É isto mesmo, amigos enófilos do Brasil. A pergunta que martela minha mente faz sentido na medida em que venho provando vinhos nacionais continuamente. Até o momento tenho registro de provas individuais de 131 rótulos nacionais nos últimos quatro anos, além de dezenas contra-provas. Uma extensa relação que me dá uma certa condição de questionamento. Em conversas com outro enófilo e também grande provador, o amigo Renzo Viggiano, cheguei a confidenciar-lhe esta questão, com aquiescência de sua parte.
Semana passada obtive mais uma confirmação do que venho imaginando. Juntamente com os amigos Eugênio (DCV), Petrus Elesbão e Guilherme Lopes, tomei o vinho Bettú Cab.Sauvignon 2004. Um vinho de garagem, com tipicidade de terroir e que me surpreendeu pela qualidade gastronômica, que combinou com a refeição no L’Affaire. Aromas de estrebaria e couro, apesar de já esmaecidos. Um pouco alcóolico de início, mas nada prejudicial ao beber. Um produtor artista, que eleva seus vinhos à classe extrema; não que tenha sentido tudo isto dentro da garrafa. Mas definitivamente uma ampola para degustar alegremente. Na boca frutas negras e café, com torrefação. Um leve frescor tentava ressurgir. Nada mal para um vinho de 2004, quase no fim da vida. À mesa, um campeão. Conceituo de bom a muito bom. Um dos melhores brasileiros que provei. O senhor Vilmar Bettú produz em Garibaldi-RS só 500 garrafas deste achado. E assim ele leva a vida abençoada de vinicultor. Achei este exemplar numa enoteca em Bento Gonçalves, por 27 reais! Ah, se todos produtores seguissem o exemplo deste homem? Seria o sonho para todos brasileiros consumidores de vinho. A qualidade deste artista é tamanha que seus vinhos compõem a Carta do Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro.
Na próxima postagem mais comentários a respeito deste polêmico assunto.
Aguarde cenas dos próximos capítulos… 😉