Ainda sob o efeito inebriante desta inesquecível festa do vinho brasileiro, conto a vocês alguns outros eventos paralelos que ocorreram na Capital. Um dos grandes marcos – no meu caso particular – foi a incrível degustação propiciada pelo amigo Marcelo Copello, do Rio. Ao chegar em Brasília Copello trouxe de sua adega particular três preciosidades (duas totalmente raras nas bandas do Brasil). Numa noite regada a jantar com nossas esposas (Renata, do Copello, e Márcia, mulher deste Editor que escreve), além da companhia do parceiro Eugênio, provamos “coisas de outro mundo”… Obrigado, Copello [risos]. As ampolas da noite foram:
De Bartoli Vecchio Samperi Riserva 20 anos – uma raridade produzida na Sicília, sul da Itália, cuja cor lembrava literalmente suco de tamarindo (foto da taça acima). Uma cor intrigante, que para os desavisados resultaria em um vinho estragado (oxidado). Mas o vinho estava inteiro, íntegro. Da cor verdadeiramente marrom, caramelo em ponto de bala, como dizemos na gastronomia. Não se enganem, pois é um vinho branco. Curiosamente, a impressão de adocicado fica só no nariz, pois na boca tudo muda de figura. Este fantástico branco é quase austero; seco, mesmo! De acordo com o Copello, que o garimpou em suas viagens pela Itália, sua produção é artesanalmente feita com paciência de Jó: são 20 anos de maturação em barricas, antes do engarrafamento! Lembra até um Marsala, mas bem diferente no paladar. Amei o vinho, em todos seus quesitos.
RoymeniΣΣa Organic 2003 – vinho do norte da Grécia, mais precisamente da Macedônia, produzido com a uva autóctone Negoska, uma parente da Xynomavro. Um vinho tinto totalmente diferente dos demais gregos que já provei. Aromas de iodo e leve especiado. Não sabemos de onde surgiu ampola tão rara e inusitada. Delicioso no paladar de frutas vermelhas, com estrutura e tipicidade, chegando a lembrar os vinhos feitos de baga portugueses. Elegantíssimo!
Pintas DOC 2001 – por fim provamos este clássico de Portugal. Um vinho carnudo, forte, de pesado corpo. Maravilhoso no aroma e sabor. De final longo. Foi encerramento com chave de ouro deste encontro regado a muito pate-papo e troca de experiências que jamais esquecerei.