Comemore conosco esta data!
Após 100 (CEM) dias de inauguração, gostaríamos de agradecer
a todos que tem acessado e garantido o sucesso do DCV.
Hoje: 15 de janeiro de 2010.
São 100 motivos para celebrar!
O Cordilheira de Santana Chardonnay 2005 é um vinho complexo: uma mistura de aromas de frutas maduras, resultante da excelente adaptação desta cepa ao solo e ao clima da região de Palomas, com o sabor de baunilha torrada, obtido através da fermentação em barris de carvalho. Acompanhamento ideal para lagostas, camarões, ostras, e salmão defumado. R$55,00.
Conheci esses dias o vinho australiano The Cover Drive produzido por Jim Barry em Clare Valley e Coonawarra. Na parte sul de Coonawarra havia o Penola Cricket Ground (um campo de cricket, aquele que parece jogo de betes) que foi inaugurado em 1950, e desativado em 1996. Jim Barry comprou a propriedade de 30 acres e plantou um vinhedo de cabernet sauvignon. O pitch, aquela superfície rígida no meio do campo, e o pavilhão original foram mantidos, com o vinhedo sendo plantado ao redor, preservando um pouco da história. Desse vinhedo vem parte das uvas que farão parte do vinho, o restante vem de parcelas selecionadas das plantações que a família Barry mantém em Clare Valley.
O rótulo do vinho retrata um senhor de bigode, com a vestimenta do jogo de cricket, em movimento de quem acabou de rebater uma bola, em referência ao campo de jogo que virou vinhedo.
O The Cover Drive 2003 é 100% cabernet sauvignon, com 15% de teor alcoólico, cor negra que mancha a taça, com aromas mentolados e um pouco adocicados. Encorpado, e de final longo. Um vinho bem estilo novo mundo que pode ser acompanhado de carne vermelha ou tomado sozinho devido à baixa acidez.
Vou falar de um vinho expressivo, senão bastante significativo, da região de Bordeaux. Trata-se do Château Milens Tour Du Sème 2004, Grand Cru St.Emilion. Este exemplar de Saint Emilion é a prova viva de que Bordeaux continua a produzir grandes vinhos não somente da uva Carbernet Sauvignon, mas também de outras castas, nem por isso menos típicas da região. Assim, encontramos a todo momento maravilhas feitas com Merlot, Cabernet Franc, até a Malbec, além das tradicionais mesclagens. Esta ampola do tinto Tour Du Sème é um exemplo disto. Feito da uva malbec, 100% varietal (não muito usual), o Ch. Milens é sempre citado no meio vinícola como produtor de um vinho de garagem, com tratamento impecável do vinhedo e invariavelmente tem seus rótulos bem valorizados entre os entendedores. A safra em questão (2004) foi provada no encontro de fim de ano da confraria Amicus Vinum (de Brasília) e ofertada pela confreira Marcelle Oliveira. Esta enófila sempre nos brinda com grandes vinhos, notadamente franceses, que conhece como ninguém. Vejam a foto dela junto ao vinho. Em quase todos encontros em que a querida Marcelle participa, surgem pérolas como esta. Vinhos encantadores, com muita tradição regional, sem apelo comercial, mas de personalidade ímpar, que ela traz de suas andanças pelas terras da França. Se você não tem uma Marcelle na sua vida – nós temos [risos] – aproveite esta resenha para se deliciar!
O vinho estava perfeito; já no ponto. Certamente com genética para mais 8 anos, pois trata-se de um Grand-Cru, e que na minha opinião atingirá maior ápice no período. Taninos presentes mas bem harmônicos. O impressionante é que na boca ainda se mostrava rústico e com uma concentração inacreditável com finíssima elegância. Presença de amoras e leve cacau. Seu intenso aroma enche o nariz, com frutas e minerais. Nota: 92pts. Pena não ser encontrado no Brasil – procurando na Internet achei à venda em sites da Inglaterra e EUA. Apesar do ano Brasil-França ter acabado: vive La France!
A 200 km ao sul de Paris se encontra a região de Pouilly, na encosta direita do Loire. A proximidade com o rio favorece a existência do microclima onde a umidade desempenha um papel importante. A seleção das vinhas, de diversos solos formados na era do gelo, confere ao vinho um toque mineral.
Fermentado naturalmente em suas próprias leveduras, o vinho é amadurecido em suas borras por 12 meses antes de ser engarrafado, sem filtração nem refrigeração. É um vinho 100% sauvignon blanc, como todo pouilly-fumé, de cor amarelo esverdeado, aromas florais, médio corpo. Não é um vinho untuoso nem de final longo. Combina bem com entradas, pratos de mariscos, queijo de cabra curado e peixes cozidos.
Novamente pude tomar essa raridade de vinho (só 1.000 garrafas) feito em Garopaba-SC. O vinho no caso é o Cave Ouvidor Insólito 2005. Feito da uva Peverella, que também é conhecida como Malvasia di Vicenza, originária do Tirol na Austria, e que foi introduzida no Brasil em 1930. Uma uva rara hoje em dia no país, pois quase todos vinicultores arrancaram suas plantações para plantar uvas de maior apelo comercial.
O vinho foi feito pelos irmãos Alvaro e Vitor Escher em um sítio em Garopaba, em que não há energia elétrica até hoje. Eles compraram as uvas no Rio Grande do Sul e vinificaram em Garopaba. Não há vinhedos em Garopaba. A primeira vez que ouvi falar desse vinho foi em 2007, através do Ed Motta que teceu elogios de “melhor vinho branco da América do Sul” e “às cegas diria se tratar de um branco natural do Loire”. Ele disse, que quem o tinha apresentado esse vinho foi o Jonathan Nossiter. Mais tarde, lendo o livro Gosto e Poder, descobri que quem apresentou o vinho ao Jonathan foi o Luis Zanini da Vallontano, que considero o verdadeiro descobridor dessa pérola.
Já tive vários contatos com o Vitor Escher para compra de seus vinhos, e no fim de 2009 meu amigo Ricardo Salmeron foi passar o reveillon na praia do Rosa, vizinha ao sítio. Liguei para o Vitor e pedi que recebesse meu amigo para compra de algumas garrafas. Acesso difícil, principalmente em dia de chuva, o sítio fica no alto de um morro, e só carro 4X4 consegue subir. Ao chegar, meu amigo se deparou com nosso Alex Supertramp (personagem do filme Na Natureza Selvagem) e suas centenas de livros espalhados pela casa. Um forasteiro do vinho. Passaram uma tarde tomando seus vinhos e ouvindo estórias de vida, meditação, religião, vinhos, alimentação e tudo mais. Percebe-se que o estilo de vida levado naquele sítio é repassado ao vinho (o Alvaro já não faz mais parte do projeto), totalmente fora do circuito econômico, complexo, difícil de agradar logo de primeira, que te faz prestar atenção e se perguntar se está gostando ou não. Um vinho totalmente na contramão do que é feito hoje em dia em matéria de brancos. Um líquido transgressor, que me faz recordar brancos do Jura, naturais do Loire, brancos oxidados do Veneto, e que para outros lembra um Jerez. Uma cor marrom castanha, oxidada propositalmente, que leva muita gente a crer que o vinho está ruim. No nariz, mel, resina, cera. Na boca pouquíssima acidez, levemente picante e grande untuosidade. Não é um vinho fácil de agradar, principalmente aos iniciantes em brancos. Contrário aos vinhos de hoje, sem nenhum apelo comercial, mas que talvez por tudo isso se torne o vinho maravilhoso que é. Segundo o Vitor, contradizendo tudo que foi noticiado, haverá sim uma nova safra do Cave Ouvidor. Vamos aguardar e torcer que aconteca o quanto antes.
Foto Vitor Escher: Eduardo P.L
Foto da vista do sítio e barricas: Ricardo Salmeron.
Branco da Sicília, boa acidez e delicioso cítrico, lembrando laranja e/ou limões italianos, com bastante tipicidade. Ótima opção de uso da uva autóctone insólia. R$45,00.