Continuando com o suplício aos internautas, apresento o segundo prato que preparei com um bom vinho de acompanhamento. Na verdade, a harmonização foi bem superior ao da postagem anterior, do risoto de lula. Vamos ao Menu: uma moqueca de peixe baiana com vinho rosé Paradox Mas Neuf 2009.
Preparar uma moqueca é tão fácil que ao terminarem de ler este Post, garanto que irão direto para cozinha fazer uma igual. Use peixe robalo (opc. pintado ou vermelho) em postas marinadas com limão, sal e pimenta-do-reino, por 30′. Agora vem o pulo do coelho [risos]: o leite de coco, que deve ser caseiro, natural e artesanal. Isto mesmo, faça você o próprio leite de coco. Ultra fácil. Compre cocos in natura já secos (aqueles somente com a casca dura). Para quebrar a casca dura, leve à chama do queimador do fogão e verá que em minutos a casca se partirá. Retire a carne branca do coco e liquidifique com um bocado de H2O, só para dar consistência. Peneire. Está pronto seu leite caseiro e delicioso. Isto faz a maior diferença numa moqueca, podem ter certeza! Numa panela de pedra (a original deve usar panela de barro, produzida em Goiabeiras – Vitória, ES) esquente o azeite de dendê (na capixaba não vai dendê) e faça uma cama de rodelas de cebola e pimentão. Cubra com as postas de peixe. Faça nova cama de cebolas e pimentões, usando metade do leite de coco, e deixe ferver com tampa. Após fervura acrescente fio de azeite dendê, leite de coco restante, rodelas de tomate, coentro e cebolinha, e cozinhe mais 2′. Guarnecer com pirão feito do caldo do peixe. Está pronta a moqueca (ver foto).
Curiosidade acadêmica: a moqueca original surgiu no Espírito Santo, chamada de “capixaba” e está em vias de Registro civil, por meio de uma denominação de origem – processo que deve demandar vários anos no Brasil [risos]. Veja as Panelas de Barro da Associação das Goiabeiras (Clique Aqui).
O vinho: Paradox Rosé 2009 – Château Mas Neuf. Um vinho do vale do Rhône, França, produzido principalmente com casta Cinsaut (55%) e outras três. A crítica inglesa Jancis Robinson o classifica como adorável. Fruta madura no aroma e muito frescor na boca, com certa picância, o que sugere também comidas asiáticas para acompanhar. Decididamente um rosé diferente dos célebres irmãos da Provence, mas que caiu bem com a moqueca, especialmente se acrescida de boa pimenta dedo-de-moça no cozimento.