Vinhos de guarda: uma vocação brasileira?? Parte-2

guardafimSerá que os vinhos brasileiros são de guarda?

Esta pergunta fica na cabeça sempre que bebo as ampolas verde-amarelas. Parece que nossos vinhos são mais bem degustados quando atingem algum tempo de armazenamento. Melhoram depois de alguns anos. Não parecem vinhos rápidos – para beber jovens – em comparação com os vinhos pesados e de consumo imediato dos países produtores do novo mundo. Procurei os motivos para este fato e acho que algo tem a ver com nosso terroir e o clima tropical. Essa característica dos vinhos deve-se a acidez do solo e a umidade da terra? Pode ser?! Certamente um enólogo pode falar com maior propriedade, mas evidente são as provas que sempre melhoram com os anos de guarda em nossos rótulos. Exemplos não faltam para demonstrar isto.

Venho percebendo, que no estágio atual da vitivinicultura brasileira, a produção de rótulos de rápido consumo talvez não funcione devido ao nosso produto levar mais tempo para se aveludar dentro das barricas e melhor ainda nas garrafas, tornando-se mais sedoso e aprazível, ganhando personalidade após um médio estágio de guarda – diria aí de 4-6 anos. Daria nome para isto de afrancesamento às avessas: vinhos harmônicos com personalidade, concebidos para consumo rápido, mas que em verdade evoluem só com o tempo. Diferentemente dos franceses, onde concebem vinhos para serem consumidos com o tempo mas estão quase prontos quando são distribuídos – estou me referindo aos vinhos corriqueiros, não aos clássicos Grand-Crus de longa guarda. Êpah…, Antonio, você tá comparando-os aos nacionais? Não, mas que guardam certa semelhança gustativa, ah, isso lembra [risos]. E isto possivelmente esteja elevando a qualidade dos vinhos brasileiros, em detrimento de outras nações, pela tipicidade e ótimo sabor projetado dentro de nossas garrafas. 

Vinhos de guarda: uma vocação brasileira?? Parte-1

bettu1É isto mesmo, amigos enófilos do Brasil. A pergunta que martela minha mente faz sentido na medida em que venho provando vinhos nacionais continuamente. Até o momento tenho registro de provas individuais de 131 rótulos nacionais nos últimos quatro anos, além de dezenas contra-provas. Uma extensa relação que me dá uma certa condição de questionamento. Em conversas com outro enófilo e também grande provador, o amigo Renzo Viggiano, cheguei a confidenciar-lhe esta questão, com aquiescência de sua parte.

Semana passada obtive mais uma confirmação do que venho imaginando. Juntamente com os amigos Eugênio (DCV), Petrus Elesbão e Guilherme Lopes, tomei o vinho Bettú Cab.Sauvignon 2004. Um vinho de garagem, com tipicidade de terroir e que me surpreendeu pela qualidade gastronômica, que combinou com a refeição no L’Affaire. Aromas de estrebaria e couro, apesar de já esmaecidos. Um pouco alcóolico de início, mas nada prejudicial ao beber. Um produtor artista, que eleva seus vinhos à classe extrema; não que tenha sentido tudo isto dentro da garrafa. Mas definitivamente uma ampola para degustar alegremente. Na boca frutas negras e café, com torrefação. Um leve frescor tentava ressurgir. Nada mal para um vinho de 2004, quase no fim da vida. À mesa, um campeão. Conceituo de bom a muito bom. Um dos melhores brasileiros que provei. O senhor Vilmar Bettú produz em Garibaldi-RS só 500 garrafas deste achado. E assim ele leva a vida abençoada de vinicultor. Achei este exemplar numa enoteca em Bento Gonçalves, por 27 reais! Ah, se todos produtores seguissem o exemplo deste homem? Seria o sonho para todos brasileiros consumidores de vinho. A qualidade deste artista é tamanha que seus vinhos compõem a Carta do Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro.

Na próxima postagem mais comentários a respeito deste polêmico assunto.
Aguarde cenas dos próximos capítulos…  😉

Degustação safra 2005 do Brasil

brasil2005Enfim, consegui realizar uma degustação que desejava há algum tempo. Com amigos da Confraria Amicus Vinum e outros enófilos irrecusáveis, realizamos uma prova às cegas de cinco rótulos nacionais da famosa safra 2005. Confesso que estava apreensivo com os resultados advindos de dentro das garrafas. Mas não é que nossas ampolas se saíram bem! Como era esperado, algum “sangue-de-boi” deveria surgir, devido à estréia meio que virgem de muitas vinícolas, aproveitando a fama e exposição de mídia desta mega safra 2005. Muitos “paraquedistas” certamente existiram mas que sucumbiram no passar destes seis anos. Os intrépidos participantes desta prova estão na foto (no sentido anti-horário, iniciando por este Editor): Renzo Viggiano, José Maia, amigo do Maia, Eugênio (editor-DCV), Ricardo Salmeron, Guilherme (Blog Um Papo sobre Vinhos) e Adroaldo. As cinco garrafas eram desconhecidas dos degustadores, pois a proposta era tomar rótulos que adquiri em meus garimpos de vinhos diferenciados.

Os vinhos, na ordem de serviço:
1. Michele Carraro Merlot – pequena vinícola de Bento, com vinhos sem madeira mantidos guardados por 2 anos no mínimo. Nada de ligação com a adega Lídio Carraro, apenas o nome é parecido. Rótulo de destaque. Ficar de olho nesta vinícola;
2. Fausto Pizzato Merlot – um vinho raso, sem destaque, simplório. A vinícola é conhecida mas o vinho nem tanto. Abaixo das expectativas;
3. Vinhas da Lagoa Cab.Sauv. – da nova região do RS, às margens da Lagoa dos Patos-PoA. Vinícola estreante na safra 2006 e que deixou a desejar (fraco).
4. Valmarino Gran Reserva Merlot – outro destaque da noite. Juntamente com o Michele Carraro foram os melhores conceituados pelos degustadores. Uma “ressonância” da Salton, com foco na pequena produção e esmerada viticultura. Nada comparado à gigante produtora-mãe. Um vinho diferenciado e ótimo gastronomicamente;degbr2005
5. Dachery Millésime Blend – ficou numa posição intermediária entre os vinhos provados. Também estreante no circuito devido a safra 2005. Boa surpresa que agradou.

Esta foi apenas uma dentre as várias provas que iremos fazer da safra 2005 brasileira. É como um “esquentar dos tamborins” para o evento que está por vir – o IV VINUM BRASILIS, em agosto próximo. Provemos e aguardemos. Será um MEGA evento com a participação de vinícolas de todas as partes do Brasil, na Capital do País!!

Château Roubine Cru Classé Rosé 2008

roubineChâteau Roubine Cru Classé Rosé 2008- A maceração ocorre sob temperatura controlada para preservar o frescor de aromas. A fermentação alcoólica leva 15 dias e a fermentação malolática não é desenvolvida para garantir o grande frescor desse rosé de categoria superior. Vinho perfeito para carpaccio de peixe, de salmão e peixes grelhados. Cinsault, Grenache, Cabernet Sauvignon, Carignan, Tibouren. França, R$ 88,00 na Arte e Vinho SMDB-CL-Cj.12 Bl. H Lj. 101- Lago Sul- Tel.3248 3258

Grand Tasting Grand Cru pela primeira vez em Brasília

grand cru
No dia 8 de agosto, a Grand Cru Brasília realiza a sua primeira edição do Grand Tasting Grand Cru. O evento reúne renomados produtores, degustações temáticas exclusivas e uma seleção especial dos melhores rótulos da importadora. Já confirmaram presença as bodegas Santa Rita (Chile), Tabali (Chile), Leyda (Chile), Matetic (Chile), Koyle (Chile), Doña Paula (Argentina), Escorihuela (Argentina), COBOS (Argentina), Pizzorno (Uruguai), Quinta do Noval (Portugal), Castellroig (Espanha), Matarromera (Espanha), Bordeaux Tradition (França), Allegrini (Itália), Brancaia (Itália), Saracco (Itália), Produttori del Barbaresco (Itália),

Entre os convidados especiais estão René Vasquez, da Altair; Luis Barraud, da Cobos; Arturo Landin, da Matetic; Cristobal Undurraga, da Koyle; Carlos Pizzorno, da Pizzorno; Diego Pulenta, da Pulenta Estate; e Robin Shay, da Allegrini.

A feira em Brasília ainda terá diversas estações temáticas com rótulos escolhidos pelos sommeliers da importadora. Nas mesas, seleções de espumantes e champagnes, brancos estruturados, brancos leves, pinot noir, malbecs, lançamentos e achados do Novo Mundo. 

Serviço:Grand Tasting 2011 – Segunda-feira, 8 de agosto
Grand Cru Brasília
Horário: 19h – 23h
Valor: R$ 180
Local: SHIS, QI. 9/11, Conjunto L – Lj. 06, QI. 9/11 – Lago Sul – Brasília | DF
RSVP: [email protected] l Tel.: (61) 3368-6868

Bodega Austral, a única que abre aos Domingos e Feriados!!!

austral4A Bodega Austral (scln-112 bl. C lj.32 tel: 61-3964 5699) é uma loja/importadora de vinhos que vem aumentando e diversificando seu portfólio. Iniciou apenas como importadora exclusiva de vinhos chilenos e argentinos. Posteriormente abriu uma loja na 112 norte, ao lado da sorveteria Saborela. Hoje traz vinhos de outros países como a França e distribui Itália, EUA, Espanha, Austrália e Portugal. A loja também tem um portfólio muito interessante de vinhos brasileiros, com produtores menos conhecidos do grande público, mas de ótima qualidade. O proprietário, Alexandre Reis, vem caminhando a passos curtos, com pés no chão e austral5sua loja pratica preços justíssimos no mercado; quem for lá irá se surpreender com os preços praticados, principalmente nos vinhos de importação própria.

Um diferencial, que só ele tem em Brasília (como loja fora de shopping), é o de abrir também aos domingos e feriados das 12:00 às 20:00. De segunda a sábado funciona das 10:00 às 22:00. Se precisarmos comprar vinho em dia de comércio fechado já sabemos aonde há plantão.

Como escolher um vinho no restaurante

escolha1

Podemos dizer que este artigo é uma continuação da postagem de ontem (06/7),
com subtítulo:
Como Escolher um Vinho no Restaurante!

Vou deixar aqui neste Post uma confissão [é mais uma instrução], de como é meu processo (grosso modo) de escolha de um vinho num restaurante.

1. Leio atentamente a carta do restaurante (que no caso da postagem anterior estava ERRADA, pois dizia que o rótulo era do produtor Antinori);
2. Duvide de Cartas com mais de 150 rótulos. Três coisas podem ocorrer: normalmente não existem todos em estoque, ou existem mas não há controle de qualidade de todos à venda, ou a Carta é feita p/ impressionar o cliente (não é uma Carta concebida com bons rótulos e critérios);
3. Escolho para harmonizar com a comida – isto é imprescindível, ainda que digam a você que não tem importância. Não acredite, pois quem vos fala é um futuro Chef cozinheiro profissional (héhé);
4. Escolho o tipo, também para harmonizar com a refeição. Se branco, tinto, rosé ou espumante;
5. Identifico o local de produção – daí entra um pouco de conhecimento de história (antiga/moderna) do vinho; 
6. Verifico a safra de acordo com as instruções anteriores;
7. Dica importante: ao escolher brancos/rosés, peça um com preço ligeiramente mais elevado. Usualmente estes vinhos são menos importados para o Brasil do que os tintos e os melhores custam um pouco mais caro. Feito isso, pode escolher um branco à vontade;
8. Antes de pedir aquela garrafa específica, compare com outras da Carta, que reproduzem as mesmas condições que você decidiu no primeiro. Isto muitas vezes resulta efeito, quando o preço é compensador;
9. Não faça como eu (que não repito rótulos). Se você está na dúvida e não quer arriscar… arrisque assim mesmo [rsrsrs!!]. O máximo que vai ocorrer é uma dor de barriga ou de cabeça no dia seguinte;
10.
Por fim, chegamos ao preço. Como normalmente conheço de antemão muitas ampolas dos catálogos que memorizo, pondero sobre o ganho do restaurante; se mais que o dobro do distribuidor, não pago! Se abaixo disso, consulto a consciência: meu saldo bancário.

11. NDA – chame o sommelier… [ risos ];

12. NDA 2 – se nada disso der certo, acesse o DCV pelo seu celular.

Speri 2004 La Roverina

speri04Ótimo vinho de mesa para o dia a dia. Com massas e carnes leves harmoniza muito bem. Vale pelo preço! A família Speri por 100 aos faz vinhos cada vez mais modernos, não perdendo a tipicidade de seu terroir, localizado no Vêneto, Itália, donde surgem excepcionais Amarones, os quais recebem tri-bichière (3Y) do catálogo Gambero Rosso há vários anos. R$ 35,00 – Adega Carrefour.

Um vinho para não tomar!

vernaiolo1Sempre vocês me vêem [lêem] aqui no DCV falar sobre bons vinhos, que gostei de tal e tal ampola, etc., etc. Desta vez falarei o inverso. E é de doer no coração, especialmente no fígado [risos]. Semana passada fui a uma nova pizzaria aqui na Cidade para provar as ditas massas, muito bem assadas num mega forno a lenha, cuja torre tinha mais de 8 metros de pé direito. 

Lá tomei um vinho desconhecido – vocês já sabem que não provo vinho repetido – e dei-com-os-burros-n’água. Ossos do ofício (rsrsr). O nome do rótulo: Vernaiolo DOCG 2009 (Rocca delle Macie). Um dos piores Chiantis que provei na vida – na verdade foi o pior, pois em minhas contas tomei cerca de três dezenas deles até o momento! Ácido igual limão verde. Há quem goste, enfim… Na Toscana existem muito melhores pelo mesmo preço. Garantido. As interessantes notas do aroma logo desapareceram ao provar o líquido. Não parecia estar estragado… ou talvez estivesse?… Sei lá. Mas que o negócio era ruim igual capeta, ah isso era. Nota: 80pts…e no limite! E ainda era um DOCG. Pode?! O registro da categoria deste vinho deveria ser revisto na Itália. Para o bem do fenomenal trabalho que a vitivinicultura toscana vem realizando nos últimos vinte anos.

Lições de Vida e o Vinho!

vinho
Esses pensamentos são comuns em quem vê a morte de perto. Aproveitar o tempo, a vida e tudo que está a sua volta de forma mais intensa. Normalmente isso não é possível por estarmos focados em construir o futuro. Pessoas que vivem essa experiência sempre mudam a maneira de ver a vida e tiram lições do fato.

Nesse vídeo, o interessante é que uma dessas lições diz respeito a vinhos. Confira e dê sua opinião.
http://www.ted.com/talks/lang/por_br/ric_elias.html