Tive nova oportunidade de tomar o Gevrey-Chambertin do Philippe Leclerc, graças à generosidade do amigo Guilherme (Um papo sobre Vinhos). Digo isso porque esse vinho não tem importador no Brasil e para ter acesso a ele, alguém tem que trazê-lo do exterior. Foi o que ele fez.
Philippe Leclerc faz 03 Gevrey-Chambertin 1Cru, são eles: Les Champeaux, Les Cazetieres e La Combe aux Moines. Esse último, muitas vezes considerado o mais fino dos três, como disse a revista Burghound n.33. O solo desse vinhedo é composto de argila e calcário, intercalados com rochas. Isso faz com que as raízes das vinhas se aprofundem na terra em busca de nutrientes. O vinho não sofre filtração nem colagem (processo de clarificação, em que claras de ovos batidas são adicionadas, para aglutinar as partículas suspensas no vinho). Seus 1Cru são envelhecidos por até 2 anos em barricas de carvalho novas.
Como já tinha dito, eu já tinha tomado a safra 2006 desse vinho que se mostrou muito sedutora. Já esse 1996 apresentou mais complexidade que exuberância. Sua cor denotava problemas. Alaranjada, bem turva e com sedimentos, sugeria um vinho defeituoso, porém no nariz e na boca o vinho estava perfeito, apresentando um incrível tanino (firme sem agressividade) e uma acidez perfeita. Isso demonstra que nem sempre turbidez é sinônimo de vinho defeituoso (vide château Chalon). Leclerc sugere que seus vinhos, de safras médias, sejam consumidos de 5 a 10 anos após a safra, e de 10 a 20 anos safras mais favoráveis.