Crognolo, um supertoscano de primeira linha

Captura de tela 2013-04-21 s 15.43.30Tomei este clássico de Chianti ano passado e voltei a prová-lo em 2013. Mostrou-se IMPECÁVEL. 
Estou a falar do CROGNOLO IGT 2008, da Tenuta Sette Ponti, considerada uma das três melhores vinícolas da região da Toscana, na Itália. A propriedade foi adquirida por 
Alberto Moretti em 1957 mas só tornou-se notória com seu filho Antonio Moretti, que contratou ninguém menos que o enólogo Carlo Ferrini para produzir vinhos a partir da década de 1990. Deu certo! Hoje além do Crognolo a casa faz o igualmente bem criticado ORENO – outro sucesso vitivinícola.

O Crognolo leva em sua composição basicamente a Sangiovese, mas ainda, 10% Cabernet e 10% Merlot, que o suavisam esplendidamente. Esta safra produziu só 7.000 grfs. A primeira safra de 1998 foram apenas (800 gfs)! A prova foi muito bem recebida. Nariz bem aromático em cassis e mentol. Na boca pura elegância com taninos vivos e nada agressivos. Especiarias também surgem com cerejas. De corpo médio e uma cor violácea/rubi – denotando estar jovem – possui ótima estrutura e uma acidez viva, o que cabe perfeitamente com vários tipos de refeições. Tanto que para ele preparei um clássico Ossobuco fiorentino com talharim ao sugo e limão italiano (foto). Combinação suprema.
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Um vinho fabuloso desta maravilhosa vinícola. Nota: 92 pts. Este rótulo, inclusive, aparece no Guia de Neil Beckett – “1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer”. E concordo plenamente com eles. Este ao menos já provei antes de minha partida para o além!

Elena Walch, um Gewürztraminer de origem

Gostaria eu de iniciar este artigo falando da origem italiana da uva gewürztraminer… Por ela ser autóctone da comuna de Tramin, no alto Adige, na Itália, etc… Que a Alemanha apenas expandiu sua plantação e fez o sucesso desta deliciosa casta, e blá, blá, blá. Bem, isto também é um bom começo para conhecimento geral dos leitores.

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Mas o que me leva ao tema deste artigo é a minha dúvida atroz, que por raríssimas vezes me vi num dilema. Ao provar este vinho, de uma produtora reconhecida na produção deste branco típico, encontrei-me numa sinuca-de-bico, numa verdadeira encruzilhada de pensamentos. O vinho era o Gewürztraminer Elena Walch DOC 2007, provado numa degustação técnica com amigos da Confraria Amicus Vinum, há duas semanas. Confesso que estava ansioso por provar este branco autóctone da Itália.

Indo direto ao assunto, ao terminar a degustação não sabia se conceituava o vinho com 90 ou 84 pts? Isto raramente acontece comigo. O vinho tinha cor palha-amarelo brilhante. Bonita. No aroma começaram as dúvidas. Era aromático mas não tanto quanto seus pares alemães. Talvez a idade o tenha esmaecido. A prova da boca foi ainda mais difícil. Vieram lichias e também rosas. Uma tipicidade incrível, talvez característica desta casta na terra natal. Mas veio também um dulçor nada agradável para um vinho seco – esperava mais seco, parecido aos alemães. Ele apresentou certo gosto verde; um amargor que não chega a prejudicar o vinho, pelo contrário, o torna bem autóctone. Enfim, para ser razoável na análise e usando o bom senso, resolvi chegar aos 87 pts. Na média, hein!  😉  

Se você já provou este vinho, pedimos encarecidamente sua opinião para ajudar na avaliação desta ampola. O DCV e demais internautas agradecem.

Lunta, uma incrível barbada!

Para acompanhar uma Bruschetta a Caponatta, feita rapidinho hoje, abri um daqueles vinhos do segundo lote de argentinos de autor; produzidos em pequenas vinícolas artesanalmente – que já havia comentado aqui no DCV, com enorme prazer (clique no artigo).

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O vinho era um LUNTA Malbec 2009. Há pelo menos dois anos venho fugindo da produção “standarlizada” dos malbecs argentinos, com seus enjoativos banhos de madeira, açúcar e álcool. Tarefa difícil, eu sei, mas tem sido compensadora e de agradáveis surpresas. Este exemplar é de produção da Casa Mandel, feito pelo enólogo Santiago Mayorga, usando vinhedos de pé franco de 60 anos em Lujàn de Cuyo, a 1.000 m de altitude. Apenas 6.500 botelhas, que são extraídas de 65% de barricas francesas, depois de 14 meses de maturação.

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A prova foi surpreendente; valeu o garimpo e a pesquisa! Aromas de amora e baunilha, com muito frescor. Algo bem rústico, denotando grande tipicidade. Madeira…? Tão discreta que só acentua a qualidade vitivinícola do produtor. A cor violácea ainda lhe dá alguns bons anos de vida, mas pode ser tomado agora. Inacreditável o preço: apenas 60,00. Minha Nota é fácil, assim como ele, fácil de beber: 89 pts. Coisa de quem sabe o que faz – repetindo o que havia dito no meu artigo acima indicado. Um vinho que vale cada centavo!

Châteauneuf-du-Pape 2005 Le Cailloux – O Papa

Em homenagem ao Papa Francisco, bebi um verdadeiro vinho do Papa, e diga-se de passagem, ajoelhado!  😉

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O Châteauneuf-du-Pape 2005 Le Cailloux, do casal Lucien e André Brunel está estupendo. Uma verdadeira “santidade” entre os chateauneufs que já provei. A familia já produz vinhos há pelo menos três séculos! Este Chateauneuf-du-Pape foi produzido com 65% Grenache, 20% Mourvèdre, 12% Syrah e 3% outras 10 cepas autorizadas. Aroma frutado, com notas de ameixas pretas, tabaco e alguma especiaria, inclusive olivas. Na boca harmonioso e vibrante. DELICIOSAMENTE vibrante. Esta safra 2005 foi considerada a melhor desta ampola, batendo outras grandes safras. Tanto que alcançou ótimas avaliações de especialistas, e este que vos fala é mais um a somar no coro! Nota: 92 pts. O vinho tá pronto. Mas segue evoluindo por mais 7/8 anos, fácil. Não tem um longo final de boca devido suas caractarísticas, mas é impossível esquecê-lo. Impressiona a cada gole, pela forte estrutura e elegância. RECOMENDADÍSSIMO.

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Este belo chateauneuf da Provence foi combinado com um Filé à Danielle magnífico do restaurante La Chaumière (408 Sul), cujas caçarolas continuam a surpreender como as melhores de Brasília nesta modalidade de refeição. Muitos podem até tentar, mas poucos conseguem competir com a impecável execução do Chef Severin, que há 40 anos prepara esta verdadeira iguaria francesa.
Por fim, Mil Vivas ao Papa e ao fantástico Chateauneuf-du-Pape Le Cailloux 2005.

ZOUN inaugura na 404 Sul

Nesta 2ª feira (18) foi inaugurado oficialmente o restaurante ZOUN (diz-se zóuin, e significa “viver” em grego), do restaurateur Flávio Alves. O restaurante abriu as portas em dezembro de 2012, mas só agora funciona a pleno vapor. Especializado em cozinha contemporânea, a equipe de Flávio montou um cardápio recheado, indo desde petiscos com molhos cajuns e creoles até o confit de pato. Seu prato predileto, diz o dono, é o frango Marsalla (42,00), que era preparado por sua mãe na infância, e que está inserido no Menu. A carta de vinhos (em parte montada pela Decanter, assistida por José Filho – na Foto com Flávio) é abrangente e conta com 170 rótulos bem distribuídos entre países produtores e nos preços, partindo de 50,00 a garrafa. Uma decoração leve, meia-luz e detalhes em madeira aparente garantem conforto, harmonia e sofisticação ao ambiente.
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No evento de inauguração provamos cinco vinhos (Decanter), entre os quais destaco o delicioso branco Loureiro Muros Antigos 2010, vinho verde DOC, do Minho, com notas de maracujá e perfeita acidez, que casou muito bem com o Bacalhau Fábio Jr – um bolinho gratinado em formato inovador de galet. Vale a pena!
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Serviço:
ZOUN Cozinha contemporânea – End: CLS 404, Bl. B, Lj. 27  – Fones: 3223-0403.
Abre de 3ª. a Domingo, para almoço (até 15h) e jantar (até 24:00).

Novo GO-Live do novo DCV

Olá leitor e internauta,
Parceiros e amigos,

É com enorme alegria e satisfação que anunciamos o lançamento do novo portal
Decantando a Vida, o seu Blog de vinhos na Internet.
Agora mais prazeroso, prático e moderno.
Depois de longos dias em hibernação, voltamos às nossas atividades,
com Postagens ainda melhores e mais informativas para você
que é aficionado e apaixonado pelo mundo do Vinho!

Aproveite esta nova safra 2013 do DCV.
Boa leitura e diversão. O Tim-Tim é por nossa conta… 😉

Os Editores:
Antonio Coêlho   |   Eugênio Oliveira

 

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Torcello Espumante Brut

Este ótimo espumante brasileiro foi provado numa degustação na churrascaria Fogo de Chão, em Brasília, e impressionou pela qualidade e sua persistência na boca. Mostrou boa perlage, finas e recheadas borbulhas. Não faz feito a qualquer outro espumante ou champanhe. Na boca austero na medida, com acidez equilibradíssima. Super recomendado! R$ 42,00 – Adega Brasília (405 Norte – 3340.2936).

Bacalhau mediterrâneo com ótimo Sauv.Blanc

Vou contar a vocês outra peripécia pelas panelas da minha cozinha. Foi neste domingo pós-feriado de Finados. O preparo foi um delicioso bacalhau. Título: Bacalhau aromático em lombos no papelote, sobre cama duo de batatas. Abaixo mostro a sequência da receita para aqueles que desejarem agradar aos seus companheiros, ou fazer bonito aos amigos, ou ainda, usar como acompanhamento de um belo vinho numa tarde de verão…[risos].  😉

O vinho – já comentado aqui – foi o Sauvignon Blanc Wild Rock, da Nova Zelândia, que se comportou muito bem com o Papelote de bacalhau, pois o mesmo estava ao nível do mar, de tão fresco e saboroso. Na receita uso bacalhau totalmente dessalgado (comprado pronto direto de Portugal), em suculentos lombos praticamente frescos de 350 gramas cada. O preparo é ao estilo mediterrâneo, deixando transparecer todo aroma e sabor do mar. Depois de assado ao forno por 30 minutos dentro do papelote de alumínio, temperado com 5 especiarias, o mesmo deve ser aberto somente pelo comensal, na hora de servir.

Os aromas ficaram incríveis, e o sabor, então, de comer de joelhos! Ao menos foi esta a impressão dos “pobres” gourmets convidados para esta refeição. Perguntados sobre qual preço pagariam pela experiência, responderam: “um prato digno de 90 reais no mínimo“. Ah, disseram tb que “não há restaurante conhecido que reproduziria uma receita tão especial como esta“. Qual não foi meu contentamento, hein…Fui pra galera…héhéhé!

 

Vinhos argentinos diferenciados e uma mega noite!

DegARG1Semana passada chamei alguns amigos para abrir aquelas ampolas diferenciadas que trouxe da Argentina, e ofereci numa noite típica, com direito a Parrilla no estilo portenho. Os vinhos provados estão na ordem de serviço abaixo. Além das carnes da Parrilla, foi servido ainda completos acompanhamentos como vinagrete e farofa, autênticas empanadas de frango, calabresa e tomates. Primeiro fizemos a degustação dos CINCO vinhos da noite como manda o figurino (em taças ISO). Depois foi servido o jantar com os Bifes de Chorizo e Bifes Ancho, que todos se deliciaram. Participaram da degustação: Antonio e Márcia, Bodani e Marina (a fotógrafa que registrou o evento), Nilzélia e Tadeu, Heriberto e Roberta, a Chef Renata e Wang TS, e o amigo Germano.

Coquena Rosé 2011 – vinho forte, meio adocicado, quase combinando com algumas carnes servidas no jantar. Produzido em Salta, bem ao norte da Argentina e fora do circuito usual de Mendoza. Feito de malbec e um fabuloso projeto de um dos maiores enólogos, o Marcos Etchart, com só 14mil garrafas. 85 pts. El Peral 2011 – um dos preferidos da noite, escolhido segundo melhor para vários degustadores. O mais europeu dentre todos! Varietal malbec e nada de madeira – só três meses que lhe rendeu uma harmonização perfeita na acidez! Muito equilibrado, com suavidade flora da pele. Tido pela maioria como “super estiloso”. Safra muito nova; vai evoluir muito bem por mais quatro anos! Criação do enólogo Rafael Rutini. 89 pts. Piedra Parada 2007 – um dos vinhos mais austrais do planeta – fica no Paralelo 42g S, na região de Chubut, Patagonia. Esperava mais deste vinho, mas decepcionou um pouco. Diferente blend de Merlot e Pinot noir, sendo produzido organicamente com tiragem de apenas 6mil garrafas. Tido como pior da noite, 84 pts.
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San Pedro de Yacochuya 2008 – um corte de Cabernet Sauvignon (85%) e malbec (15%) feito por M.Etchart, a 2035m de altitude em Salta (Cafayate). Impressiona o teor alcóolico (15,4%) plenamente integrado aos 12 meses de barricas. Um vinho que desce redondo, já pronto, mesmo merecendo alguns anos a mais de guarda. Foi um dos escolhidos da noite por três participantes: 90 pts. Yacochuya 2007 – o top da vinícola de M.Etchart, com assinatura do francês Michel Rolland. A prova comprovou os alertas: estava muito novo, pois trata-se de um dos poucos brilhantes argentinos de guarda. Puro malbec e 18 meses amadurecendo em barricas lhe dão força para anos, senão décadas de descanso. Mas provou ser harmonioso e elegante; bem diferenciado entre seus pares argentinos opulentos e sem espírito. Repetindo o San Pedro, termina com 15,3% de álcool muito bem integrados e despercebidos na boca, 91 pts. Três participantes o escolheram melhor da noite, apesar de quase todos concordarem de sua selvagem jovialidade! Resta agora provar o útimo lote de rótulos argentinos diferenciados, de autor e artesanais, que trouxe na bagagem de viagem. Em breve estarei relatando sobre eles aqui para nosso leitores.

Faldeo del Epuyén, o branco inusitado da Argentina

Voltando aos comentários sobre as ampolas trazidas de Bs.As., partimos de um vinho totalmente diferente de seus pares de Mendoza ou Córdoba; longe disso. A começar pela região de produção, que situa-se no local mais austral do planeta, entre os paralelos 43-45 graus de latitude sul. Só comparado a região de Central Otago, na Nova Zelândia, do outro lado do globo.
 
Faldeo del Epuyén Chardonnay-Riesling 2009, este é o nome do vinho argentino sem comparações! Sua cor amarelo com fios dourados o torna diferente de tudo que vi por aquelas bandas. Límpido e brilhante, o visual já instiga a curiosidade. Austero no nariz mas incrivelmente intenso na boca. Aromas de cítricos, mel, pera (bem pouco). Floral e com notas minerais. A prova gustativa é seu ponto forte. Seco, de uma acidez marcante e equilibrada no álcool. Fresco e cativante. Persistência com gosto de quero mais. Quem produz esta maravilha de branco é o competente enólogo Darío Maldonado, que faz vinhos encantadores na região fria de Chubut, Patagônia. Bodega Patagonian Wines by Weinert. Tiragem só de 3.000 garrafas e sem passagem em madeira, claro! O blend é de 70% chardonnay e 30% riesling, que dá o toque gustativo aromático. Nota 88 pts. O nome quer dizer: Encostas do [lago] Epuyén.
 
Um vinho branco de pequena guarda; raridade neste país. Tanto que pode ser aerado antes de beber e melhora mais e mais com tempo de taça. Mostrou-se bastante versátil com comida, podendo ser combinado tanto com carnes suínas e codornas, quanto com frutos-do-mar, paellas ou saladas bem temperadas. No meu caso, provei-o com uma magnífica Paella valenciana, de frutos-do-mar (não fiz a autêntica paella de coelho, por não ter achado os roedores à época), que preparei num almoço em família (fotos). Nem preciso dizer como ficou delicioso o prato, certo.  🙂