Editor do DCV analisa vinhos p/ revista Prazeres da Mesa

Na última edição da Vinum Brasilis 2012, este editor que vos escreve participou do juri da revista Prazeres da Mesa, que se encarregou de analisar os lançamentos dos vinhos deste ano das vinícolas convidadas. Foram 25 vinhos expostos aos crivo de um juri composto por 14 enófilos e sommeliers. Em 4 páginas (136-139) a matéria publicada neste mês de setembro e intitulada, pelo editor Horst Kissmann, de “Jovens Promessas”, lista todos os 25 vinhos provados, classificados pela média das notas dadas pelos provadores.

Confesso que foi uma experiência interessante minha participação neste evento. Os vinhos foram analisados às cegas, na sequência de 6 espumantes, 5 brancos e 14 tintos, das mais variadas características e procedências. A única coisa em comum entre todos era o fato de serem o primeiro lançamento do ano de cada uma das vinícolas participantes.

É claro que minhas avaliações individuais tiveram algumas notas parecidas e outras nem tanto, com a média global. Entretanto, submeto a vocês os cinco vinhos lançados este ano e que, na minha opinião, foram os melhores entre os 25 provados, e devem constar em suas adegas de ampolas nacionais. Eles estão na ordem de pontuação conforme as notas da minha ficha de avaliação original fornecida no evento da revista Prazeres da Mesa. Os mesmos encontram-se à venda no mercado para vossa escolha.


Fotos (começando acima a esquerda): 1.capa da matéria com o nomes dos jurados; 2. jurados durante a prova; 3.minha mesa de trabalho com a ficha de avaliação, 4.matéria da revista com as notas dos vinhos. 

Minhas notas individuais, a partir da esquerda: Dona Bita (90pts), Don Guerino (89pts), Gerações Salton (88pts), Almaúnica (85 pts) e Antonio Dias Merlot (85 pts).
PS: as notas médias finais dos jurados estão publicadas no alto de cada vinho, em vermelho.

La Bodega del Pintor, uma vinoteca diferente em Buenos Aires

Eis uma dica de compras de vinhos em Buenos Aires: La Bodega del Pintor. Uma enoteca que vende vinhos diferenciados, de autor, vários de butique, e que fogem dos padrões comuns dos vinhos argentinos. Um dos proprietários é o artista plástico Julián Bernateneum homem de visão e excepcional conhecimento de vinhos do País. Excelente local para escolher vinhos realmente de qualidade e não mercadológicos. Lá, inclusive, são lançados alguns dos melhores achados, em degustações disputadas e aclamadas.

Abaixo, temos os vinhos escolhidos na loja, exceto os dois últimos, que adquiri em Colonia del Sacramento, no Uruguai, que também são Tannats raros só encontrados naquela região. A embalagem foi feita manualmente, pelo próprio artista plástico, que é pintor e escultor. Em breve oportunidade apresentarei a vocês as impressões de degustação destas ampolas. Por enquanto encontram-se sob “custódia” [risos]. Na sequência das fotos, temos: Yacochuya Malbec Top da vinícola (feita por M.Rolland); San Pedro de Yacochuya Blend (mesma bodega); Piedra Parada (de Chubut); El Peral Malbec; Lunta Malbec (Roberto La Mota, um dos mais respeitados enólogos argentinos); Malamado (considerado melhor combinação p/ chocolate que provei); Faldeo del Epuyén Chardonnay-Riesling (também de Chubut – tido como o vinho mais Austral do planeta); e Coquena Rosé.


Nesta pequena casa ouvi um comentário que comungo como verdadeiro e serve de lição para muitos vinicultores brasileiros. Disse Julián: “-Tenho na loja grandes vinhos produzidos artesanalmente mas de forma profissional. Nada feito como amadores – no sentido pejorativo da palavra, se vocês me entendem. Pelo contrário, vinhos criados por quem conhece e entende muito do assunto.” Sabedoria pura, que concordo plenamente. Parece que ele leu meus pensamentos. Como encontrei este endereço escondido no meio da cidade? Grande indicação da sommelière Gabriela Lafuente, do restaurante El Baqueano, já comentado aqui no DCV.

Serviço: La Bodega del Pintor – San Telmo, Carlos Calvo #420 – (5411) 4362-5186 – B.Aires.

El Baqueano, o grau máximo da gastronomia Argentina

Uma festa de sabores e sentidos foi o resultado de nossa experiência na última passagem pela capital portenha. Já não fosse a alta gastronomia praticada na cidade de Buenos Aires, descobrimos o seu mais elevado nível de culinária, executada no limite da perfeição.
Este restaurante pratica uma gastronomia de autor com pratos portenhos sobre técnicas culinárias contemporâneas, usando sempre carnes autóctones e, às vezes, exóticas para alguns. O grau de qualidade impressiona tanto nos preparos quanto na apresentação. O Menu é no estilo degustação, servido em sete etapas.

Funciona assim, o comensal encontra a sua disposição um cardápio fixo (o El Baqueano só trabalha com reservas), que pode ser harmonizado com vinhos, ou não. Ele muda conforme escolha do Chef-Proprietário Fernando Rivarola, que geralmente ocorre a cada mês, ou depende das estações, do fornecimento das carnes e dos insumos disponíveis. O Chef Rivarola aplica técnicas da cozinha molecular e das desconstruções vanguardistas, para transformar em nobre delicadeza os pratos rústicos do interior da Argentina, resultando em prazer e sabor inimagináveis!

A harmonização com vinhos é um dos pontos fortes do Menu – e não podia ser diferente, não é mesmo, devido ao tradicional conhecimento e consumo de vinhos de nossos hermanos [risos]. A carta e harmonizações são de responsabilidade da simpática e competente sommelière Gabriela Lafuente, que testa inicialmente uma dúzia de ampolas com cada prato criado pelo Chef da cozinha. Só então, aprovados, eles tornam-se parte do Menu da vez (ver fotos dos vinhos). Nossa colega Gabriela orgulha-se inclusive de rotineiramente fazer estágios na adega do restaurante D.O.M., em São Paulo. Por curiosidade e brincadeira, questionada sobre o porquê do Brasil, ela respondeu enfática: “-Aqui [na Argentina] temos muita teoria e ciência enológica mas pouco conhecimento diversificado de vinhos como no Brasil. Por isso mantemos este intercâmbio com o DOM (de Alex Atala), e também por ser parceiro de eventos do Chef do El Baqueano.”. Vivendo e aprendendo, hein!

Voltando às delícias que aportaram em nossa mesa de jantar, vou explanar sucintamente a vocês o elaborado cardápio. Foi um menu de sete etapas (fotos na sequência): 1. Consumê divino com Quarteto de texturas de batatas; 2. Salada escabeche com paleta de Vizcacha (um roedor da Patagonia); 3. Coxinha de Jacaré; 4. Versão pessoal da Moussaka com coelho selvagem e batatas crocantes; 5. Javali com arroz dos andes e ovos pouchê; 6. Peras em 5 texturas com chocolate e sorbê de pinacolata; e 7. Creme de queijos com duo de castanhas e sorbê de torrontés.
 

     
Localizado no boêmio bairro de San Telmo, escondido do jeito que hoje está, tenho para mim como o melhor restaurante da Argentina. Mil vivas à minha esposa Márcia que desta feita o garimpou para nossotros, héhé! Não percam a chance de visitá-lo na primeira oportunidade.

Era dos Ventos MERLOT: entre os melhores vinhos tintos brasileiros ?!

Esta foi a pergunta que fiz ao Zanini e Álvaro, ambos criadores deste espetacular vinho nacional!

Para minha felicidade, o Vinum Brasilis 2012 trouxe outra enorme surpresa – e que sorte a nossa que foi apresentada ao público no movimentado estande do DCV; bombou de tantos curiosos participantes. Os produtores poetas dos vinhos Era dos Ventos, desconhecidos do grande público, apresentaram pela primeira vez sua produção do vinho tinto, que para mim configurou-se no melhor tinto brasileiro que já provei. Como já confessei aos internautas em postagens anteriores, tenho em meus registros mais de 170 rótulos nacionais analisados individualmente (um ranking pra lá de respeitável [risos]), todos publicados na página “Avaliações-DCV“.
 
Era dos Ventos MERLOT 2007 – esta magnífica ampola tem de tudo para se tornar um grande vinho. Aromas intrigantes de terra e frutas maduras; selvagem. Taninos presentes que não prejudicam o todo mas lhe dão a dureza para ampla longevidade. Cor rubi-violáceo, mostrando qualidade de vinho novo apesar de seus cinco anos. Personalíssimo e com tipicidade à flor-da-pele, é daqueles produtos de terroir flagrante, algo que experimentei em poucos, como no Bettú Cabernet Sauvignon, no Merlot Terroir Miolo e no Lídio Carraro Tannat Grande Vindima. Por ser uma vinícola artesanal este exemplar foi produzido quase em escala de colecionador, com apenas 250 grfs. Assim, o preço também reflete esta escassez: algo em torno de 230 reais. Fora da realidade, claro, mas quem sabe eles resolvam entregar ao Brasil umas milhares em pouco tempo…sonhar é preciso!!
 
Ele é hoje em minha humilde opinião o melhor vinho tinto produzido no Brasil, com um conceito Ótimo, na escala de categorias do DCV. Por fim, em detrimento dos diversos vinhos expostos na Feira e no estande DCV, fui compelido a confidenciar sobre esta ampola que me causou enorme surpresa! Gostaria de, num futuro próximo, voltar a provar este achado, e que possa novamente compartilhar com vocês a respeito de seu valor e qualidade ímpares. Só o tempo dirá se fui acertivo ou se foi apenas uma empolgação de primeira prova. Aguardo ansioso nova oportunidade… Isto é, sim, uma cutucada direta aos produtores Zanini e Álvaro [risos]. 😉
 

Degustações paralelas no Vinum Brasilis 2012

Ainda sob o efeito inebriante desta inesquecível festa do vinho brasileiro, conto a vocês alguns outros eventos paralelos que ocorreram na Capital. Um dos grandes marcos – no meu caso particular – foi a incrível degustação propiciada pelo amigo Marcelo Copello, do Rio. Ao chegar em Brasília Copello trouxe de sua adega particular três preciosidades (duas totalmente raras nas bandas do Brasil). Numa noite regada a jantar com nossas esposas (Renata, do Copello, e Márcia, mulher deste Editor que escreve), além da companhia do parceiro Eugênio, provamos “coisas de outro mundo”… Obrigado, Copello [risos]. As ampolas da noite foram:

De Bartoli Vecchio Samperi Riserva 
20 anos – uma raridade produzida na Sicília, sul da Itália, cuja cor lembrava literalmente suco de tamarindo (foto da taça acima). Uma cor intrigante, que para os desavisados resultaria em um vinho estragado (oxidado). Mas o vinho estava inteiro, íntegro. Da cor verdadeiramente marrom, caramelo em ponto de bala, como dizemos na gastronomia. Não se enganem, pois é um vinho branco. Curiosamente, a impressão de adocicado fica só no nariz, pois na boca tudo muda de figura. Este fantástico branco é quase austero; seco, mesmo! De acordo com o Copello, que o garimpou em suas viagens pela Itália, sua produção é artesanalmente feita com paciência de Jó: são 20 anos de maturação em barricas, antes do engarrafamento! Lembra até um Marsala, mas bem diferente no paladar. Amei o vinho, em todos seus quesitos.
     
RoymeniΣΣa Organic 2003 – vinho do norte da Grécia, mais precisamente da Macedônia, produzido com a uva autóctone Negoska, uma parente da Xynomavro. Um vinho tinto totalmente diferente dos demais gregos que já provei. Aromas de iodo e leve especiado. Não sabemos de onde surgiu ampola tão rara e inusitada. Delicioso no paladar de frutas vermelhas, com estrutura e tipicidade, chegando a lembrar os vinhos feitos de baga portugueses. Elegantíssimo!

Pintas DOC 2001 – por fim provamos este clássico de Portugal. Um vinho carnudo, forte, de pesado corpo. Maravilhoso no aroma e sabor. De final longo. Foi encerramento com chave de ouro deste encontro regado a muito pate-papo e troca de experiências que jamais esquecerei.

Sottano e Judas em Brasília

Mais uma vez o restaurante Francisco, do Clube ASBAC (Brasília), foi palco de excepcional degustação. Desta vez o mestre sommelier Paulo Kunzler trouxe os vinhos da bodega argentina Sottano. Foram apresentados cinco rótulos da marca pelo representante Sebastian Olalla. Para vocês terem uma ideia a bodega faz parte do distrito de Perdriel, na Argentina, reconhecido como uma das melhores regiões de Mendoza.

Contando com vários participantes conhecedores “de peso” como, Rodrigo Leitão (Blog do Rodrigo), Liana Sabo (Jornal Correio) e o próprio Chef Francisco, os vinhos agradaram pela consistência e elegância, algo já notado por este Editor que vos escreve. Aliás, a escolha desta vinícola foi mais um achado do amigo kunzler, que na minha humilde opinião é um dos maiores “faros” para grandes vinhos de Brasília.
As provas das ampolas estão abaixo comentadas. Vamos a elas:

1. Sottano Clássico Cabernet 2011: aberto, frutal, leve cassis. Cor violáceo e médio corpo, com poucos taninos. Passa 8 meses em barricas, que lhe dá boa estrutura e sabor. Preço: R$ 27,00.
2. Sottano Reserva Cabernet 2009: um nível acima do clássico. Aromas ainda fechados de ameixa e estrebaria, com especiarias. Cor atijolado com halos violeta. Corpo de médio p/ pesado. Bons taninos lhe dão uma evolução para mais cinco anos, fácil. Um excepcional vinho para faixa de preço: 41 reais. Incrível. Dá para comprar em caixas. Após meia hora na taça o Chef Francisco observou a espantosa evolução na complexidade dos 12 meses de barricas.
3. Reserva de Família Malbec 2008: ainda alcóolico merecendo mais de uma hora de aeração. Mas mostrou a força da elegância dos Sottanos, que com ótima estrutura e harmonia agradam logo de cara. Aroma predominante terra molhada com taninos deliciosos pela maciez. Impressionou o longo final de boca. Preço imbatível de 71,00!

4. JUDAS Malbec 2007: o nome foi dado devido a uma curiosa história que um dos irmãos da bodega produzia o vinho experimentalmente sem contar aos demais membros da família. Daí quando descobriram o batizaram de Judas. O melhor produto da Sottano, só feito com videiras de mais de 75 anos, com reduzida tiragem: apenas 5.000 gfs/safra. Um vinho fabuloso, muito estruturado e elegantíssimo, nada lembrando os clássicos malbecs argentinos de outrora. No estilo bordalês, esbanja harmonia entre taninos e carvalho. Avaliei com 93 pts. de altíssimo nível. Uma agradável DESCOBERTA! Preço pra lá de bão: 174 reais na revenda MaxBrands.

Éléphant Rouge: o vinho de terroir que desejamos

elerougePara este inverno e lembrando de nossas tradicionais festas de São João, vem à mente mostrar mais uma vez produtos da terra; vinhos nacionais, e que valem a pena serem divulgados. Voltei a tomar esta ampola recentemente e a recomendo, sem-medo-de-ser-feliz. Um nacional autêntico, de terroir! E o preço, Antonio? Não se preocupem, honestidade até neste quesito de terroir: 40 mangos, muito bem pagos e com gosto de comprar mais. Mas infelizmente não para todos – e nem por isso o produtor “baixou o nível” e sucumbiu às especulações do mercado – pois sua produção é de autor.

Estou falando de um exemplar digno do Brasil, cuja produção é tão esmerada quanto artesanal (apenas 2.000 grfs/ano). Seu nome é Éléphant Rouge 2008. Um vinho fácil de beber e de ótima performance, para o preço pra lá de honesto! Produzido pelo francês Jean C. Cara, radicado no Brasil, e que optou por imprimir um estilo europeu em suas ampolas fabricadas no RS. Acertou em cheio e também na mão. De cativante aroma, na boca confirma elegância e delicioso sabor. Um corte inusitado mas muito bem integrado:bruscheta1Cabernet, Merlot e Pinotage. Onde achar: diretamente na vinícola – www.elephantrouge.com.br.

Uma decoberta do site DCV e que orgulhosamente ganhou fama pelo País (ver artigos anteriores). Não perca esta oportunidade deprová-lo. Desta vez provei-o com uma deliciosa bruschetta pessoal coberta com caponata legítima italiana também de minha autoria. Mas outra boa combinação com o vinho é uma fondue de carne, ou uma boa carne grelhada.

E continua a maior expedição de vinhos do planeta – WWA

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“…Retomamos o caminho dos vinhos após dois meses de espera pela chegada do motorhome nos Estados Unidos, e começamos nossa maratona etílica pela região de Santa Barbara, Califórnia…”
. E assim começa o recente artigo postado no Site do WWA, que o DCV está acompanhando de perto. Vejam abaixo a segunda parte da entrevista cedida ao DCV, pelos desbravadores Horácio, Curuma e Natália, cuja primeira parte já foi publicada antes deles transportarem o trailer por navio ao EUA (clique aqui).

DCV: Quanto tempo durará a expedição?

WWA – “Dois anos e meio. Janeiro de 2012 a junho de 2014.”

DCV: Ficamos curiosos como é feito o transporte do motor home de um continente a outro? A operação é complexa?

WWA – “Conforme explicado anteriormente, o motorhome será colocado no navio e a família Barros vai de avião. A operação de deslocamento do motorhome em navios é complexa e nem sempre o planejado ocorre, pois a diferenças de datas de chegada a cidade portuária com a chegada do navio. Além, como a carga é especial, e o motorhome não cabe em um container, o espaço necessário é maior, bem como o custo. Perdem-se muitos dias para arrumar a papelada tanto para embarque como para o desembarque.

DCV: até o momento (25.000 Km percorridos), quais os maiores “apertos” durante o percurso?

WWA – “A 1ª fase, América do Sul foram 20.200 km. Em termos mecânicos quase não tivemos problema porque o chassi da IVECO era zerado e ele se comportou de maneira brilhante, sem necessidade de manutenção por problemas na estrada. Uma das grandes vantagens de nossa parceria é que dos 24 países escolhidos de nossa rota a IVECO tem fabrica e concessionárias em 22 deles. E, as paradas de manutenção programada já estão definidas pela IVECO.Também não passamos nenhum perigo ou acidente nas estradas, exceto a perda de uma janela do motorhome com o forte vento da Patagônia.

DCV: Vocês são os primeiros no mundo a executar esta façanha? Existe previsão para registro no Livro dos Recordes (GuinnesBook)?

WWA – “Em termos de projeto voltado para dar a volta ao mundo, em um motorhome com a meta de visitar países produtores de vinhos somos o primeiro. Um brasileiro já percorreu 40 países em um motorhome, mas sem considerar este foco.

DCV: por fim, vocês gostariam de deixar alguma mensagem aos internautas leitores do DCV, aos enófilos que acompanham esta fantástica aventura, que entrará para história da enologia brasileira e mundial?

WWA – “Após a divulgação do nosso site os comentários dos internautas, amigos, enófilos, enólogos e formadores de opinião foram excelentes e gratificantes mostrando que estávamos no caminho certo. Recordo que foram centenas de comentários de inveja branca”. O recado que eu poderia dar após esta experiência de concluir a 1ª fase do projeto, América do Sul é de que é perfeitamente possível realizar os seus sonhos. Muitas pessoas sonham, mas não colocam no papel, ou seja, não acreditam e não “correm” atrás para viabilizá-lo.

Jantar perfeito? uma harmonização perfeita!

img_1601aaNa 5a.feira (5) o restaurante L’Affaire, foi palco de mais um jantar de gala do vinho. Capitaneado pela sempre amável Marly Maia (VINCI) e pelo Mariano Canal (Diretor comercial Laura), foram servidos os vinhos da criativa e competente Laura Catena, Luca e La Posta. Foi o melhor jantar/degustacão que participei nos últimos tempos, por 4 motivos: ambiente/local/recepção, comida, vinhos e harmonização!

O Chef Marcello Piucco fez, na minha opinião, uma das mais precisas combinações que já experimentei; isto é muito raro no meio gastronômico (por incrível que pareça), inclusive se deu ao luxo de servir um assado de costela do famoso gado Wagyu [nham, nham!]. Parabéns Marcello! Para alegria de todos o evento obteve casa cheia, mais de 40 participantes aproveitaram uma noite super agradável e deliciosa. Dos vinhos apresentados só não conhecia o Beso de Dante e foi a oportunidade de revisitar as demais ampolas de Laura. Vejam os vinhos, na sequência de serviço (da direita p/ esquerda na foto).

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Luca Chardonnay 2009: cor amarelo-palha e aromas de lima e levíssima torra. Média citricidade na boca, alegre e jovial. Um chardonnay diferenciado com enorme tipicidade. Nota 91 pts. Foi a grande escolha da maioria dos degustadores. E realmente estava divinamente saboroso. Também na minha opinião um dos melhores da noite. CATIVANTE. Uma caixa é pouco p/ este vinho. 😉

La Posta Armando Bonarda 2009: cor vermelho vivo, característica definida desta casta italiana bonarda. No início álcool presente; nada que uma curta decantação não melhore. Aroma tutti-fruti (chiclete), mudando completamente depois de uma hora na taça para couro e tabaco. Quase sem tanino e leve peso. Nota 89 pts. Incrível vinho pelo preço.

La Posta Pizzela Malbec 2008: outro excepcional vinho artesanal da marca La Posta, produzidos por pequenos lavradores, de propriedades familiares. Essa safra estava ótima. Bem estruturado e harmonioso. Um malbec digno da argentina, deferente da maioria deles [risos]. Enorme visão de Laura Catena. Taninos bem domados resultam tipicidade no vinho. Nota 90 pts. Esta série La Posta é de longe um dos melhores custo/benefício que existem na faixa de preço (< 50 reais), algo imbatível no Brasil. Dá para comprar em caixas, certamente.

Luca Pinot Noir 2009: já havia provado o 2007 e este não ficou atrás. Como sempre entre os três melhores Pinots da Argentina. líquido quase transparente e levíssimo corpo. Notas torrefação e terra, raro em vinhos do novo mundo. Estes dois LUCA, P.Noir e o Chardonnay, são oriundos de vinhedos dos mais altos da região de Mendoza, a 1.500m. de altitude. Nota 91 pts. E estagiam por 12 meses em barricas de 2o. uso francesas (70%).

Luca Beso de Dante 2008: primeira prova já valeu a pena – Uauu! Corte de cabernet sauvignon e malbec muito bem elaborado. Grande estrutura e elegância. Aromas café e couro, com frutas pretas. Uma longa permanência na boca. Suculento. Taninos nada agressivos. Vinho para mais 10 anos! Nota 93 pts. Uma grata surpresa. Fico imaginando que se este Beso estava no ponto, quiçá deve ser o top da vinícola, NICO old vines (dos quais só chegam 90 grfs no Brasil)?!!

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Confirmando o que disse a vocês, um jantar-degustação perfeito!

WWA – A maior expedição de vinhos do planeta!

Trago até vocês um artigo sobre a maior aventura de vinhos do planeta!
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Trata-se da Expedição Wine World Adventure – WWA, que iniciou em janeiro deste ano e pretende percorrer todo o mundo do vinho. Uma “loucura” desta só podia ser obra de destemidos brasileiros, aficcionados por vinho, e que arregaçaram as mangas para executar o maior projeto de visitas às vinícolas de todo mundo, embarcados num motor-home (trailer).

Para quem ainda não ouviu falar desta fabulosa expedição, vocês podem acompanhar todo o percurso e a aventura pelo Site do WWA (clique aqui). Os eno-expedicionários: a família formada por Horácio Barros (pai), Curuma (Pedro, filho) e Natália (filha). O DCV foi atrás e, escrevendo de dentro da casa-carro, nossos aventureiros responderam à entrevista abaixo transcrita aos nossos internautas. Vejam que bacana esta sendo a viagem.

DCV: como surgiu a ideia de dar a volta ao mundo do vinho? Por que num motor home (trailer)?

WWA – “Horácio Morais Barros, de Belo Horizonte, especialista, professor e consultor de vinhos trabalhou em uma siderúrgica durante 35 anos e se aposentou em outubro de 2011. Há mais de 12 anos ele estuda sobre vinhos, autor do CD DO VINHO e na metade do ano de 2009 ele começou a elaborar um plano objetivando curtir sua aposentadoria. Sua ideia inicial seria de morar dois anos na Itália e França. Conversando sobre isto com os seus dois filhos e amigos o projeto foi crescendo e Horácio partiu para um estudo de viabilidade financeira para visitar os principais países produtores de vinho do mundo, 24 países. Este estudo considerando aluguel de carro, e hospedagem em hotéis, apresentou um orçamento elevado. Então, Horácio fez novo orçamento considerando a possibilidade de alugar um “motorhome” em cada país. O custo também se apresentou elevado. Após, o projeto básico adormeceu em uma gaveta, Horácio decidiu apresentar o projeto para a empresa IVECO, do Grupo Fiat, que após longos seis meses, tomou a decisão de apoiar o projeto. Em 4 meses, o motorhome foi fabricado. Em paralelo Horácio detalhou cada rota, definiu as principais regiões vinícolas a serem visitadas. Mapas, rotas, um calhamaço de informação.”

DCV: como foi planejado o percurso? E como se deu a escolha das vinícolas/regiões produtoras a serem visitadas no mundo?

WWA – “O percurso foi planejado, primeiramente definindo os 24 principais países produtores de vinhos. Depois definimos as principais regiões vinícolas destes países. Via Google traçamos uma rota básica para estimativa de quilometragem, aproximadamente 75.000 km. Entretanto, com as idas e vindas das vinícolas e turismo estimamos em 120.000 km. A escolha das vinícolas foi o trabalho mais duro, pois é necessário ler dezenas de livros de guias de vinhos, ver a posição de cada vinícola no mapa e se estaria próximo à nossa rota básica. Muitas horas na internet foram utilizadas, entrando nos sites de cada uma delas, copiando mapas locais e e-mails para contato e agendamento futuro de visita as mesmas.”

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DCV: lendo o site/blog do WWA verificamos que hoje três expedicionários fazem parte do projeto, quem são?

WWA – “Na verdade, a ideia inicial era somente eu, Horácio, viver por dois anos na Itália e França. Após a concordância da IVECO em participar do projeto foi necessário elaborar um plano de mídia. Basicamente, um plano de mídia necessita pelo menos de um fotógrafo. Como meu filho, Pedro Henrique Vieira Barros é formado em publicidade e fotógrafo profissional, convidei-o para participar da equipe. Minha filha, Natália, formada em fisioterapia, decidiu interromper momentaneamente sua carreira e imediatamente começou a fazer um curso de filmagem para documentar a viagem.”

DCV: quantos países esperam visitar pelo projeto?

WWA – “O foco da viagem é visitar os 24 principais países produtores de vinhos. A 1ª fase já foi concluída de janeiro a maio de 2012, visitando o Rio Grande do Sul, Uruguai, Argentina e Chile. Após, o motorhome foi transferido de navio de Valparaiso, Chile para Huston, Texas. Hoje, dia 20/06, estamos partindo para visitar as vinícolas da Califórnia, Oregon e Washington. Em seguida atravessaremos o Canadá da costa oeste até Montreal, terminando em New York para visitar as vinícolas de Long Island.
Novamente, em um navio, partiremos para fase da Europa, visitando: Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Inglaterra, Suíça, Áustria, Eslovênia, Eslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Moldávia e Grécia. Da Grécia o motorhome será colocado em navio para Austrália, Nova Zelândia e África do Sul. Deveremos voltar ao Brasil na Copa do Mundo de Futebol e desfilar o motorhome pelas principais cidades-Sedes.”

DCV: os leitores do DCV (nós, claro [risos]) certamente gostariam de saber se haverá a publicação de algum catálogo, com os vinhos e/ou dicas de vinhos experimentados por vocês, durante a expedição?


WWA – “Todos os vinhos degustados durante a viagem estão sendo apresentados, (com análise organoléptica de Horácio), em nosso site: www.wineworldadventure.com.”

Vamos deixar nossos sinceros desejos de sucesso nesta grande viagem enófila. E que tragam muitas surpresas desta volta ao mundo!
MANDE UM COMENTÁRIO NO SITE DA WWA. Vamos dar aquela força para estes legítimos brasileiros. 
Na próxima semana, teremos mais uma parte desta entrevista deliciosa com a turma do Wine World Adventure.  😉