20 MELHORES VINHOS AVALIADOS PELO DCV,
NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2010.
Esse vinho foi comprado em uma dessas promoções de fim/início de ano e confesso que nada sabia sobre o produtor e o vinho. Comprei pela curiosidade de tomar um chardonnay grego e logicamente pelo preço, que era bem convidativo (R$22,00). Esses vinhos de promoções não são para serem guardados e sim tomados logo. Mais tarde fiquei sabendo que esse produtor (Cambás) é um dos mais antigos e tradicionais da Grécia.
O vinho foi o Cambás Chardonnay 2005, que apresentou uma cor amarelo-ouro bem carregada, fermentado em cubas de inox e 25% maturado em barricas novas de carvalho, apresenta um corpo médio e aromas de frutas maduras como abacaxi em calda e mel. Um ótimo preço/qualidade.
Atendendo mais uma vez ao convite do amigo Diniz, tomei o vinho Pichon- Longueville Baron safra 1999. Até a metade do século 19, o Pichon Baron e o Pichon Lalande, como são conhecidos hoje, eram uma propriedade só. Disputas familiares fizeram com que ocorresse a divisão, e em 1933 a Pinchon Longuevile foi comprada pela família Bouteillier, e em 1987 a atual proprietária, a AXA Millésimes, a comprou.
Esse exemplar 1999 é uma ótima compra por não ter sido uma safra inflacionada pelas pontuações dos críticos internacionais. Feito de 70% C.Sauvignon, 25% Merlot e 5% C.Franc, apresentou uma bela cor vermelho-rubi, com aromas de especiarias, frutas vermelhas, madeira e couro. Muito macio e elegante com taninos bem redondos, muito fácil e gostoso de tomar. Um vinho mais para finesse que para força.
No último sábado (5), minha equipe de Gastronomia da Faculdade promoveu uma autêntica festa de Babette, regada a muitos Vinhos! A ideia era simular uma prova de cozinha que faremos na semana de 21/6. Foram convidadas 23 pessoas para a comilança [risos]. Os pratos para este banquete eram seis, com guarnições e acompanhamentos distintos, resultando em 15 preparações simultâneas. Os intrépidos cozinheiros-Chefs deste memorável jantar foram:
O Menu:
Foi um desafio enorme mas muito gratificante, pois demos conta do recado e todos os comensais saíram satisfeitos com o que provaram. Para vocês terem ideia do sufoco que enfrentamos, vejam os números astronômicos deste jantar: a) 5 Kg de verduras e frutas; b) 3,7 Kg de condimentos e temperos; c) 1 Lt de vinho; d) 2,2 Lts de azeite, óleo e manteiga; e) 7,5 Lts de fundos e molhos; f) 14,3 Kg de carnes. Total = 34 Kg de mantimentos, para 23 felizes convidados…Woww!!
Além da magnífica refeição, não poderiam faltar as bebidas. Vinhos da melhor qualidade para todos os gostos; de espumantes a tintos, passando por brancos e fortificados. Mais sucos e refrigerantes (erch, êpáhh…). Para não perder o costume trago abaixo a lista deles com uma breve avaliação. Os destaques ficam para o Colección Universo, um blend maravilhoso da Neuquén, feito com Malbec, Merlot e Cabernet. Sabor amoras e ameixas. No início aparece o carvalho e baunilha resultante dos 15 meses em barricas, mas logo em seguida se aveluda e causa furor em elegância. Leva ainda 18 meses na garrafa antes da comercialização. Estupenda surpresa. Nota 91 pts. Outro que fez bonito na noite foi Crasto Douro, um velho conhecido que novamente manteve a classe, com ar imponente. Bela estrutura e finíssimo. Toques frutas secas e leve achocolatado. Delicioso e sempre pedindo um pouco mais. 87 pts.
Os Vinhos:
Este vinho da Sicília (Itália) é um exemplar de qualidade produzido com a uva Nero d’Avola, típica da região. Um vinho de personalidade, raro para faixa de preço. A vinícola Morgante é uma das expoentes na produção de Nero d’Avola da Sicília. Com frutas vermelhas e paladar aveludado, principalmente pelos taninos bem domados. De longa persistência. Um verdadeiro achado em custo/benefício. R$ 60,00.
O Domaine Zind-Humbrecht é adepto da vitivinicultura biodinâmica e um dos melhores da Alsácia. Sob direção de Leonard Humbrecht desde 1959, e agora supervisionada por seu filho Olivier, faz vinhos encorpados e arrebatadores, exibindo as características de cada terreno selecionado, dentro das propriedades da vinícola. Obcecados com controle de qualidade, limitam a produção das parreiras ao mínimo e utilizam leveduras selvagens para fermentar seus vinhos.
Tive a oportunidade de provar dois vinhos desse produtor. Primeiro o Pinot Noir. Essa cepa, bastante difundida na Borgonha, gera grandes vinhos também na Alsácia. O exemplar tomado era da safra 2005 e se mostrou muito elegante, com sua cor mais clara e aromas de amora, tabaco, chá preto e rosas murchas, lembrando um borgonha envelhecido. Um vinho muito diferenciado. O outro foi o Zind 2004. Um branco feito de chardonnay, auxerrois e pinot blanc, um corte bem inusitado. Corpo médio, acidez viva, com aromas de limão e melão. Perfeito para acompanhar comida japonesa. As grandes estrelas da vinícola, como o Clos Jebsal Pinot Gris e o Rangen St- Urbain Riesling, ainda não tive a oportunidade de provar, mas pela qualidade do que foi provado, devem ser coisa muito séria.
…Profissionalmente tento harmonizar cada prato com o vinho que corresponde. Acho que “La cata” (as provas e as degustações) é o eixo da conduta de todo cozinheiro, que deve ter a sensibilidade e saber avaliar se é correta a harmonização ou retificar se for necessário.
DCV – É notório que a vitivinicultura argentina é muito forte. Será que devido a isto sua gastronomia é bastante elaborada e de grande qualidade? O que você pensa disso?
Max: Acho que não é por causa só da vitivinicultura que a gastronomia é elaborada e de qualidade. São dois fenômenos que estão muito relacionados e crescendo ao mesmo tempo. Mas, sim, acho que foi devido ao importante aporte dos imigrantes europeus na Argentina e que conheciam muito bem as técnicas vitivinícolas e o cultivo das variedades aptas para vinhos finos, que a vitivinicultura argentina é de qualidade e o mesmo com a culinária, que somou técnica aos produtos regionais.
DCV – Apesar do pouco tempo de contato, qual sua impressão da culinária brasileira?
Max: Acho uma gastronomia muito interessante devido à diversidade de produtos que tem e as pessoas estão se interessando pela alta cozinha. Então, está tendo uma geração de novos Chefs brasileiros que levam os sabores tradicionais à alta cozinha, pessoas que conhecem profundamente ingredientes e sabem aproveitar a maior biodiversidade do mundo, os aromas e sabores que a natureza oferece. Quero nomear a Alex Atála, como referente dessa geração – um GRANDE chef.
DCV – Bate-Bola: um prato e um vinho para harmonizar?
Max: Vou falar do prazer que significa para mim uma boa carne vermelha na brasa acompanhada de um Malbec.
Vinho português ao estilo novo mundo feito pelo talentoso Hans Jorgensen, que iniciou o uso de uvas não autorizadas em seus vinhedos no Alentejo. Este Cortes de Cima é puro Syrah, com nove meses em barricas de carvalho. Bem perfumado e toques de especiarias, com final persistente. R$ 63,00.
Bordeaux também faz bons vinhos brancos. Muitas vezes nos esquecemos deles em razão da fama e da gama dos tintos. Esse exemplar é o L de La Louviére, segundo vinho do Chateau La Louviére, de Pessac-Leognan. Propriedade de André Lurton, tio de Pierre Lurton (diretor de Cheval Blanc e Chateau d´Yquem).
O vinho é feito de colheita manual, com seleções sucessivas, fermentado em barrica de carvalho e sem fermentação malolática. O chateau tem raízes no século XIV e foi adquirido por Lurton em 1965. A safra bebida foi de 1994 e o vinho apresentava uma cor dourada brilhante, com aromas de frutas bem maduras como pêssego, abacaxi em calda e algumas notas de mel, mas com uma acidez já em declínio. É um vinho que permite uma guarda longa, mas essa safra poderá não agradar aqueles que fazem questão daquela acidez picante. 90% Sauvignon Blanc e 10% Semillon.