE TODO MUNDO,QUANDO PERGUNTADO SOBRE COMO SERIA UMA NOITE PERFEITA, EM ALGUM MOMENTO CITA: “UM BOM VINHO…” PARA VOCÊ O QUE É UM BOM VINHO?
Pra mim, um bom vinho é aquele que consegue me demonstrar todo o trabalho, o esforço feito na sua elaboração. Um vinho que me remeta ao início da sua produção, desde a coleta da uva até as técnicas de elaboração para que o produto fique “perfeito” no final.
QUAL A IMPORTÂNCIA DO VINHO NA SUA VIDA?
O vinho tem uma importância muito grande na minha vida, pois me proporciona momentos de prazer, de relaxamento, de união, além de aumentar consideravelmente a minha cultura geral.
APESAR DE TER SE FORMADO NA ITÁLIA, ALGUM OUTRO PAÍS TE COMOVE EM RELAÇÃO AOS VINHOS? POR QUÊ?
Sim, vários países me entusiasmam, entre eles, Portugal, Espanha, África do Sul e a região da Patagônia, na Argentina. Os países do dito Velho Mundo, têm sempre coisas interessantes a serem descobertas. Já os países do Novo Mundo começam a surpreender. E eu espero cada vez mais poder participar dessas “velhas” e “novas” descobertas, estudando, colaborando e degustando vinhos do mundo inteiro.
QUAL O VINHO QUE VOCÊ TOMOU, QUE MAIS TE MARCOU, ATÉ HOJE? E QUAL VOCÊ AINDA NÃO TOMOU, MAS QUE NÃO PODE PASSAR ESSA VIDA SEM TOMAR?
É difícil dizer qual o vinho mais me marcou. Tive experiências maravilhosas na Itália, na França, em Portugal…foram muitos os vinhos que me marcaram! Já entre os vinhos que gostaria muito de tomar, estão o Barolo Pio Cesare de 2004 e um Château d’Yquem de 1921. Tomara que eu consiga!
CONTATO: Alessandra Rodrigues.
Voltando à gastronomia, pois este é um Site também de comida, retornei às mesas do restaurante Servus. É sempre uma satisfação ir a uma casa e ter certeza de encontrar aquela mesma refeição deliciosa. O restaurante Servus é um destes lugares. Não há na Capital melhor representante das culinárias alemã e austríaca. A casa funciona com um buffet livre ao comensal, com mais de vinte itens da cozinha germânica. Serve 4/5 tipos de salsichões, maioneses e suflês variados, e pratos típicos caprichosamente preparados pela Chef Birgit e sua mãe, como: joelho de porco “catado” (Eisbien), repolho roxo com maçã e suflê de chuchu [foto-1]; bisteca defumada (Kassler); tradicional Gulasch com Spaetzle (nhoque alemão) e chucrute totalmente artesanal [foto-2]; além do frango com pimentão, peixes e vários embutidos.
Tudo acompanhado de ótimas cervejas e boa carta de vinhos, especialmente alemães. Para o fim [deste banquete] o Apfelstrudel de maçã é o melhor que já provei na vida. Para não ficar no falatório, deixo que contem comigo na foto as mais de 17 camadas finíssimas da torta. É um exagero na arte de pâtisserie, não?! Aproveitem o fim de semana e passe lá para conferir. Abre só pro almoço, nos sábados e domingos (12 às 16:30 h.). End.: Servus – Rod.DF 140, Km 6,2 – caminho Cachoeira Tororó. Fones: 3339-6147 ou 9965-4601.
Renato Ratti Dolcetto D´Alba D.O.C Colombè 2007. Vinho tinto, italiano, da região do Piemonte com 13% de graduação alcoólica. R$ 78,00.
Outro dia, fui almoçar no restaurante L’affaire com uns amigos, e tratei de levar um vinho branco do Alto Adige na Itália. O vinho era o Löwengang Chardonnay, safra 2000. Produzido por Alois Lagerder, cuja família produz desde 1855. A fabricação do vinho tem grande preocupação com o meio ambiente, e as uvas para esse vinho vem de vinhedos com altitudes entre 244 e 457 metros. Isso cria grandes diferenças de temperatura entre o dia e a noite, ajudando preservar os aromas e a acidez. O solo é fundamentalmente arenoso e pedregoso, mas também é rico em calcário.
O vinho apresentou uma cor amarelo-esverdeada, límpida e com aromas de baunilha, manteiga e massa de pão. Na boca tinha um limão discreto, e uma acidez mediana. Com certeza, era um vinho que não iria evoluir mais. Foi tomado no momento certo, e quando isso ocorre, nossa satisfação de ter acertado esse instante é enorme.
No final do almoço, fui surpreendido por uma maravilhosa sobremesa, feita pelo chef da casa Marcello Piucco. Um Crepe Passion, recheado com creme de confeiteiro, sobre um molho de maracujá com semente. Só faltou um Sauternes ou mesmo um Asti, fica para próxima.
Outro dia tomei esse sonho de consumo italiano. O Sassicaia é um vinho inovador da Itália. Durante vinte anos, o Marquês Mario Incisa della Rocheta, proprietário da Tenuta San Guido, produziu o vinho sem comercializá-lo, em busca da perfeição.
Originalmente o vinho era consumido por amigos e pela família, e às vezes vendido a particulares. Foi quando em 1970 o filho do Marquês, Nicolò, conseguiu persuadir o pai a comercializá-lo com assessoria profissional dos primos Antinori. Deu no que deu. O Sassicaia é um mito. A Tenuta San Guido, hoje é propriedade do neto do Marquês, Piero Incisa della Rocha que acumula a função de gerente de exportação. O vinho foi o primeiro italiano envelhecido em barricas, foi também o primeiro vinho italiano a receber máximo louvor no periódico do Robert Parker (safra 1985) e foi o primeiro grande cabernet sauvignon do país, já que ele é composto em sua maioria dessa casta, e complementado por cabernet franc.
O que tomei foi da safra 1996, treze anos de vida, que para um vinho desse porte, não causa muita avaria. O vinho tinha uma cor bem escura para a idade, com aromas de terra molhada, grafite e couro. Na boca, aquela acidez característica de vinho italiano, suculento, pedindo comida, com uma textura bem perceptível, de médio a encorpado. Um vinho para marcar. E você, qual vinho te marcou?
O Domaine René Engel, infelizmente deixou de existir, pelo menos com esse nome. Ele foi criado por René Engel (1896-1991) e pertencia a ele, 1,4 hectare da melhor área de Clos Vougeout (tanto que esse era considerado seu melhor vinho), 0,5 hectare de Grands Échezeaux, 0,5 de Échezeaux (os 3 são Grand Cru), Vosne-Romanée Les Brulées (Premier Cru) e aldeia Vosne-Romanée.
Desde 1981 o Philippe Engel, neto de René, era o responsável pelo domaine, e no início dos anos 90 havia estabelecido sua reputação de fazer vinhos excepcionalmente deliciosos. Ele tinha uma mão leve na extração, preferindo destacar as qualidades naturais da fruta. Philippe recebeu o cobiçado prêmio “jovem vinicultor do ano”, devido ao seu Clos Vougeot 1992.
Devido a uma desilusão amorosa, Philippe começou a beber compulsivamente, vindo a falecer em 2005. No ano seguinte, ninguém menos que Aubert de Vilaine (leia-se Domaine de la Romanée-Conti) tentou de todas as formas comprar os 03 Grand Cru Engel: “Pensávamos que tínhamos comprado, mas no último minuto o vendedor escolheu outro comprador”. Vilaine lamenta até hoje: “Teria sido fantástico! Infelizmente, perdemos uma oportunidade única, que nunca vi na vida”. Disse ele quando esteve no Brasil em 2007. “Não foi uma questão de preço, o vendedor preferiu um investidor a um produtor”. O comprador foi François Pinault, proprietário do Château Latour. A venda se deu por 13 milhões de euros, e foi rebatizado de Domaine d´Eugénie. Por pouco os vinhos Engel não viraram DRC.
O vinho que tive a oportunidade de tomar foi o Grands Échezeaux 1991. Um vinho delicado, com uma cor clara e evoluída. No nariz, complexo, com aromas de iodo, chá, defumado, frutas secas e um perfume de flor. Na boca, um corpo leve com textura fina.Tanicidade presente mas discreta. Um vinho fino, que agrada em cheio apreciadores de borgonhas envelhecidos, mas quem não estiver familiarizado a esse estilo poderá se decepcionar.