Sempre tive a sensação de que em degustações com muitos rótulos, de diversos países e estilos, os tintos mais prejudicados sempre são os feitos de Pinot Noir. Esses vinhos por serem mais delicados, normalmente menos encorpados e mais ligeiros que os exemplares de outras castas, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Tannat, levam desvantagem na apreciação em feiras e degustações em que a miscelânia de rótulos prevalece.
Vinhos feitos somente de Pinot Noir, principalmente franceses (há vinhos de Pinot do novo mundo que mais parecem Cabernet), precisam de observação, atenção e até mesmo de uma concentração quase impossível de se obter nessas grandes feiras de vinhos. Os exemplares bastante frutados, com muita madeira, alto teor alcoólico, adocicados e bem encorpados roubam a atenção, e quando um pinot é levado à boca parece que foi diluído em água, dando uma sensação de um vinho inferior que não é.
Não estou dizendo que sou contra a presença desse tipo de vinho nas feiras, só acho que quem gosta de Pinot, deveria começar a provar os tintos por eles, só passar para outras castas quando tiver completamente saciado, e não retornar a eles durante o evento, pois corre o risco de se decepcionar com algo que já tenha gostado.
Digo isso pois foi o que ocorreu comigo ao provar 03 exemplares franceses de Pinot Noir em recente feira. Os vinhos eram o Château de Dracy 2007, Chassagne-Montrachet 2007 e o Pommard Clos des Ursulines 2006, todos de Albert Bichot, que faz vinhos de negociante e de produtor. Provei os vinho e os tinha achado interessantes, principalmente o Pommard. Depois de inúmeras provas de espanhóis, italianos, californianos, chilenos, argentinos… retornei ao estande dos pinot e me decepcionei com algo que tinha gostado. Acho que é por isso que muita gente aqui no Brasil diz não gostar de Pinot Noir, experimentam em condições adversas mas não percebem isso.