Mais uma loja a promover vinhos para os festejos do Dia dos pais. Aproveitem a onda, pois é oportunidade de achar garrafas a custos diferenciados. Vejam estas ofertas da Bordeaux Casa & Vinho. Fone: 3248-7311.
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Será que os vinhos brasileiros são de guarda?
Esta pergunta fica na cabeça sempre que bebo as ampolas verde-amarelas. Parece que nossos vinhos são mais bem degustados quando atingem algum tempo de armazenamento. Melhoram depois de alguns anos. Não parecem vinhos rápidos – para beber jovens – em comparação com os vinhos pesados e de consumo imediato dos países produtores do novo mundo. Procurei os motivos para este fato e acho que algo tem a ver com nosso terroir e o clima tropical. Essa característica dos vinhos deve-se a acidez do solo e a umidade da terra? Pode ser?! Certamente um enólogo pode falar com maior propriedade, mas evidente são as provas que sempre melhoram com os anos de guarda em nossos rótulos. Exemplos não faltam para demonstrar isto.
Venho percebendo, que no estágio atual da vitivinicultura brasileira, a produção de rótulos de rápido consumo talvez não funcione devido ao nosso produto levar mais tempo para se aveludar dentro das barricas e melhor ainda nas garrafas, tornando-se mais sedoso e aprazível, ganhando personalidade após um médio estágio de guarda – diria aí de 4-6 anos. Daria nome para isto de afrancesamento às avessas: vinhos harmônicos com personalidade, concebidos para consumo rápido, mas que em verdade evoluem só com o tempo. Diferentemente dos franceses, onde concebem vinhos para serem consumidos com o tempo mas estão quase prontos quando são distribuídos – estou me referindo aos vinhos corriqueiros, não aos clássicos Grand-Crus de longa guarda. Êpah…, Antonio, você tá comparando-os aos nacionais? Não, mas que guardam certa semelhança gustativa, ah, isso lembra [risos]. E isto possivelmente esteja elevando a qualidade dos vinhos brasileiros, em detrimento de outras nações, pela tipicidade e ótimo sabor projetado dentro de nossas garrafas.
É isto mesmo, amigos enófilos do Brasil. A pergunta que martela minha mente faz sentido na medida em que venho provando vinhos nacionais continuamente. Até o momento tenho registro de provas individuais de 131 rótulos nacionais nos últimos quatro anos, além de dezenas contra-provas. Uma extensa relação que me dá uma certa condição de questionamento. Em conversas com outro enófilo e também grande provador, o amigo Renzo Viggiano, cheguei a confidenciar-lhe esta questão, com aquiescência de sua parte.
Semana passada obtive mais uma confirmação do que venho imaginando. Juntamente com os amigos Eugênio (DCV), Petrus Elesbão e Guilherme Lopes, tomei o vinho Bettú Cab.Sauvignon 2004. Um vinho de garagem, com tipicidade de terroir e que me surpreendeu pela qualidade gastronômica, que combinou com a refeição no L’Affaire. Aromas de estrebaria e couro, apesar de já esmaecidos. Um pouco alcóolico de início, mas nada prejudicial ao beber. Um produtor artista, que eleva seus vinhos à classe extrema; não que tenha sentido tudo isto dentro da garrafa. Mas definitivamente uma ampola para degustar alegremente. Na boca frutas negras e café, com torrefação. Um leve frescor tentava ressurgir. Nada mal para um vinho de 2004, quase no fim da vida. À mesa, um campeão. Conceituo de bom a muito bom. Um dos melhores brasileiros que provei. O senhor Vilmar Bettú produz em Garibaldi-RS só 500 garrafas deste achado. E assim ele leva a vida abençoada de vinicultor. Achei este exemplar numa enoteca em Bento Gonçalves, por 27 reais! Ah, se todos produtores seguissem o exemplo deste homem? Seria o sonho para todos brasileiros consumidores de vinho. A qualidade deste artista é tamanha que seus vinhos compõem a Carta do Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro.
Na próxima postagem mais comentários a respeito deste polêmico assunto.
Aguarde cenas dos próximos capítulos… 😉
Enfim, consegui realizar uma degustação que desejava há algum tempo. Com amigos da Confraria Amicus Vinum e outros enófilos irrecusáveis, realizamos uma prova às cegas de cinco rótulos nacionais da famosa safra 2005. Confesso que estava apreensivo com os resultados advindos de dentro das garrafas. Mas não é que nossas ampolas se saíram bem! Como era esperado, algum “sangue-de-boi” deveria surgir, devido à estréia meio que virgem de muitas vinícolas, aproveitando a fama e exposição de mídia desta mega safra 2005. Muitos “paraquedistas” certamente existiram mas que sucumbiram no passar destes seis anos. Os intrépidos participantes desta prova estão na foto (no sentido anti-horário, iniciando por este Editor): Renzo Viggiano, José Maia, amigo do Maia, Eugênio (editor-DCV), Ricardo Salmeron, Guilherme (Blog Um Papo sobre Vinhos) e Adroaldo. As cinco garrafas eram desconhecidas dos degustadores, pois a proposta era tomar rótulos que adquiri em meus garimpos de vinhos diferenciados.
Os vinhos, na ordem de serviço:
1. Michele Carraro Merlot – pequena vinícola de Bento, com vinhos sem madeira mantidos guardados por 2 anos no mínimo. Nada de ligação com a adega Lídio Carraro, apenas o nome é parecido. Rótulo de destaque. Ficar de olho nesta vinícola;
2. Fausto Pizzato Merlot – um vinho raso, sem destaque, simplório. A vinícola é conhecida mas o vinho nem tanto. Abaixo das expectativas;
3. Vinhas da Lagoa Cab.Sauv. – da nova região do RS, às margens da Lagoa dos Patos-PoA. Vinícola estreante na safra 2006 e que deixou a desejar (fraco).
4. Valmarino Gran Reserva Merlot – outro destaque da noite. Juntamente com o Michele Carraro foram os melhores conceituados pelos degustadores. Uma “ressonância” da Salton, com foco na pequena produção e esmerada viticultura. Nada comparado à gigante produtora-mãe. Um vinho diferenciado e ótimo gastronomicamente;
5. Dachery Millésime Blend – ficou numa posição intermediária entre os vinhos provados. Também estreante no circuito devido a safra 2005. Boa surpresa que agradou.
Esta foi apenas uma dentre as várias provas que iremos fazer da safra 2005 brasileira. É como um “esquentar dos tamborins” para o evento que está por vir – o IV VINUM BRASILIS, em agosto próximo. Provemos e aguardemos. Será um MEGA evento com a participação de vinícolas de todas as partes do Brasil, na Capital do País!!
Vou deixar aqui neste Post uma confissão [é mais uma instrução], de como é meu processo (grosso modo) de escolha de um vinho num restaurante.
1. Leio atentamente a carta do restaurante (que no caso da postagem anterior estava ERRADA, pois dizia que o rótulo era do produtor Antinori);
2. Duvide de Cartas com mais de 150 rótulos. Três coisas podem ocorrer: normalmente não existem todos em estoque, ou existem mas não há controle de qualidade de todos à venda, ou a Carta é feita p/ impressionar o cliente (não é uma Carta concebida com bons rótulos e critérios);
3. Escolho para harmonizar com a comida – isto é imprescindível, ainda que digam a você que não tem importância. Não acredite, pois quem vos fala é um futuro Chef cozinheiro profissional (héhé);
4. Escolho o tipo, também para harmonizar com a refeição. Se branco, tinto, rosé ou espumante;
5. Identifico o local de produção – daí entra um pouco de conhecimento de história (antiga/moderna) do vinho;
6. Verifico a safra de acordo com as instruções anteriores;
7. Dica importante: ao escolher brancos/rosés, peça um com preço ligeiramente mais elevado. Usualmente estes vinhos são menos importados para o Brasil do que os tintos e os melhores custam um pouco mais caro. Feito isso, pode escolher um branco à vontade;
8. Antes de pedir aquela garrafa específica, compare com outras da Carta, que reproduzem as mesmas condições que você decidiu no primeiro. Isto muitas vezes resulta efeito, quando o preço é compensador;
9. Não faça como eu (que não repito rótulos). Se você está na dúvida e não quer arriscar… arrisque assim mesmo [rsrsrs!!]. O máximo que vai ocorrer é uma dor de barriga ou de cabeça no dia seguinte;
10. Por fim, chegamos ao preço. Como normalmente conheço de antemão muitas ampolas dos catálogos que memorizo, pondero sobre o ganho do restaurante; se mais que o dobro do distribuidor, não pago! Se abaixo disso, consulto a consciência: meu saldo bancário.
11. NDA – chame o sommelier… [ risos ];
12. NDA 2 – se nada disso der certo, acesse o DCV pelo seu celular.
Sempre vocês me vêem [lêem] aqui no DCV falar sobre bons vinhos, que gostei de tal e tal ampola, etc., etc. Desta vez falarei o inverso. E é de doer no coração, especialmente no fígado [risos]. Semana passada fui a uma nova pizzaria aqui na Cidade para provar as ditas massas, muito bem assadas num mega forno a lenha, cuja torre tinha mais de 8 metros de pé direito.
Lá tomei um vinho desconhecido – vocês já sabem que não provo vinho repetido – e dei-com-os-burros-n’água. Ossos do ofício (rsrsr). O nome do rótulo: Vernaiolo DOCG 2009 (Rocca delle Macie). Um dos piores Chiantis que provei na vida – na verdade foi o pior, pois em minhas contas tomei cerca de três dezenas deles até o momento! Ácido igual limão verde. Há quem goste, enfim… Na Toscana existem muito melhores pelo mesmo preço. Garantido. As interessantes notas do aroma logo desapareceram ao provar o líquido. Não parecia estar estragado… ou talvez estivesse?… Sei lá. Mas que o negócio era ruim igual capeta, ah isso era. Nota: 80pts…e no limite! E ainda era um DOCG. Pode?! O registro da categoria deste vinho deveria ser revisto na Itália. Para o bem do fenomenal trabalho que a vitivinicultura toscana vem realizando nos últimos vinte anos.
Pois é, amigo internauta. Eis que provei mais um ótimo Pinot Noir do Chile.
O que será que eles estão aprontando nas terras andinas, hein…?!
Já não bastava os excelentes e mundialmente conhecidos vinhos; além dos carmenères, eles agora começam a criar e dar asas a esta “velha” casta, nos vales sob a cordilheira dos Andes. A pinot noir, que eternizou para o mundo a Borgonha, na França, começa a dar o ar de sua graça e delicadeza nas mãos de poucos artistas do vinho chileno.
Esta ampola do Viña Mar Reserva Pinot Noir 2008 acompanhou esplendidamente uma deliciosa refeição no Villa Tevere, em Brasília – Penne a Danielle: massa ao molho madeira e cubos de filet, com presunto Parma. Um rótulo de Viña Mar, bela vinícola situada no Valle de Casablanca, a 60 Km do Pacífico e nos pés dos Andes. Produz vinhos de colheita manual e irrigação pelo sistema de gotejamento. Esta ampola que tomei leva 8 meses em barricas, que dão perfeita aveludada no líquido. Com notas florais, café e tabaco, um aroma que salta da taça! Pura tipicidade da pinot noir. Lembra diretamente os exemplares da França; o que remete a uma produção espelhada na captura das características daquele terroir – fator inusitado e de extremo interesse, sabendo-se da complexidade de adaptação desta uva. Sabor de frutas maduras e hortelã, num corpo médio e cor vermelho rubi brilhante. Se esta garrafa é tão boa assim, imaginem que descobri que existe ainda o P.Noir Reserva Especial, cuja diferença é de 12 meses barricado. Nota: 87 pts. Preços: do Reserva, 35-50 reais – do Res.Especial, R$ 60-70. Um ótimo vinho com preço acessível.
Dias atrás provei meu El Ciprés Chardonnay 2007, o qual havia comprado há três anos e permanecia sob guarda na adega.
Qual foi minha surpresa… Provado com bacalhau, ele se saiu MUITO BEM…pois sua untuosidade, nada enjoativa e boa acidez, combinou enormemente com o peixe; que pediu mais [risos]!
Na boca, maçãs e banana bem marcante. Potente e rico. Quando comprei paguei 40 reais. Hoje vi na Internet preços abaixo de 30,00. Realmente um branco que irá satisfazer os paladares não acostumados com brancos no Brasil. Um verdadeiro campeão de custo/benefício. Recomendo adquirir em caixas! Nota: 86 pts. Ótimo também com aves e massas leves. Um branco que agradará a muitos.
A bodega Luis Segundo Correas fica em Mendoza, Argentina, e produz cinco varietais de grande qualidade, como este chardonnay. Outro vinho de ótimo preço deste pequeno vinicultor é seu Sangiovese, cujo valor é imbatível; pela qualidade demonstrada. Vale a pena dar uma provada neste também. Não perca a oportunidade.
Neste dia marcado por promessas de amor, provei um vinho memorável no Buongustaio Ristorante, localizado no Península shopping, ao lado do Deck Norte, em Brasília. Havia mais de dois anos que não visitava a casa italiana e foi boa a surpresa de encontrar o mesmo tempero e comida bem ao estilo italiano. Os pratos muito caprichados mantiveram minha preferência pelo restaurante. Agradável desde a entrada, aconchegante salão e um cardápio delicioso fazem qualquer noite inesquecível, ainda mais sendo o Dia dos Namorados (vejam na foto). Suas massas são fantásticas. Provem o gnoqui a gongonzola com bacon confit e cubos de filé – de cair o queixo!
O vinho não podia ser melhor, o Pago de Cirsus Oak-Aged 2008, de Iñaki Nuñez, famoso cineasta da Espanha. O cenário criado pelo produtor para seus vinhos fica em Navarra e caprichou na direção contratando nomes como o ex-enólogo do Chateau Haut-Brion. A propriedade estabeleceu ainda um hotel 5 estrelas com alta gastronomia, contando com uma torre datada do século XIV, do reino de Navarra. O vinho é extravagante, personificado. Do velho mundo ao estilo novo mundo. Senti notas de chocolate, leve menta e cereja. Elegância envolta num forte corpo. Não vale quanto custa: R$ 47,00 (preço custo). Isto mesmo, custo/benefício de tirar o chapéu! Esta ampola era Tempranillo/Merlot/Shiraz, com doze meses de barricas. Os blends mudam a cada safra, mas sempre mantendo a Tempranillo. Às vezes vai Cabernet ou Cabernet Franc. Um vinho pra lá de bom. Nota 89 pts. Recomendo!
Quem já ouviu falar ou viu vinho embalado nas famosas caixas Tetra pak; aquelas caixinhas de leite pasteurizado, mesmo? Algumas perguntas podem surgir aos enófilos mais puritanos, como exemplo: altera o sabor do vinho? Ou, deixa o vinho pasteurizado? Eu provei os dois elaborados pela Miolo, o Seleção e Terranova Shiraz 2009, e a impressão foi de não haver diferença substancial em relação ao produto original vendido em garrafa. Não posso garantir isto p/ vinhos de guarda ou mais refinados, etc. 😉
Antes de falarmos do comércio no Brasil, lembramos que este tipo de envasamento é bastante comum na Europa, no Chile e Argentina, Austrália, entre outros. No Chile e Argentina vinhos vendidos em Bib (bag-in-box) representam 50% do volume total. Um mercado que encontra-se em forte crescimento.
As desvantagens das caixas tetra-pak, anteriormente comentado, situam-se no campo poético da cultura do vinho, pelo simples desuso da clássica garrafa de vidro com tampa de rolha. Mas as vantagens são muitas. A embalagem bag-in-box pode armazenar 1, 3 ou 5 litros, conforme a fábrica. Seu preço é muito competitivo. O tempo de validade é outra forte vantagem do envase Bib, pois pode durar quase um mês após aberto sem perda das características do vinho, sendo muito bom para quem bebe sua tacinha diariamente. Isto ocorre porque o vinho não tem contato com o ar após aberto, pela ação de sua torneira, evitando a oxidação.
As vinícolas que mais apostam hoje no vinho Bib, são: Casa Valduga (pioneira na embalagem no Brasil), Perini, Aurora, Miolo, Aliança, Don Guerino, Dal Pizzol, SulBrasil e mais recente, as Wine Park. As outras 45 não faço menor ideia quais sejam ou onde estejam [risos]. Faça uma prova dos vinhos em tetra pak e deixe suas impressões.