Hawk Crest, a 2a. linha do polêmico Stag’s Leap

hawkcrestNão é todo dia que provo vinhos californianos (EUA) mas fiquei curioso em conhecer este exemplar da conceituada Stag’s Leap. Esta vinícola norte americana tornou-se célebre quando em 1976, com seu vinho Stag’s Leap Cabernet Sauvignon 1973 “superou”, numa degustação às cegas na França, cultuados vinhos de Bordeaux. Este episódio do mundo do vinho ficou conhecido como o Julgamento de Paris, que virou livro e filme.

O vinho que experimentei foi o Hawk Crest Chardonnay 2005. Agora feito pelo novo consórcio proprietário da vinícola do incrível Warren Winiarski (aposentado mas ainda assinando as garrafas produzidas), enólogo e filósofo da façanha de 1976. Sua pequena vinícola foi vendida em 2007 ao amigo Piero Antinori e o grupo francês Ste. Michelle Wine States. Este chardonnay lembra o Napa Valley, amadeirado e untuoso. Apesar disto nada era exagerado; o produtor conseguiu fazer algo muito bem elaborado. O preço é até atrativo (R$ 70,00) – diferente da maioria dos caro$ vinhos californianos; talvez um dos motivos do preconceito que eles sofrem…?! O fato é que tomei este chardonnay com um prato de bacalhau assado no forno. A combinação ficou “meia-boca” pela característica aromática de manteiga presente no Hawk Crest. O vinho, ficou claro, era dois níveis superior ao prato. Com boa acidez e muito gostoso, mostrou-se elegante e elaborado com esmero. Notas de abacaxi no aroma, além de uma linda cor amarelo-ouro reluzia na taça. A ampola passou no teste da idade, pois apesar de seus 6 anos o vinho permanecia leve e agradável. 88 pts. Nada mal para um vinho branco nesta faixa de preço.

Taças exclusivas e elegantes para vinho

taasvinhosCerta vez o amigo Petrus, da Confraria Amicus Vinum, perguntou-me onde arrumei as taças que ele conheceu em minha casa, ao tomar vinho. Ele tinha achado um Show (não é assim que o “formigão” Petrus fala, mas…). E realmente não conheço ninguém que tenha iguais as que achei em São João del Rei, em minha expedição pela Estrada Real (clique aqui). Só tem estas magníficas peças quem faz emocionantes “garimpos”. [risos]

As taças são realmente belas, charmosas, estilo bordalesas e com boa abertura, além de um design moderno e elegante. Perfeitas na prática degustativa, quando necessitamos de grandes volumes para arejar o vinho e abertura estreita para concentrar os aromas.

Elas são produzidas como peças exclusivas e se compõem de duas partes: o bojo, dos famosos Cristais Hering de Blumenau (SC), e o pé em estanho, usinado manualmente há décadas, pelos artesãos do estanho de São João del Rei (MG). Foi lá onde comprei estas belezas de arte. Estas são criações da fábrica de artesanato FAEMAM, que produz arte há 24 anos, perpetuando o trabalho no estanho das mãos de artesãos-mestres a aprendizes continuamente. São peças únicas e só há duas fábricas que produzem estas taças de vinho – com pés em estanho!
Um luxo, não é mesmo.   🙂

La Baume – um vinho para surpreender

labaume06Este vinho foi bebido num domingo, acompanhando uma refeição preparada em casa, naqueles dias em que você só quer curtir uma preguiça. Não que foi nossa surpresa a ótima combinação com a produção do dia: um fettuccine com molho de frango ao sugo, azeitonas e basílico, guarnecido com salada de almeirão e rúcula e queijo parmesão Reggiano; que não podia faltar, né!

O vinho era o La Baume Syrah 2006. Pronto. Cor rubi e razoavelmente encorpado. Simplesmente delicioso. Nada mal para um francês de apenas 50 reais. Isto mesmo. Um custo benefício impressionante para qualidade desta ampola do Languedoc-Rousselin, na França. Aroma de frutos negros com sabor frutado e especiarias, com longuíssima persistência. Um vinho sem madeira, 100% amaciado em tonéis de aço, resultando da valorização da fruta. Apesar da falta de estágio em madeira ele é carnudo e combina enormemente com comida.

Produzido por uma das maiores vinícolas francesas, o grupo LGCF, que tem em seu portfolio dois outros campeões de venda, o J.P.Chenet e Baron D’Arignac, que particularmente detesto ambos. Entretanto, inadvertidamente, comprei esta garrafa sem saber da origem e me dei bem [risos]. Indico aqui no Blog e recomendo a prova dos amigos internautas. Garanto: não se arrependerão – 89 pts.
Ainda tem força para mais três anos, nesta safra 2006. Inacreditável mas é verdade!

950 rótulos e contando…

Mais do que um serviço de utilidade pública, um orgulho para nós, amantes do vinho! O DCV acaba de passar por uma longa atualização na sua página “Avaliações-DCV“, sendo acrescidos mais 100 avaliações de vinhos dos mais variados tipos. Um presente ao internauta, que fornecemos com enorme satisfação e prazer [risos, +risos]. Desta forma, totalizam 950 rótulos distintos degustados e analisados individualmente por este Editor, de forma imparcial e própria, de ampolas de todas partes do mundo, a sua maioria disponíveis no mercado brasileiro.

Vejam relação dos últimos vinhos provados e suas avaliações:

N.# V I N H O Tipo Safra País R$ Nt Conceito
936 Dona Paula Estate Malbec tinto 2009 Argentina 30 83 Bom
937 Heartland Stickleback – Verdelho/Semillon/Viognier/pinotGris Branco 2008 Austrália 65 84 Muito Bom
938 Four Vines Zinfandel tinto 2007 EUA 50 84 Muito Bom
939 Quinta Dona Leonor Res. – Douro tinto 2001 Portugal 100 91 Ótimo
940 Speri, La Roverina tinto 2004 Itália 30 85 Muito Bom
941 Clos Del Rey, Jacques Montagné – Languedoc tinto 2004 França 320 96 Excepcional
942 Château Moulin-Rouge – Haut-Médoc, Bordeaux tinto 2005 França 70 83 Bom
943 Torresella, Pinot Grigio Branco 2008 Itália 40 83 Bom
944 Barolo DOCG Batasiolo tinto 2006 Itália 120 82 Bom
945 Callia Alta Shiraz tinto 2009 Argentina 70 85 Muito Bom
946 Colonia Las Liebres – bonarda   (*Gf.borgonha!) tinto 2008 Argentina 30 88 Muito Bom
947 Maximo Boschi, Merlot 100% tinto 2000 Brasil 50 85 Muito Bom
948 Maximo Boschi, Espumante Speciale Brut Branco 2006 Brasil 50 86 Muito Bom
949 Château Laroche Joubert, Côte de Bourg tinto 2007 França 80 83 Bom
950 Enate Cabernet Sauvignon Merlot, Somontano tinto 2006 Espanha 90 86 Muito Bom

Acompanhe conosco esta empolgante maratona regressiva. Vai ser muito bacana!
Não vamos fazer igual ao Pelé e Romário, que ficaram 5 jogos sem marcar, por nervosismo de chegar aos MIL gols, né.    🙂
Estamos buscando o recorde da MILÉSIMA ampola. Qual será ela, hein?!

950… 951… 952… 953… e contando!

Vinhos nacionais no Festival Brasil Sabor 2011

O Festival Brasil Sabor começa oficialmente dia 28/04/2011 em todo Brasil. A festa de abertura se dará aqui em Brasília, dia 26/4, na Faculdade IESB, para 1.000 convidados que adquirirem os ingressos, ao preço de 100 reais.

Dentre as muitas novidades deste ano 2011, teremos uma que fará os apreciadores de vinho rir para as paredes. Junto com os trinta dias do Maior Festival Gastronômico do Mundo, será realizado também o Fest Vinhos, uma promoção de vinhos nacionais lançada pelas vinícolas brasileiras Casa Valduga, Dom Giovanni, Don Larindo, Dal Pizzol, Luiz Argenta, Salton e Miolo. “Cada restaurante vai ter uma carta exclusiva de vinhos nacionais, com sugestão de harmonização, que podem ser escolhidos pelo cliente“, afirma Gilvan Pires (da Casa Valduga). Uma garrafa a mais poderá ser levada pelo comensal por apenas R$ 5,00, se for beber uma primeira garrafa durante a refeição. Um bom trabalho de divulgação das nossas vinícolas, que podem vender a preços mais condizentes com o mercado brasileiro, não é mesmo. Mil vivas à sabedoria!!

Consumidor escocês não diferencia vinho caro do barato?!

gettyimagesDeu na BBC-Brasil (ed. 14/04/11): “Estudo sugere que vinho caro é desperdício, pois consumidor não nota diferença”. Em uma pesquisa de degustação feita às cegas realizada no mês passado, tomando 578 pessoas leigas, na Feira de Ciência de Edimburgo, na Escócia, pesquisadores da Universidade Hertfordshire, concluíram que mais da metade das pessoas não conseguem distinguir se um vinho é caro ou barato apenas provando-os. O estudo indicou que entre garrafas de 5 a 30 Libras (13 a 78 reais) as pessoas deveriam indicar quais achavam caros ou baratos. Exatamente 50% dos entrevistados erraram ao identificá-los, sugerindo que para elas não importava tanto o quanto estavam pagando. Clique aqui e veja a reportagem na íntegra.

Uai, sô. Mas pelas “minhas” conclusões, certamente se verifica que o escocês não entende nada de vinho, apenas de Scotch; o bom e velho Whisky, héhéhé… Brincadeiras à parte, há certa incongruência neste levantamento. Enfim, a questão, ao nosso ver, é se o vinho é bom ou ruim, e não, se ele é caro ou barato. Fato é que, depois de provar um bom vinho, temos certeza de que jamais você irá querer beber um vinho ruim. E, em vias de regra – não sendo de forma alguma taxativo – os melhores vinhos costumam custar um pouquinho além dos de pior qualidade. Experiência própria, gente, diga-se de passagem [risos]. Não que isto seja uma verdade absoluta.

Mais um motivo para sempre estarmos atentos às experiências gustativas; provando os mais variados rótulos, etc. Muitas surpresas encontramos quando experimentamos ampolas pouco conhecidas (pelo comércio) e nem sempre fáceis de achar. Este, por exemplo, é um dos objetivos do Blog DCV: mostrar a variedade enorme de rótulos existentes e que o internauta pode, antecipadamente, provar ou adquirir.   😉

E você, o que achou do assunto?
Mande seu comentário dizendo se prefere um vinho caro ou barato, bom ou ruim!

Uma noite de relaxamento, com Vinho e Cosmos

canepaSabe aqueles dias em que você PRECISA sentar e relaxar? Pois bem, a noite passada foi uma destas; puro relaxamento. Depois de uma prova na faculdade, da disciplina de Técnicas Avançadas de Cozinha, que durou uns 30 minutos – foi mais fácil do que parecia, logo às 20:15 h. já estava de novo em casa. Não pensei duas vezes: -Vou rápido preparar uma pizza e abrir um bom vinho; nada pretensioso.

Leitores, a coisa ficou tão gostosa, tão tênue (a luz do abajur do escritório), tão… relaxante, que resolvi contar a vocês a sensação. Vocês tem que experimentar isto de vez, em sempre… [risos]. Combinando ainda melhor com este momento, digamos, íntimo de eu com eu, entrou o vinho. Áh, que vinho! Não era nenhum bam-bam-bam, safrado, e coisa e tal. Era um singelo vinho chileno, sem tanta madeira mas com uma sensação de frescor e elegância que não fosse o [meu] senso crítico daria CEM pontos naquela hora. Relaxei mais ainda com aquela bela ampola. Parece que ela surgiu no instante certo, pois o aroma de chuva; aquele de terra molhada após uma garoa, impregnou o nariz. Coincidentemente combinando com o momento. Dizem que vinho é momento – a frase caiu como luva nesta noite! Pesquisando mais sobre o vinho… E, esqueci de dizer o nome do Santo… Canepa Carmenere Reserva 2007, do Valle de Rapel. Um varietal produzido pelos descendentes de Jose Canepa Vacarezza, que deixou sua terra natal, Genova, na Itália, há mais de cem anos para se enveredar pelas terras andinas do Chile. O vinho mostra cor escura, corpo médio e longo final de boca. Café surge claramente no aroma. Ótima estrutura e muito bem equilibrado na acidez. Taninos super macios. Um vinho que desce como veludo, com bastante harmonia, pela curta passagem de 8 meses no carvalho. Recomendo a compra em caixas, pois o preço é bom (R$55). Cotei 88 pts (muito bom). Uma ampola que agradará a todos.

Enfim, resta terminar a garrafa e curtir um belo descanso. Que dia e que noite de relaxamento e boa música (ouvindo o maravilhoso Álbum COSMOS, do Queen). Boa noite a todos, e que possam desfrutar também de uma igual a essa. Bem, a esposa está chamando…, e o fim de noite parece que não será tão curto e nem tão calmo, certo…   😉

D.O.M é o Sétimo melhor restaurante do mundo!

dom-7bestQue notícia maravilhosa, galera!
Acaba de ser divulgada – nota fresquinha – a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, pela revista inglesa Restaurant Magazine. O D.O.M, do chef Alex Atala, ficou classificado entre os Top-10 da revista, numa votação entre mais de 800 jornalistas ligados ao mundo da gastronomia. Um feito para orgulho dos brasileiros! Daí, nos perguntamos: onde este homem irá parar. Sou fã de carteirinha deste paulistano que ganhou o mundo com suas caçarolas. Em 2006 visitei [por dentro] a cozinha do D.O.M e ganhei de quebra uma dedicatória do Chef em seu livro Por Uma Gastronomia Brasileira – LER. Vejam a foto da contracapa, onde diz: “Antonio, muitíssimo obrigado! Saúde+Sucesso+Felicidades, sempre com gostinho brasileiro!! Forte Abraço, Alex Atala – março.2006”. Por via das dúvidas, já tenho meu autógrafo garantido, héhé!

Junto com esta maravilhosa notícia, temos outra ENORME novidade. A lista completa, que será anunciada esta noite em Londres, traz outros dois brasileiros entre os 100 melhores do mundo: Fasano, do restauranteur Rogério Fasano, aparece na 59ª posição, e Maní, dos chefs Helena Rizzo e Daniel Redondo, na 74ª. Confira a lista completa dos Top-10 deste ano:

1 – Noma (Dinamarca)
2 – El Celler de Can Roca (Espanha) domler
3 – Mugaritz (Espanha)
4 – Osteria Francescana (Itália)
5 – The Fat Duck (Reino Unido)
6 – Alinea (EUA)
7 – D.O.M. (Brasil)
8 – Arzak – Espanha
9 – Le Chateaubriand (França)
10 – Per Se (EUA)

O D.O.M está bombando, gente. Verdadeiramente, o maior cozinheiro da história recente do Brasil. E o mais bacana de tudo isso é como ele mostra e divulga os sabores nacionais ao mundo, sempre de forma inteligente e original.

Vinhos e pratos do editor-Cozinheiro (2)

muqueca3wContinuando com o suplício aos internautas, apresento o segundo prato que preparei com um bom vinho de acompanhamento. Na verdade, a harmonização foi bem superior ao da postagem anterior, do risoto de lula. Vamos ao Menu: uma moqueca de peixe baiana com vinho rosé Paradox Mas Neuf 2009.

Preparar uma moqueca é tão fácil que ao terminarem de ler este Post, garanto que irão direto para cozinha fazer uma igual. Use peixe robalo (opc. pintado ou vermelho) em postas marinadas com limão, sal e pimenta-do-reino, por 30′. Agora vem o pulo do coelho [risos]: o leite de coco, que deve ser caseiro, natural e artesanal. Isto mesmo, faça você o próprio leite de coco. Ultra fácil. Compre cocos in natura já secos (aqueles somente com a casca dura). Para quebrar a casca dura, leve à chama do queimador do fogão e verá que em minutos a casca se partirá. Retire a carne branca do coco e liquidifique com um bocado de H2O, só para dar consistência. Peneire. Está pronto seu leite caseiro e delicioso. Isto faz a maior diferença numa moqueca, podem ter certeza! Numa panela de pedra (a original deve usar panela de barro, produzida em Goiabeiras – Vitória, ES) esquente o azeite de dendê (na capixaba não vai dendê) e faça uma cama de rodelas de cebola e pimentão. Cubra com as postas de peixe. Faça nova cama de cebolas e pimentões, usando metade do leite de coco, e deixe ferver com tampa. Após fervura acrescente fio de azeite dendê, leite de coco restante, rodelas de tomate, coentro e cebolinha, e cozinhe mais 2′. Guarnecer com pirão feito do caldo do peixe. Está pronta a moqueca (ver foto). 

Curiosidade acadêmica: a moqueca original surgiu no Espírito Santo, chamada de “capixaba” e está em vias de Registro civil, por meio de uma denominação de origem – processo que deve demandar vários anos no Brasil [risos]. Veja as Panelas de Barro da Associação das Goiabeiras (Clique Aqui).

muqueca1wO vinho: Paradox Rosé 2009 – Château Mas Neuf. Um vinho do vale do Rhône, França, produzido principalmente com casta Cinsaut (55%) e outras três. A crítica inglesa Jancis Robinson o classifica como adorável. Fruta madura no aroma e muito frescor na boca, com certa picância, o que sugere também comidas asiáticas para acompanhar. Decididamente um rosé diferente dos célebres irmãos da Provence, mas que caiu bem com a moqueca, especialmente se acrescida de boa pimenta dedo-de-moça no cozimento.