O Domaine René Engel, infelizmente deixou de existir, pelo menos com esse nome. Ele foi criado por René Engel (1896-1991) e pertencia a ele, 1,4 hectare da melhor área de Clos Vougeout (tanto que esse era considerado seu melhor vinho), 0,5 hectare de Grands Échezeaux, 0,5 de Échezeaux (os 3 são Grand Cru), Vosne-Romanée Les Brulées (Premier Cru) e aldeia Vosne-Romanée.
Desde 1981 o Philippe Engel, neto de René, era o responsável pelo domaine, e no início dos anos 90 havia estabelecido sua reputação de fazer vinhos excepcionalmente deliciosos. Ele tinha uma mão leve na extração, preferindo destacar as qualidades naturais da fruta. Philippe recebeu o cobiçado prêmio “jovem vinicultor do ano”, devido ao seu Clos Vougeot 1992.
Devido a uma desilusão amorosa, Philippe começou a beber compulsivamente, vindo a falecer em 2005. No ano seguinte, ninguém menos que Aubert de Vilaine (leia-se Domaine de la Romanée-Conti) tentou de todas as formas comprar os 03 Grand Cru Engel: “Pensávamos que tínhamos comprado, mas no último minuto o vendedor escolheu outro comprador”. Vilaine lamenta até hoje: “Teria sido fantástico! Infelizmente, perdemos uma oportunidade única, que nunca vi na vida”. Disse ele quando esteve no Brasil em 2007. “Não foi uma questão de preço, o vendedor preferiu um investidor a um produtor”. O comprador foi François Pinault, proprietário do Château Latour. A venda se deu por 13 milhões de euros, e foi rebatizado de Domaine d´Eugénie. Por pouco os vinhos Engel não viraram DRC.
O vinho que tive a oportunidade de tomar foi o Grands Échezeaux 1991. Um vinho delicado, com uma cor clara e evoluída. No nariz, complexo, com aromas de iodo, chá, defumado, frutas secas e um perfume de flor. Na boca, um corpo leve com textura fina.Tanicidade presente mas discreta. Um vinho fino, que agrada em cheio apreciadores de borgonhas envelhecidos, mas quem não estiver familiarizado a esse estilo poderá se decepcionar.