Clos Rougeard tinto, como eu precisava tomar esse vinho. Depois de tanto ouvir o Jô falar a respeito e de ler sobre o mesmo, havia virado uma quase obsessão. Já havia provado o branco, veja aqui, mas o tinto é de uma raridade ainda maior.
O Clos Rougeard é uma propriedade dos irmãos Charlie e Nady Foucault, que fica no Loire, especificamente em Saumur-Champigny, que não é uma apelação de boa reputação. A sede está localizada no meio da vila de Chacé e apesar da reputação da apelação faz vinhos de excelência.
A configuração da vinícola é artesanal ao extremo, à moda antiga. A vinha é arada, herbicidas e fertilizantes artificiais jamais foram utilizados. Os rendimentos são baixíssimos e o fruto é totalmente desengaçado, com triagem antes e depois da colheita.
São feitos cinco vinhos, 03 tintos – Genérico, “les Poyeux” e o top “le Bourg” (que só é feito nos melhores anos). Esse último vem de um vinhedo de apenas 01 hectare de vinhas de 70 anos e é maturado em barricas novas, o “les Poyeux” em barricas de um ano, e o genérico em barricas mais antigas. Os dois brancos são o “Brézé” seco, e quando as condições permitem, o Coteau Saumur de sobremesa.
Ao se ouvir a menção Saumur-Champigny, a maioria das pessoas pensa em um vinho mais leve que um Chinon ou Bourgueil, sem passagem por madeira, e melhor apreciado quando refrescado como um Beaujolais. Com a fruta bem evidente e melhor se consumido em até três anos após a colheita.
O Clos Rougeard não é assim. O vinho tomado foi o “le Bourg” 2007 (100% cab.franc), um vinho substancial, mas sem super-extração. Barricado, mas sem exagero, uma leve estrebaria, um couro com fruta, profundo, taninos sofisticados, acidez e mineralidade. Um vinho harmonioso e elegante, inesquecível.