Quinta da Pellada no Dom Francisco

pellada2Na última 6a.feira (23) participamos da degustação de vinhos da Quinta da Pellada, de Portugal. Foi um jantar de seis etapas, preparado com esmero e precisão pelo Chef do restaurante Dom Francisco (402 Sul), sendo harmonizado com quatro vinhos da vinícola. Além, é claro, do costumeiro carinho de recepção da Giuliana Ansiliero, sócia-proprietária da casa.

Para guiar os degustadores neste delicioso jantar harmonizado, contamos com a presença do próprio enólogo da Quinta da Pellada, Sr. Álvaro Castro, e o importador dos vinhos trazidos pela Mistral, amigo João Bonato.

Vinhos na ordem de serviço:
Quinta de Saes Encruzado 2010: uva Encruzado da região do Dão, resultando num ótimo vinho branco, que combina bem com bacalhau, mas melhor com peixes e carnes brancas. Cor palha/amarelo brilhante. Aromas de torrefação e não muito cítrico. Grande volume de boca. Aberto e alegre. Vinho impressionante à mesa com refeição. Muito prazeroso. Recomendo ter sempre na adega. Nota: 87 pts.
Quinta de Saes Colheita 2007: uvas Touriga Nacional e Alfrocheiro muito bem trabalhadas. Taninos leves e líquido quase translúcido, numa bonita cor violácea. Agrada a muitos paladares e de excelente relação preço/qualidade (nota 86 pts).
Quinta da Pellada 2004: 100% Touriga-Nacional. Vinho intrigante no quesito álcool. Apesar de conter só 13% de volume, parece mais no ataque inicial. Os aromas não surgem na plenitude devido esse aspecto, o que chega a incomodar. Foi decantado por uma hora, mas melhor seria por pelo menos três horas. Vinho límpido e cor róseo-tijolo. Corpo e acidez medianas. Vinho ainda muito novo, merecendo mais uns dois anos na garrafa, pois possui forte poder de guarda (nota 89 pts).
Pape 2006: uma ampola rica em harmonia e estrutura, bem superior ao anterior vinho. Classudo e personalista. Feito das castas T.N. e Baga, o que lhe dá um aspecto mais selvagem, mas muito bem domado pelas competentes mãos do enólogo Álvaro Castro. Um belo exemplar de vitrine da vinícola. Estagia 18 meses no carvalho e sua cor atijolada recebe fios de violáceo. Pape significa a junção de duas Adegas: Casa Passarela e Quinta Pellada. Aromas de especiarias e frutas maduras, num longo fim de boca. Foi harmonizado com perfeição com carrè de cordeiro – a melhor combinação do jantar. Nota 91 pts.
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Vinho com Excelente preço em loja de Brasília

Dificilmente acontece, por isso quando ocorre venho aqui para alertar os internautas sobre a barganha. O vinho Wild Rock Sauvignon Blanc safra 2009 da Nova Zelândia, que custa R$ 103,50 está sendo vendido por R$ 55,00 na Decanter de Brasília (Scln-308-D-lj 55- tel 3349 1943). Depois do Loire, é na Nova Zelândia que se faz os melhores vinhos dessa cepa. Esse exemplar é cítrico de acidez vibrante que enche a boca de água e tem aquele aroma de grama recém-cortada. Corra, eu já comprei minhas garrafas.

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Boicote aos vinhos brasileiros se expande nos restaurantes.

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Depois dos restaurantes Aprazível e Roberta Sudbrack retirarem de suas cartas os vinhos da Casa Valduga e Dal Pizzol, o boicote vai se expandindo. O restaurante Oro do chef Felipe Bronze e agora os restaurantes do chef Claude Troisgros (Olympe, CT Boucherie e CT Brasserie) também aderiram ao boicote e retiraram de suas cartas vinhos brasileiros de vinícolas que apoiam as salvaguradas.

Em São Paulo o restaurante Tasca da Esquina aderiu ao mesmo procedimento, enquanto o chef Alex Atala (talvez o chef brasileiro de maior reconhecimento internacional) em conjunto com a sommelière Gabriela Monteleone, resolveram retirar todos os rótulos brasileiros das cartas dos restaurantes D.O.M e Dalva e Dito. Leia o comentário retirado da página de Suzana Barelli no Facebook:

Nesta quarta-feira pela manhã, a sommelière Gabriela Monteleone, responsável pelos vinhos dos restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito, em São Paulo, comunicou a comissão da Ibravin que está retirando todos os vinhos brasileiros das cartas das duas casas. Ao todo, são 20 rótulos diferentes. A ação foi definida em conjunto com Alex Atala, o chef brasileiro de maior prestígio internacional. Na avaliação de Atala e Gabriela, não basta apenas deixar de trabalhar com os vinhos das vinícolas que apóiam a salvaguarda – até porque são poucas as empresas que informam, oficialmente, serem a favor da medida.
“As pessoas não imaginam como é difícil vender vinhos brasileiros. Muitas vezes, fazemos um grande trabalho de convencimento do cliente para ele aceitar um vinho brasileiro”, afirma Gabriela. 

Wild Rock Sauvignon Blanc 2009

Wild Rock Sauvignon Blanc 2009- Vinho da Nova Zelândia que está uma barbada na Decanter/Brasília. De R$ 103,50 por R$ 55,00. Vinho de acidez marcante e aromas característicos de grama cortada. Sem passagem por madeira, feito de 93% Sauvignon Blanc, 4% Riesling e 3% Viognier. Decanter-Bsb: 3349 1943.

Degustação dos vinhos do Toro em revista

No dia 15/3 participamos da degustação promovida pela Denominação de Origem Toro. O grupo D.O.Toro, localiza-se no norte da Espanha e seus vinhedos, quase todos pré-filoxera com cem anos de pés-francos, encontram-se entre 650 e 735 metros de altitude, banhados pelo Rio Duero.

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Fotos: vinícolas Rejadorada, Ramon Ramos e Frontaura.
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Fotos: Paulo Kunzler (direita), L.Martins da PontoVinho (2o. esquerda), e Bodega Piedra.
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Fotos: Beatriz (Liberalia); Carolina Inaraja (Monte La Reina) e Eleonora.

Os vinhos que tivemos a honra de provar saíram de 13 vinícolas, dentre as cinquenta integrantes da região do Toro. A excelência de sua produção advém da uva autóctone Tinta de Toro (uma variação da Tempranillo). Além desta, a Garnacha completa o dueto de cepas aos tintos. As uvas brancas permitidas são: Verdejo e Malvasia. Dos quase 60 vinhos da amostra, conduzida pelo jornalista de vinho Marcelo Copello, apresentamos nossas notas de prova de 28 (vinte e oito) deles, expostos no painel que foi apreciado por mais de 80 convidados no restaurante Bela Sintra, em Brasília. Vamos a eles:

Vinícola Rejadorada – Produz um total de 150 mil grfs. Apresentou vinhos frutados logo de início. Seu Rejadorada Joven 2010 é cativante e de ótimo sabor, sem passagem em madeira (Nota: 87 pts). Na evolução da marca traz vinhos muito elegantes. O Novellum 2008 passa doze meses em barricas e tem aromas cereja e couro (Nota: 88 pts). No topo um grande vinho: Bravo 2009 é a excelência em aromas e sabor; elegância sem fim. Taninos ainda pouco domados, mostra força de longevidade. Decididamente um dos melhores vinhos da noite (Nota: 92 pts).

Bodega Ramon Ramos – Produz mais de 250 mil grfs. Seu Monto Toro Joven 2010 agrada logo de cara. Também no estilo não barricado, mantém a fruta viva na boca (Nota: 86 pts). O Monto Toro Selección 2009 é ótimo exemplar da bodega, com notas delicadas de tostado e minérios. Com seis meses em barricas lhe dão um veludo e estrutura elegantes (Nota: 87 pts). Os Tardencubas são produzidos no estilo novo mundo e são vinho mais encorpados e potentes, mas com muita harmonia. O Tardencuba Crianza 2007 com um ano de madeira segue esta linha (Nota: 89 pts). Na ponta está o Tardencuba Autor 2008, com 15 meses barricado e uma estrutura invejável. Delicioso e longa persistência (Nota: 91 pts).

Bodegas Frontaura – Cerca de 300 mil grfs/ano. Esta bodega me impressionou bastante pela sua precisão vitivinícola. Um exemplo a ser seguido por muitas outras pelo mundo. Provei os cinco vinhos, num crescente evolutivo sem precedentes na minha vida de enófilo [risos]. Do mais simples, o Vega Murillo 2010 não barricado (Nota: 85+pts), ao maravilhoso Frontaura Reserva 2005, com 18 meses de madeira (Nota: 91 pts), os rótulos apresentavam-se numa sequência de qualidade incrivelmente consistente. No meio vinham ainda o Vega Murillo 2010 com três meses de barricas francesas/americanas (Nota: 86 pts); o Dominio de Valdelacasa 2007 (Nota 88 pts), que passa seis meses na madeira; e o Frontaura Crianza 2005, um vinho pronto com taninos plenos e harmonia pelos 15 meses de estágio na madeira (Nota: 90 pts). Seu gerente Diego deve se orgulhar disso. A melhor bodega do evento!

Bodega Valbusenda – Pequena produção de cerca 100 mil grfs. O vinho provado foi Valbusenda Reserva 2004, que tinha 18 meses de estágio em madeira, notas de resina e ameixas e banana. Na boca, leve toque de mel e taninos tenros (Nota: 90 pts).

Bodega Elias Mora – produção de cerca 200mil grfs. Chamou atenção pelo vinho de sobremesa tinto Dulce Benavides. Com tiragem de só 3.000 botejas, um sabor suave e nada enjoativo. Para beber até acabar – a garrafa, lógico [risos]. O Elias Mora Crianza 2008 é obrigatório em qualquer adega – e na minha terá lugar de destaque, certamente! (Nota: 90 pts).

Bodega Cyan – minúscula produção de 50mil grfs, esta bodega de autor produziu talvez o melhor vinho do evento e uma das melhores ampolas do Toro, o aclamado Cyan Pago de La Calera 2001. Diferentemente dos demais da região, este exemplar é puro Tempranillo, não Tinta de Toro. Notas frutas pretas, menta e especiarias. Encorpado e carnudo; dá vontade de mordê-lo. Forte personalidade (Nota: 92 pts).

Estancia Piedra – com 180mil grfs, uma vinícola top; só produz grandes vinhos! É o que confirmam nossas avaliações: Piedra Roja 2006 (Nota: 90 pts); La Garona 2004, 18 meses em madeira em total harmonia e excepcional estrutura (Nota: 91 pts); e o fantástico Piedra Selección 2004, também barricado por 18 meses. Elegantíssimo e equilibrado. Aromas cassis e tabaco (Nota: 93 pts).

Monte La Reina Bodegas – outra vinícola artesanal, com só alguns milhares de vinhos incríveis. Na opinião de muitos o melhor branco, o Castillo Verdejo Fermentado 2008. Um branco leve apesar dos oito meses barricado, que não lhe tirou a força e o prazer (Nota: 90 pts). Castillo de Monte la Reina 2009, com 6 meses de carvalho e notas frutais e banana (Nota: 86pts). Castillo Vendimia Seleccionada 2005 vem de uma produção de só mil grfs. de altíssima qualidade e longo final de boca (Nota: 91 pts). Por fim, temos o Inaraja 2005, um vinho especial, exclusivo, de apenas 250 botejas disputadas, mas com um preço extremo…talvez o mais caro do evento: 60 Euros! (Nota: 90 pts). O nome é em homenagem à própria dona da bodega, a bela e simpática Carolina Inaraja.

Liberalia Enologia – produção 150mil grfs/ano. Outra pequena bodega com vinhos diferenciados. Depois da Frontaura, também trabalha com uma produção verticalizada de alta qualidade, onde a evolução de um rótulo para outro é sentida claramente na degustação. A proprietária Beatriz Pujo (foto acima) diz tratar-se de produção artesanal e que seus parreirais beiram os cem anos de idade em pés-francos. Em meu conceito produzem o vinho mais complexo na elaboração do evento, o Liber 2004. Ele passa 24 meses em barricas e mais 3 anos repousando na adega antes da distribuição (Nota 91 pts). O Liberalia Tres 2010 tem 12 meses de madeira (Nota 88 pts) e o Liberalia Cinco 2005 fica 18 meses nas barricas (Nota 90 pts). Por fim temos ainda o Liberalia Cuatro 2007, aromático e complexo, com uma relação preço/qualidade excelente (Nota 90 pts). Ele fica 12 meses em estágio e mais 18 meses de afinamento na garrafa.

Outras vinícolas da amostra:
Bodegas Covitoro, com quase um milhão de botejas/ano.
Vinícola Pagos del Rey, com o maravilhoso e delicioso Bajoz Crianza 2008 (Nota: 90 pts).
Bodegas Fariña
– produção de 300 mil grfs.
Carmen Rodriguez Bodega – Minimalista na produção não chegando a 30mil grfs artesanalmente elaboradas. Grande produtora dos vinhos Caro Dorum, que alcança excelentes conceitos de críticos internacionais.

Curiosidade: interessante notar a percepção de aromas de banana em três ou quatro vinhos da amostra. Sensações estas também existentes na uva Gamay brasileira. Será uma característica da Tinta de Toro na Espanha?!  😉

Degustação dos vinhos da Kranz

O DCV promoveu uma degustação, para 15 pessoas, dos vinhos da vinícola Kranz no restaurante Dom Francisco 402 sul. A vinícola tem sede em Treze Tílias/SC e utiliza uvas de vinhedos de 1200 metros de altitude. Supervisionada pelo enólogo francês Jean Pierre Rosnier, doutor em enologia pela Universidade de Bordeaux, faz vinhos diferenciados de excelente qualidade. Os vinhos degustados foram os seguintes:

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Brut Rosé 2010: cor de cobre, parecendo champagne envelhecido. Levedura, seco e muito fino, sem aquele fim de boca adocicado característico da maioria dos espumantes brasileiros. Foi o preferido da maioria dos participantes. Um brut rosé desconcertante feito de cabernet sauvignon.

Rosé 2010: blend de cabernet sauvignon/merlot tem a cor entre um provençal e um espanhol. Um vinho agradável, mas sem surpresas, talvez falte um pouco mais de acidez.

Chardonnay 2010: Uvas da serra do Marari, sem passagem por madeira, porém com todas as características, como tostado, côco, manteiga. Cor bem amarelada, untuoso e marcante. Um belo chardonnay.

Viognier 2010
: Nariz de querosene, petróleo, lembrando bastante um riesling. Não temos muitos vinhos viognier no país e arrisco dizer que esse foi o melhor brasileiro que provei desta casta, apesar do final ser curto.

Merlot 2008: primeiro vinho lançado pela vinícola tem aromas exuberantes e é muito sedoso no paladar, taninos suaves e redondos. É um vinho muito agradável e fácil de beber.

Cabernet Sauvignon 2008: um cabernet clássico sem surpresas. Ainda um pouco fechado no nariz. Escolha certa para quem aprecia o estilo.

Brut 2011: feito com chardonnay é um vinho para disputar mercado. Muito parecido com vários espumantes brasileiros, inclusive na sensação adocicada no final de boca. Vale dizer que esse foi o único vinho, dentre os degustados, em que havia a sensação de final doce. Todos os outros tem o final seco e levemente amargo, características que muito me agradam e fazem com que se consiga tomar a garrafa até o fim.

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A Kranz ainda não tem representante na cidade e a maioria dos participantes queria saber onde adquirir os vinhos. Tomara que em breve tenhamos esses ótimos vinhos da Kranz disponíveis no mercado brasiliense.

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Marc Kreydenweiss do Rhone!

jo13Marc Kreydenweiss é um defensor do terroir e da viticultura biodinâmica. Ele tem feito vinhos sensacionais na Alsácia durante muitos anos e sua família tem trabalhado a terra perto de Andlau por mais de 300 anos.

Em 1999 ele buscou um novo desafio e comprou 14 hectares no sul do Rhone. Desde então expandiu as vinhas para 19 hectares e converteu a propriedade aos princípios biodinâmicos de viticultura e vinificação. Ele possui vinhas de 100 anos que contribuem para incrível profundidade e complexidade desse vinho Perriéres, que é feito de 25% Mourvedre, 25% Syrah, 25% Grenache, 25% Carignan.

Kreydenweiss faz pouco uso de barricas novas, ele quer que o frescor, o brilho e a jo14fruta elegante se expressem. Para isso lança mão de barricas usadas, adquiridas de produtores de primeira linha como Domaine Leroy e Chateau Tertre Roteboeuf.

O Perriéres 2008 que tomei, foi trazido pelo meu amigo Jo, que mais uma vez surpreendeu com seus achados. Vinho bem escuro, quase negro, com aromas de fumo e hortelã, estilo Rhone, meio pesadão, frutas negras e especiarias. Como todos que ele traz, esse tem um mínimo de So2 no engarrafamento. Os vinhos que Kreydenweiss faz na Alsácia são trazidos pela WorldWine, os do Rhone não têm importador no Brasil.

Começou o Contra-Ataque: Restaurantes começam a retirar vinhos brasileiros de suas cartas!

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Seguindo a onda de desconforto causado pelas vinícolas que apóiam as salvaguardas ao vinho nacional, o restaurante Aprazível no Rio de Janeiro, retira de sua carta os vinhos da Casa Valduga e Dal Pizzol, duas das empresas apoiadoras da medida.

Roberta Sudbrack também anunciou a retirada em sua carta dos vinhos da Casa Valduga e Dal Pizzol, mantendo Vallontano, Angheben e Cave Geisse que sempre foram contra as salvaguardas. Divulgou também que Miolo, Salton, Dal Pizzol, Casa Valduga, Aurora, Aliança, Don Giovanni até agora são as vinícolas que sabidamente apóiam as salvaguardas. Leva-nos a crer que os vinhos desses outros apoiadores só não foram retirados por já não constarem na carta.

O Aprazível é o templo do vinho brasileiro. Um terço da carta é dedicado ao vinho nacional. Talvez não haja no país um restaurante que tenha um volume de vendas de vinhos brasileiros tão alto quanto o do referido. Estar ausente da carta desses dois restaurantes que apóiam o vinho brasileiro é ficar de fora de uma concorrida vitrine. Essas são medidas de reação que alguns chamarão de boicote, revanche, injustiça… Mas parecem já estarem surtindo efeito com vinícolas como a Salton, que tentando tirar o corpo fora, anuncia agora, depois de instaurado o processo, ser contra as salvaguardas.