Noite perfeita é aquela em que se reúne ao redor de uma mesa, amigos, boa comida e vinhos emocionantes. Começamos com um Barolo Pajana 1994 Domenico Clerico já bem evoluído como todo Barolo deveria ser bebido. Esse é um vinho que não aceita infanticídio, sob risco de não se aproveitar 20% do que ele pode oferecer. Não foi o caso deste que com 19 anos, já havia atingido a maior idade, nos brindou com toda sua elegância.
Em seguida foi aberto o Volnay Santenots-Du-Milieu 1cru do Domaine des Comtes Lafon safra 2004. Esse vinho é feito com a pinot noir de Mersault e é engarrafado como Volnay Santenots, pois os tintos engarrafados como Mersault não têm boa reputação. Que explosão de aromas. Na taça, antes de levar ao nariz, já dava para sentir o perfume daquele vinho. Muita framboesa, amora, cereja, frescas e aquele toque terroso característico dos grandes pinots. Baixa extração, cor translúcida sedutora. Acidez e amargor na medida certa. Vinho no apogeu, daqueles que você se arrepende de não ter outra garrafa.
Finalizamos com um Brunello de Montalcino Riserva Soldera 2001. Confesso que não sou tão fã de Brunello como a maioria diz ser. Acho que se paga muito pelo nome que não acompanha a qualidade. Há muito Brunello ruim no mercado e muita gente pagando o que não vale por eles. Os bons Brunellos como Soldera, Biondi-Santi, Pieri, Salvioni-La Cerbaiola são bem caros e especificamente o Soldera se tornou uma raridade. Um ex-funcionário entrou em sua vinícola e abriu as torneiras dos tanques onde 06 safras de Brunello Soldera descansavam, só voltaremos a ter uma nova safra em 2019. Imaginem o preço que estão pedindo por uma garrafa dele nos dias de hoje!
O Soldera 2001 estava fantástico, um verdadeiro Borgonha feito na Itália. Desde sua cor, passando pelos aromas e boca macia. Confesso que achei que ainda estivesse duro, mas não. Talvez o vinho italiano mais delicado que já tomei (juntamente com o Carema de Luigi Ferrando).