O distinto Sauvignon Blanc do De Lucca

gero1Sempre quis provar esse vinho uruguaio, como não consigo encontrar os vinhos da Premium aqui em Brasília, recorri ao amigo Jeriel da Costa (blog do Jeriel) que gentilmente me enviou essa garrafa.

O vinho no caso é o De Lucca Sauvignon Blanc Reserva safra 2006. Especifico a safra, pois a partir da 2007, Reinaldo De Lucca se curvou ao mercado e fez o vinho de maneira convencional, com bastante acidez, aromas herbáceos e cor bem clara.

Certa vez ouvi De Lucca dizer que provar um vinho seu, era ter a oportunidade de experimentar, ao menos uma vez na vida, sua alma. E é isso que ocorre. Um vinho que mostra a alma do gero2viticultor. Um Sauvignon Blanc totalmente outsider, a começar pela cor bem amarelada, remetendo a um vinho licoroso, com um mel, uma casca de laranja, e até um açafrão no nariz. Na boca ele é untuoso e aquela sugestão doce se esvai em secura e amargor. Me lembrou um viognier. Fantástico. Parte das uvas são botritizadas e não passa por madeira. Caiu muito bem com o Raviolone de brócolis com bisque de camarão do Gero, que deve estrear no cardápio na semana que vem.

Syrocco 2007

syroccoSyrocco 2007 – Resultado do encontro entre Alain Graillot, considerado o melhor winemaker de Crozes-Hermitage, e Jacques Poulain, do Domaine des Ouled Thaleb, no Marrocos. A região conta com solo aluviã -calcário e temperaturas altas durante o dia, com noites muito frescas, que proporcionam o amadurecimento lento e gradual das uvas. As videiras de Syrah são cultivadas de forma orgânica e 60% do vinho passa por envelhecimento em barris de carvalho. Marrocos, R$ 75,00 na Arte e Vinho (61-3248 3258)

DCV no Projeto Imagem do IBRAVIN-parte 1

Acabo de retornar do Projeto Imagem realizado pelo IBRAVIN, em que pude conhecer várias vinícolas e vinhos brasileiros de grande qualidade. Mais que isso, o que me surpreendeu foi perceber, pela primeira vez, que a desunião que sempre imaginei haver entre os produtores está deixando de existir. O projeto foi dividido em vários temas em que visitávamos uma determinada vinícola, e lá, não só o anfitrião apresentava seus vinhos, como outros três ou quatro proprietários, de outros projetos, também apresentavam os seus. Situação inimaginável para mim, que sempre acreditei comportamento desagregador dos produtores brasileiros. Parabéns pela nova atitude.

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Seria insano descrever os vinhos provados nessa maratona (foram mais de 100), mas não poderia deixar de citar os temas preparados pelo IBRAVIN que se dividiram em “Na Encruzilhada do Desenvolvimento” ocorrido na Casa Valduga, em que fomos calorosamente recebidos pelo proprietário João Valduga. Também estavam presentes as vinícolas Lídio Carraro, Ahgheben, Copetti e Czarnobay.

O tema seguinte batizado de “Tamanho não é Documento”, ocorreu na bela vinícola Almaúnica, e também participaram Sozo, Antônio Dias, Don Bonifácio, Aracuri e Pizzato.

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De lá partimos para degustação “Surpresas a Galope” com as vinícolas da Campanha Gaúcha, nas belas instalações da Miolo, que abriu suas portas para Dunamis, Guatambu, Campos de Cima, Peruzzo, Almadén, Cordilheira de Sant´Ana e Província de São Pedro.

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Chegando à Cooperativa Vinícola Aurora, continuamos a maratona provando também os vinhos da Garibaldi, Aliança e São João que compuseram o tema “A união faz a força”.

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Já no dia seguinte chegamos à vinícola Dal Pizzol e fomos presenteados com o tema “Longa Vida ao Vinho Brasileiro” em que as vinícolas convidadas Don Laurindo, Maximo Boschi, Cave Geisse, Pizzato e a anfitriã, nos ofereceram vinhos antigos e raros, que iam das safras 1991 a 2000. Continua no próximo post…

Vinhos: você sabia que… ( 1 )

puntOlá amigos, a partir desta postagem inicio uma série de dez artigos de curiosidades sobre vinhos, que estão na pauta do meu atual curso de gastronomia, da disciplina de “Vinhos e Serviço”. Já adianto que serão assuntos muitos interessantes, culturais e até hilariantes, que o internauta pouco ouviu falar, e nem imagina que existam no mundo do vinho. Serão todos assuntos INÉDITOS, podem ter certeza. Assim, vamos ao primeiro:

Você sabia que… para que serve aquela reentrância do fundo das garrafas?
Errou quem disse que é para segurar a garrafa com objetivo de verter o líquido nas taças com maior facilidade.
Isto mesmo, a função das reentrâncias – conhecido como punt, em inglês – no fundo das garrafas de vinho é devido ao aspecto físico e nada mais. Advém da necessidade de equilíbrio para que a garrafa não fique bamba e tombe com facilidade, além de dar maior resistência. Toda garrafa de vinho de vidro deve ter o fundo com pequena saliência para dar equilíbrio à mesma, por isto não deve ser de fundo chato.

É certo que a partir daí surgiram inúmeras funcionalidades, como segurar a garrafa com o polegar para servir nas taças, ou armazenar o depósito das borras para que elas não se misturem ao vinho na hora do serviço. Um recente objetivo foi incorporado pelo Marketing de embalagens das vinícolas, visando dar sofisticação e visibilidade a uma garrafa, onde estão adaptando o design para proporcionar frascos mais alongados e imponentes, criando a imagem de produtos de maior qualidade.

Você conhece o vinho feito da uva Bastardo?

ivdp4Vinho fresco, leve, parecendo um rosé na cor, mas é tinto. A uva bastardo fazia parte das uvas fundamentais na produção do vinho do Porto junto com a Alvarilhão. Ambas fadadas ao esquecimento nos dias de hoje, a bastardo entrava no corte para arredondar o corpo e estrutura do Porto.

O tom rosado desse vinho engana bem os não iniciados, que têm a certeza de estarem diante de um rosé. O nariz com aromas de framboesa e morango, a boca com seus taninos bem redondos, acidez marcada e corpo médio podem manter a dúvida, mas é um vinho tinto bastante curioso. Diria até que é um claret. Os cachos são esmagados a pés e o vinho passa 10 meses em barricas usadas de carvalho françês. Um vinho bastante diferente dos vinhos tranquilos do Douro.

Nos dias de hoje em que extração, teor alcoólico elevado e fruta em excesso são os predicados da padronização, um vinho como esse, que vai na contramão do mercado, é uma ótima alternativa para quem quer fugir da mesmice. Na Vinissimo.

Domaine Leflaive Puligny-Montrachet “le clavoillon” 2006

leflaive1A família Leflaive está na Borgonha desde 1590 e em Puligny-Montrachet desde 1717. Hoje quem toma conta do negócio é a neta de Joseph Leflaive, Anne-Claude Leflaive que conduz a propriedade segundo os princípios biodinâmicos. Puligny tem uma mínima produção de tintos, mas a grande maioria é de brancos, e são considerados mais finos que os de Chassagne-Montrachet.

O Puligny-Montrachet “Le Clavoillon” vem de um vinhedo de leflaive2quase cinco hectares de solo argilo-calcário, e parte dele (22%) é fermentado em madeira nova. Passa 12 meses no carvalho e depois envelhece mais 6 meses em tanques quando então é engarrafado.

O “Le Clavoillon” 2006 é um branco bem encorpado, amarelo-ouro brilhante, com aromas precisos, acidez e mineralidade marcantes. Um dos melhores produtores de brancos da Borgonha. Um vinho quase indispensável para quem quiser conhecer a chardonnay em seu mais elevado patamar.