DEGUSTE: “Itália Sabor Brasil”.
Gastronomia da Faculdade IESB.
tudo que rola na vida universitária.
Jantar de preparos italianos, usando insumos brasileiros de raiz.
Meses atrás um restaurante italiano em Brasília mudou de endereço e vendeu parte de seu acervo de grandes vinhos. Fui lá para conferir – sempre buscando barganhas e garimpos, para melhor informar ao internauta. Para minha surpresa algumas ampolas dignas de registro foram adquiridas. Todas eram garrafas únicas, que não podem ser encontradas para venda. Mais adiante falarei destas outras “conquistas” 🙂
No momento falarei daquela que acabei de beber.
Negre 2002 Scala Dei, da região do Priorat, Espanha. Uma verdadeira jóia da Península. Um varietal 100% uva garnacha. Talvez o melhor representante da garnacha espanhola. Um achado do Priorat. Um dos melhores produtores da região. Aromas alcaçuz e singelo mentolado. Na boca elegância, harmonia e final de longa permanência. Gosto de quero mais, muito mais. Vinho para mais 10 anos com total segurança. Nota: 92 pts. Provado no dia dos pais (15/8) no restaurante francês Alice, com um magret ao molho de cebolas carameladas e tarte de pêssegos.
Podem acreditar, existe vida fora do barril na terra de los hermanos [risos].
Brincadeiras à parte, em minha última estada em B.Aires, trouxe na bagagem esta ampola; como sempre garimpada com esmero.
Trata-se do Opalo Blend 2008. Um vinho tão diferenciado na Argentina, que os próprios patrícios não o conhecem. Poucas adegas possuem um exemplar para venda.
O motivo não podia ser outro: seu produtor não usa madeira em suas criações. E fazem questão de estampar isto nos rótulos. A princípio não acreditei muito na qualidade, mas levei os dois modelos que o inovador vinicultor Mauricio Lorca produz, o Opalo Malbec e o Gran Opalo Blend. Na prova, aprovou! Bons Aromas frutais e especiarias, com couro. Desta garrafa são produzidas apenas 1.300, pois trata-se de um corte raro na Argentina: 30% malbec, 30% cabernet, 30% Syrah e 10% p.verdot.
Surpreendente vinho. Sem os mascaros dos vinhos fortemente barricados, ele possui verdadeiro sabor de terroir. Mostrando sensibilidade do enólogo em buscar maior frescor às uvas do parreiral. Ótima estrutura e harmônico, apesar da alta graduação alcóolica: 14,5%. Bons taninos, suaves e médio final de boca. Nota: 89 pts. Belo produto e uma boa pedida para quem deseja ver como se faz vinhos de qualidade na Argentina. Tente prová-lo.
Diferente, realmente! O Empório e bistrô Albamonte, localizado na 203 Norte, abriu este ano e mostra um conceito surpreendente.
A proposta do restaurante vigora desde a abertura e consiste no seguinte: 100 dias de preparos SEM repetir um único cardápio. Isto mesmo, serão cem receitas novas a cada dia. Uma verdadeira maratona gustativa! Um diferencial em relação aos demais empórios da Cidade.
A ideia concebida pelos donos, Mário e Adriana, veio de um projeto de faculdade. O Menu é escrito todo dia no quadro negro exposto na entrada da loja – uma graça que remete aos pequenos restaurantes franceses e italianos. Provei esta delícia mostrada na foto, cujos preços variam entre 28 e 39 reais, o menu de 3 etapas (entrada + principal + sobremesa). O vinho foi um honesto e delicioso François Lurton 2009 (França), que caiu bem com a refeição e está mais barato que na distribuidora. Podem acreditar! Aliás, a carta é enxuta mas diversificada e muito boa. Possuem para venda cerca de 30 rótulos, entre outras coisas.
A parte do empório é bastante sortida e vai de massas a especiarias. Eles vendem de quase tudo: bebidas, azeites diversos, geleias caseiras, embutidos variados, carnes notáveis (magret, pato, frutos-do-mar, codorna), pimentas especiais, queijos e doces. E notei um coisa bem bacana: preços muito vantajosos em relação aos delicatéssens da cidade. 😉
Saia da mesmice, aproveite a proposta e faça um almoço diferente a cada dia.
Serviço: Empório Albamonte – 203 Norte – 3033-2033.
Das 09h às 18h (Empório), 12h às 15h (Almoço).
A partir de 2a.feira (24), estaremos trazendo todas as novidades, Online, de tudo que estará acontecendo neste Mega evento da gastronomia mundial. Fiquem ligados.
Antonio Coêlho [direto de São Paulo].
E quanto maior é a garrafa de vinho melhor é o produto!
Desde a invenção das garrafas de vidro para envasar o vinho, surgiram muitas formas e tamanhos adotados pelos produtores, até os moldes atuais nos padrões bordaleses e borgonheses. Existiu tempo em que na Inglaterra era proibida a venda em garrafas por proteção ao consumidor, vez que os fiscais duvidavam da real quantidade envasada. Naquela época (iníco séc.XX) o próprio cliente levava seu vasilhame para encher de vinho. Que doideira, hein… A garrafa na foto é do famoso champanhe Drappier, de 30 Lt (40 grfs.), medindo 1,21 metros, que é produzida apenas 20 por ano!
Mas hoje usamos as garrafas de vidro com os formatos abaixo, cuja lista me foi apresentada por Raquel Alves, da confraria Amigas do Vinho e minha professora da cadeira de Vinhos, da Faculdade. Vamos a elas – anotem aí no caderninho mais esta CURIOSIDADE:
•Standard – 750ml
•Magnum – 1,5 Lt (equivalente a 2 garrafas standard)
•Double Magnum – 3,0 Lt (equivalente a 4 garrafas, apenas Bordeaux)
•Jeroboam – 3,0 a 4,5 Lt (4 garrafas – Champagne e Burgundy, 6 garrafas – Bordeaux)
•Rehoboam – 4,5 Lt (6 garrafas – Champagne e Burgundy)
•Imperial – 6,0 Lt (8 garrafas, apenas Bordeaux)
•Methuselah – 6,0 Lt (8 garrafas, Champagne e Burgundy)
•Salmanazar – 9,0 Lt (12 garrafas, Champagne e Burgundy)
•Balthazar – 12,0 Lt (16 garrafas)
•Nebuchadnezzar – 12,0 a 15,0 Lt (16 a 20 garrafas, dependendo do país de origem)
•Melchior – 18,0 Lt (24 garrafas)
•Solomon – 20,0 Lt (28 garrafas, apenas Champagne)
•Sovereign – 25,0 Lt (33,3 garrafas, apenas Champagne)
•Maximus – 130,0 Lt (173,3 garrafas – apenas 1 foi fabricada – no formato Bordeaux)
Interessante notar que a maioria dos nomes são em alusão a personagens bíblicos.
Quão santos eram estes bebedores de vinho. Amém!! 🙂
Olá amigos, a partir desta postagem inicio uma série de dez artigos de curiosidades sobre vinhos, que estão na pauta do meu atual curso de gastronomia, da disciplina de “Vinhos e Serviço”. Já adianto que serão assuntos muitos interessantes, culturais e até hilariantes, que o internauta pouco ouviu falar, e nem imagina que existam no mundo do vinho. Serão todos assuntos INÉDITOS, podem ter certeza. Assim, vamos ao primeiro:
Você sabia que… para que serve aquela reentrância do fundo das garrafas?
Errou quem disse que é para segurar a garrafa com objetivo de verter o líquido nas taças com maior facilidade.
Isto mesmo, a função das reentrâncias – conhecido como punt, em inglês – no fundo das garrafas de vinho é devido ao aspecto físico e nada mais. Advém da necessidade de equilíbrio para que a garrafa não fique bamba e tombe com facilidade, além de dar maior resistência. Toda garrafa de vinho de vidro deve ter o fundo com pequena saliência para dar equilíbrio à mesma, por isto não deve ser de fundo chato.
É certo que a partir daí surgiram inúmeras funcionalidades, como segurar a garrafa com o polegar para servir nas taças, ou armazenar o depósito das borras para que elas não se misturem ao vinho na hora do serviço. Um recente objetivo foi incorporado pelo Marketing de embalagens das vinícolas, visando dar sofisticação e visibilidade a uma garrafa, onde estão adaptando o design para proporcionar frascos mais alongados e imponentes, criando a imagem de produtos de maior qualidade.
S E N S A C I O N A L.
Esta é a única palavra para definir este vinho ÚNICO!
O Vega-Sicilia Unico foi degustado em uma prova INÉDITA em Brasília, na qual estiveram presentes quatorze felizardos, incluindo os Editores do DCV (eu e Eugênio). Posso dizer que provar não um, mas CINCO deles, de cinco safras distintas, é algo inimaginável para qualquer mortal. E imortal é este vinho, tanto que todo lançamento de uma nova safra, a primeira garrafa vai assinada pelo Rei da Espanha!
Este maravilhoso evento foi proporcionado pelo laureado jornalista de vinhos Marcelo Copello, que maestralmente guiou a prova na noite de 5a.feira, 18/08/2011. Copello veio pela primeira vez para participar da VINUM BRASILIS trazendo consigo não só a bagagem de experiências, mas ainda a primeira degustação de vinhos ícones mundiais de Brasília. Nossos agradecimentos, portanto, a este craque do mundo vínico brasileiro.
Trago a vocês as notas de degustação do Vega-Sicilia Unico, na ordem de serviço, impecavelmente executada pela equipe do restaurante Dom Francisco, da 402 Sul, que não poupou esforços em abrilhantar o jantar, inclusive usando taças Riedel para o bom andamento das provas. Parabéns!
Vega-Sicilia Unico 1999: Cor granada-rubi e o único da noite com halos violáceos. Exuberância no ataque inicial. Suaves aromas de baunilha, sendo também o único perceptível dentre as cinco safras provadas. Aroma e boca mineral. Incisivo. Médios taninos e ainda jovem [risos]. 82 meses em madeira.
Vega-Sicilia Unico 1998: Lembranças de couro e estrebaria. De início foi o preferido dos participantes, depois declinando ao da safra 1995. Aliás ambos ficaram pela disputa do melhor, se é que se pode dizer isto de cinco ampolas como estas. Na boca mais tânico, maior volume, mais longevo e estruturado que o anterior. 101 meses de barricas.
Vega-Sicilia Unico 1996: Leve presença de mentol, não tão claro nos outros quatro. Foi o que menos agradou a todos presentes, mas convenhamos, numa degustação com tantos expoentes à mesa, seria injustiça e até, leviano, se falar de pior qualidade. Certamente este exemplar se sairia muito bem se provado com qualquer outro vinho “mortal”, pois cito aqui uma frase dita pelo Copello: “este Vega de 1996 obteve [apenas] 96 pontos da critica internacional”. Daí, vocês podem tirar suas conclusões. 102 meses de barricas.
Vega-Sicilia Unico 1995: De pronto, para mim o melhor da noite! Me encantou ao primeiro gole. E posteriormente tornado o melhor para demais participantes. Quem me acompanhou nesta avaliação, inclusive foi o participante Fernando, da Grand Cru. Esta é a característica do Vega: suas nuances surgem e mudam a todo instante. É preciso sensibilidade à flor da pele. Aromas de especiarias indianas, identificados pelo companheiro Eugênio como Curry. O mais completo e pronto, ao menos para mim. Superando inclusive o próximo vinho servido: o Reserva Especial. Uma bela cor rubi brilhante. O menos tânico dos cinco; talvez pela idade?! Enorme estrutura. Equilíbrio e harmonia impecáveis. Fui aos céus! 96 meses de carvalho.
Vega-Sicilia Unico Reserva Especial: Este vinho só é produzido em alguns anos, sendo uma mistura de outras safras. A que provamos era o Especial de 1990, 1991 e 1994. Extremamente complexo, diferente dos demais. Pareceu-me um vinho calculado, como tudo é no Vega-Sicilia; um vinho feito com uma perfeição matemática, precisa. Trazia claramente a qualidade das safras anteriores. Verifiquei que na taça após trinta minutos ele cresce assustadoramente, sobrepujando toda existência anterior. Chego a pensar que se mantido assim, refrigerado, na taça, e com bom volume (120 ml), ele evolui num crescente jamais visto. Certamente um vinho para mais 30 anos de vida. Que loucura!
Para os mais curiosos, lembro que os avaliadores internacionais imputam pontuações nunca inferiores a 96 pontos para quaisquer safras deste ícone mundial. O que dizer de mim, então. Pela ordem de serviço, meus conceitos – apesar de quasi-estreante [risos] nestas mega-provas – podem ser assim definidos: 97 – 97 – 96 – 98 – 98 pontos, respectivamente. Até esta data, havia obtido conceitos tão altos para apenas uma dúzia de ampolas provadas nestes seis anos de vida enófila. Tentando conter a emoção do acontecimento: minha elevação como imortal[risos], mas sem perder a medida técnica, busquei a coerência e sensatez. E apesar deste vinho ser produzido com precisão e perfeição cirúrgica, indescritivelmente, traz a diletância na forma de líquido. Uma poesia escrita em tinta de uvas. Ainda lembro de todos sabores destas cinco garrafas – guardados na memória gustativa para sempre.
Por fim, como um bom gastrônomo, guardei um pouco dos meus preferidos para provar com o jantar (foto). Perguntem como ficou a harmonização? CELESTIAL!!! Mil vidas ao Vega-Sicilia!
De retorno dos estudos na capital da Argentina, Buenos Aires, trago muita informação, conhecimento e mais ampolas na bagagem. Além é claro de um caderno cheio de dicas e barganhas da cidade, que passo aos nossos internautas. Para início de conversa, tirei duas conclusões desta experiência:
– Los hermanos estão milhas à nossa frente em cultura gastronômica; e
– O Brasil não bebe vinho!
Estas constatações foram flagrantes e nos remetem ao volume do trabalho que temos pela frente para avançar o Brasil no campo eno-gastronômico. Todos bares e restaurantes tem uma carta de vinhos com: garrafas, taças, meias-garrafas, mini-garrafas, etc, etc…Bebem vinho de manhã até a noite! Que sonho…Tudo bem que é vinho argentino [tsk!], mas a qualidade de sua vinicultura cresce a olhos vistos. Quiz: a Argentina é o sexto consumidor per-capita de vinhos do mundo (OIV).
Nesta passagem por Buenos Aires estive no IAG – Instituto Argentino de Gastronomia, participando de curso de sete dias, em técnicas de confeitaria, chocolateria e cozinha avançada e de vanguarda. Foi um ótimo aprendizado. Vejam os locais para quem deseja fazer um passeio gourmet por Bs.As. Dicas testadas e que estão FORA do eixo turístico [risos]; comida de terra, mesmo, e de alto nível, claro!
– Raiz: restaurante de culinária contemporânea e preparos de tradições portenhas. A entrada: um mini-jarrinho de plantas com um cubinho de frango enterrado sob praliné imitando areia. É algo INIMAGINÁVEL.
– Gran Bar Danzón: lounge, bar e restaurante. Carta de vinhos invejável – consta até o enólogo de cada ampola à venda; e são centenas! Ver Foto.
– Restó: pequeno bistrôzinho de comida francesa adaptada. Peça a codorniz recheada de queijo brie e acelga. Ver Foto.
– Clasica Y Moderna: taberna argentina tradicional, com experiências de cultura literária, musical e teatral. Aqui todos são argentinos. Possivelmente irá perceber que só você é estrangeiro [rsrsrsrs]. Imperdível! Peça o Ojo de Bife com redução de vinho. Ver Foto.
– El Cuartito: não pode faltar, principalmente se comer pizzas tradicionais argentinas em pé, no balcão mesmo! Ver Foto.
– El Pobre Luis: entre as melhores Parrillas de Bs.As. Peça a famosa especialidade da casa, a pamplona (tradição uruguaia), feita com manta de filé-mignon recheada de especiarias e outras carnes, grelhada na frente do cliente!
– La Cabrera: uma Parrilla que se diferencia pelas cazuelas – 14 minipotes com salsas (molhos) – para acompanhar os grelhados. Reservar antes. Vive lotada!
– La Brigada: outra parrilla “de bairro”, mas muito frequentada (para não dizer lotada). Reservas são fundamentais p/ conseguir vaga.
– Alvear Hotel: os brunches (15:00) e chá da tarde (17:00) são clássicos internacionais. Beira à perfeição os quitutes e os serviços.
– Cumaná: outro endereço bem portenho, para refeições (cazuelas) rápidas e de “sustância”, todas deliciosas. Poucos turistas! Ver Foto.
– Sagardi: melhor restaurante de tapas clássicos do País Basco, Espanha. Funciona assim: você escolhe entre os 80 tipos de pintxos à mostra numa grande mesa alta, que são servidos em fatias de pão francês. Pintxos são as diversas maravilhas de recheios como jamón, olives, embutidos, molhos, pimentões confitados, salsichas, cogumelos, etc, etc. Deliciosos. Excelente para uma noite divertida. Para beber, servem a Sidra original da cidade basca Astigarraga, origem dos pintxos.
– Tancat: outra casa de tapas no estilo Espanha, da cozinha catalã. Você mesmo se serve no prato, com os variados tipos de tapas expostos numa barra, ao preço de 28 pesos (12 reais!!!!!). Uma pechincha se comparado aos butecos brasileiros, mas sem comparação pela qualidade e fartura da comida!
Bom, vou ficar por aqui, galera. Para mais dicas e recomendações, mandem comentários.
Na próxima postagem falarei dos Vinhos.
“Mi Buenos Aires querida, trá-lá, lá, lá…!”