No próximo dia 10/05 o sommelier chileno Alex Ordenes (Adega do Vinho) estará comandando um jantar harmonizado com vinhos de autor no restaurante Unanimitá. Clique na imagem para aumentar:

No próximo dia 10/05 o sommelier chileno Alex Ordenes (Adega do Vinho) estará comandando um jantar harmonizado com vinhos de autor no restaurante Unanimitá. Clique na imagem para aumentar:
A vinícola chilena Clos Ouvert, administrada por dois franceses sofreu muito com o terremoto de 2010. 70% da produção foi perdida. Louis-Antoine Luyt saiu da sociedade para formar a vinícola que leva seu nome.
Seus vinhos ainda não têm importador no Brasil, porém tive a oportunidade de provar dois de seus exemplares. Ele faz vinhos sem nenhum sulfito, de alta graduação alcoólica e sem filtragem. Em um dos rótulos havia escrito “Puro Vino Generoso”, que em Portugal implica em vinhos fortificados (com adição de álcool) resultando em teor alcoólico de 14 a 18 GL. Como os vinhos são chilenos não sei afirmar se esse processo ocorre nesses exemplares. Contudo não ficaria surpreso, pois o Cot Rouge tem 16,5%, o Huasa Pais 15% e o branco 16,5%.
O primeiro vinho degustado foi o Cot Rouge. Cor altamente turva com aromas de cereja e um pouco de estrebaria. Amargor que não deixa ficar enjoativo e nenhum adocicado presente. Lembra muito os borgonhas sem sulfito do Pacalet. Vinho bastante interessante, com decantação altamente recomendada. O vinho tinha 16,5 % de álcool que inicialmente assustou, mas na prova ele não se mostrou agressivo.
O outro vinho foi o branco feito da uva Moscatel Rosada. Também com 16,5% de álcool e sem sulfito, esse foi o branco de maior teor alcoólico que já provei. Novamente o número impresso no rótulo parecia estar errado, pois o álcool em nada agredia. Esse é um exemplar intrigante. Cor bem amarelada, novamente turvo, com aromas de gengibre e quentão, lembrando muito o chardonnay zero So2 do Marco Danielle.
Pinot Noir americano, mais precisamente de Sonoma na Califórnia. Vinho concentrado para quem tem preferência por pinot da Borgonha, Loire ou Alsace. Um vinho com 14,2 de graduação alcoólica e de cor mais escura que o normal. Aromas explosivos de geléia de mirtilo e amora com toques de morango e framboesa. Resumindo: nariz adocicado.
Na boca não se nota desequilíbrio do teor alcoólico, mas é um vinho muito encorpado para os moldes da pinot noir. Ele se expande e satura o paladar com sua força. Tanino doce, um pouco picante e de final longo.
Eu nunca havia bebido esse vinho e morria de curiosidade em conhecê-lo. Já li algumas críticas que o consideram o “melhor” pinot americano, mas para mim faltou aquele amargor que te faz buscar o próximo e o próximo… gole. Esse vinho não tem importador no Brasil e custa uns 150 dólares nos EUA. Talvez se na garrafa estivesse escrito Shiraz no lugar de Pinot eu tivesse gostado mais. Para quem aprecia o estilo encorpado, baixa acidez e nariz adocicado é um belo vinho. Talvez eu tenha implicado um pouco por esperar muito desse vinho e pelo fato de ter sido tomado na sequência do Montrachet 98 que postei aqui.
A importadora B-Cubo, juntamente com a distribuidora Barolo e o restaurante La Plancha estão realizando um jantar harmonizado no dia 19/04. Confira:
Noite de vinhos chilenos de safras antigas. Confesso que já não sou mais tão fã de vinhos potentes e de muita extração como costumam ser os exemplares do novo mundo. Taninos nervosos, cor negra, aromas doces e mentolados não são características que me entusiasmam e são essas as mais encontradas nos exemplares chilenos e argentinos. Pois bem, tenho que admitir que os vinhos degustados fugiram bastante das características expostas acima.
O Domus Aurea 1998 apresentou incríveis aromas de cominho e curry que jamais havia percebido em um vinho chileno. Couro e estrebaria também presentes, com taninos suaves e fáceis. Um super-vinho.
Em seguida foi aberto o Morandé Edición Limitada Carignan 2001. Vinho de Pablo Morandé, feito de vinhas muito velhas. Outra pluma para um vinho chileno. Muito caramelo e biscoito no nariz, novamente taninos amigáveis. O mais “chileno” dos três.
Por último abri o Cabo de Hornos 1999. O mais elegante da noite. Maciez, suavidade, taninos encantadores, acidez e mineralidade na medida. Vinho dificilmente encontrado hoje em dia. O preferido da rodada.
Os três vinhos apresentaram turbidez, devido ao remanescente de sedimentos, mas isso em nada interferiu na qualidade dos mesmos. Embora tenham se tornado mais domados e elegantes pelo envelhecimento, não espere tomar um vinho chileno ou argentino envelhecido com características de um francês por exemplo. Sempre apresentarão o esqueleto da região. Exceções existem, como o argentino Monchenot, mas como disse, são exceções.
Finalmente chegaram a Brasília os fantásticos vinhos do Jura. A única loja da cidade que comercializava vinhos dessa região era a finada Club du Taste Vin, dos franceses Christian e Patrick. No Brasil conheço apenas a referida (que ainda existe no Rio de Janeiro) e a paulista Le Tire Bouchon a trabalhar com vinhos dessa região, se souberem de outra me avisem, por favor. Ambas importam vinhos do mesmo produtor o Domaine Baud e Fills.
Apostando no mercado de vinhos autênticos a importadora Decanter também resolveu investir nos vinho do Jura e está importando do Domaine Rolet.
Os tintos vão na contramão dos parâmetros atuais de potência e extração. Possuem cor delicada lembrando pinot e aromas cativantes, com muito frescor e mineralidade.
Já os brancos são desconcertantes e podem envelhecer décadas. Alguns deles como o Côtes du Jura e o Arbois Vin Jaune, envelhecem de 4 a 6 anos em barricas deliberadamente expostas ao oxigênio, mas sob a proteção de um véu de leveduras semelhante ao Jerez. Normalmente apresentam um nariz doce de amêndoas e mel, mas na boca é sequíssimo.
Para acompanhar esses vinhos a Decanter Brasília– 308 norte-D-lj.59 tel:3349 1943- trouxe cunhas do queijo Comté (único local na cidade em que encontrei), que faz uma das mais gloriosas harmonizaçõs queijo-vinho já inventadas.
A Decanter Brasília juntamente com o restaurante Ilê estão fazendo um jantar harmonizado com os vinhos da vinícola Glenn Carlou. Confira:
Vinho branco chileno do vale do Maule feito da uva riesling. Safra 2006, porém com muita evolução. Bem amarelado com aromas de abacaxi em calda, mel, levemente untuoso e adocicado, lembrando um Gerwuztraminer. Encaixou muito bem com uma anchova ao molho thai. Lembra muito um vinho bem antigo da década de 90. A acidez já não é o seu forte e nem de longe lembra um riesling com seus aromas característicos minerais, petróleo e pedra de isqueiro. Para quem gosta de vinhos brancos envelhecidos e de aromas intrigantes, é um excelente exemplar, principalmente pelo preço de R$ 38,00 na Ponto Vinho – CCSW 5, Ed. Ômega Center (próximo ao Pão de Açúcar) Sudoeste. Tel. 3543 5808
Esse exemplar é feito com uvas de vinhas velhas de San Javier de Loncomilla, colhidas à mão nos primeiros dias de março. A Meli faz parte do MOVI- Movimento dos Vinhateiros Independentes do Chile. Produzido pela enóloga Adriana Cerda, percebe-se a delicadeza em seus 11,5% de álcool. Como eu já havia anunciado, sempre que encontrar uma barganha postarei aqui. O vinho se chama Meli Riesling. Não perca essa oportunidade.
Dia 18 de abril, quarta-feira, a importadora World Wine estará desembarcando em Brasília com sua exposição de vinhos. Há 10 anos essa fantástica importadora realiza sua feira e pela primeira vez ela ocorre em Brasília, demonstrando o potencial que a cidade vem desenvolvendo para o vinho.
Finca Sophenia, Andeluna e Caitec (da Argentina); Odfjell, Viña San Pedro, Viña Bisquertt (Chile); Bodegas Castillo Viejo (Uruguai): Beringuer (EUA); Angove (Austrália); Schubert Wines (Nova Zelândia): Stellenzicht (África do Sul); Domaine dês Ouleb Thaleb (Marrocos); Laroche, Perrin e Hugel (França); Mionetto, Bellavista, Zenato, Castello Banfi; Donnafugata, La Massa (Itália); Carmelo Rodero, Dinastía Vivanco, Bodegas Borsão (Espanha); CARM, Quinta da Falorca, Quinta do Alqueve (Portugal); Balthasar Ress e Weingut Clemens Busch (Alemanha); entre outros.
Dia 18 de abril/ Brasília
Local: Hotel Naoum (SHS Qd. 05, Bloco H)
Horário: das 15h às 21h
Ingresso: R$ 180,00 (mais de 400 rótulos e buffet de queijos e massas.)
Os ingressos podem ser adquiridos através de:
A postagem de hoje é sobre celebração. Luiz Miguel, mais conhecido como Kiko, é um grande amigo que divide comigo o gosto pelas coisas boas da vida. Uma delas é o vinho. Nos conhecemos há mais de 28 anos e muito do pouco que sei sobre vinhos, aprendi com ele. Já fizemos cursos juntos, participamos de várias degustações, compramos garrafas em sociedade e invariavelmente as levamos a restaurantes para apreciá-las com boa gastronomia.
Como já disse, aprendi muito com ele. Sua percepção e metodologia de apreciar os vinhos me fizeram trilhar no caminho da observação.
Sábado, 31/03/12 foi seu aniversário e em um ato de generosidade me convidou a compartilhar uma garrafa de Château Haut-Brion 1999. Essa garrafa tem uma história. Lá pelo ano de 2007, quando os vinhos top de Bordeaux não eram caros como hoje, descobri essa garrafa em Nova York e ele, por meio de seus conhecidos, conseguiu trazê-la. Na loja, o vendedor não a encontrava e seu conhecido já havia desistido, quando em uma última pesquisa, dentro daquele sorrateiro armário, por trás de outras garrafas estava essa que bebemos no sábado. O vinho ainda estava jovem, não havia atingido sua plenitude, os taninos estavam bem suaves, mas sua cor ainda era muito viva e voraz. Tenho certeza que já tomamos vinhos mais emocionantes, mas o que importava naquela noite eram a celebração, generosidade e amizade. Um forte abraço meu amigo e muito obrigado pelo convite.