Vinhos ícones portugueses, um do Douro e outro do Alentejo foram degustados juntos. O primeiro vinho foi o Herdade do Mouchão Tonel n. 3-4 safra 2005. Feito pelo enólogo Paulo Laureano, utiliza as castas Alicante Bouschet e Trincadeira. As uvas são vinificadas em lagares com pisa a pé e controle de temperatura. Todos os anos Laureano coloca os melhores lotes de vinhos nos tonéis de números 3 e 4, se evoluírem bem, é engarrafado como tonel 3-4, caso contrário, os vinhos desses tonéis são misturados com os dos outros e é engarrafado como Mouchão normal. O vinho passa 24 meses em carvalho, esse 2005 foi servido um pouco gelado, fazendo com que demorasse a se mostrar aromaticamente. Atingindo a temperatura ideal, mostrou ameixa e baunilha com bela acidez e um equilíbrio incrível, aonde os 15% de álcool não puderam ser notados. Um belo vinho que ainda está na infância.
O vinho seguinte foi o Barca Velha 2000 (Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinto Cão), essa é a safra mais recente desse vinho, que teve sua primeira safra em 1952, e de lá para cá, houve apenas 16. Só isso já mostra a seriedade do produtor. O produtor aconselha que se deixe esse vinho na posição vertical, 24 horas antes de abri-lo. Além disso, aconselha que o abra de 2 a 3 horas antes de degustá-lo. Como quem detinha a garrafa era o colega Petrus (O REI DO ATRASO), a garrafa só chegou à mesa quando todos já o esperavam. A mesma veio chacoalhando no carro e logicamente não foi aberta com a antecedência recomendada. Mesmo com tudo isso o vinho estava ótimo, apenas a cor estava turva, devido a não ter ficado em pé e ter vindo balançando, levando as borras a se misturarem ao líquido. Aromas de couro, cedro e chocolate, com acidez, elegância e final prolongado. Um dos melhores vinhos portugueses que já tomei. Fiquei imaginando como estaria esse vinho se as recomendações do produtor tivessem sido seguidas.