Encontro de Vinhos Biodinâmicos

Pela segunda vez ocorreu o encontro de vinhos biodinâmicos que é presidido por Nicolas Joly. O presidente não pôde vir, pois está enfermo, então em seu lugar veio sua filha Virginie Joly, que comandou o estande da Coulée de Serrant, maravilhoso vinho que já foi postado aqui e aqui. Estavam à disposição as safras 06 e 08, além dos Les Vieux Clos e Clos de la Bergerie.

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Outro destaque foram os vinhos da Nikolaihof Wachau, pertencentes a mais antiga área de vinhos da Áustria, sendo produzido desde o ano 470 D.C. Vinhos brancos de longevidade enorme. O que mais me agradou foi um Gruner Veltliner 1993.

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Do Chile não poderia deixar de citar Álvaro Espinoza. Sem dúvida o mais simpático e entusiasmado expositor da feira. Ele já foi eleito personalidade do ano pela revista inglesa Decanter, mas isso não mudou em nada sua maneira de tratar os degustadores, com atenção, paciência e paixão. Parabéns também pelos vinhos apresentados: Antiyal, Kuyen e Antiyal Carmenère (92% carmenère e 8% C.S).

Se for falar de todos os vinhos maravilhosos que provei, a postagem será interminável, então citarei os destaques de que me recordo agora:

Chateau Le Puy (Bordeaux) – Tradicional (05) e Barthélemy (04)

Castagna (Austrália) – safras 05, 06 e 08

Pommard (Borgonha) – Comte Armand 04

Champagne Fleury (Champagne) – Fleury 1995

Monthelie Les Champs Fulliot 2007 – Domaine Paul Garaudet – Branco

D. Albert de VillaineLa Fortune (P.N) 07 e Bouzeron  (Aligoté) 07 e 09

Château Guiraud (Sauternes) – safras 02, 05 e 06.

Clarendon Hills (Austrália) – Hickinbotham Syrah 07

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Vale também destacar a presença de várias pessoas ligadas ao universo do vinho. Estiveram presentes: Andreas Larsson (melhor sommelier do mundo em 2007), Jean Luc Thunevin (Ch.Valandraud), Arthur Azevedo (ABS), Jacques Trefois (consultor), J.L.Pagliari (consultor), Péricles Gomes e Ariel Perez (Casa do Porto), Didú Russo (Confraria dos Sommeliers), Manoel Beato (Fasano), Ramatis Russo (Emiliano), Lis Cereja (Saint Vin Saint), Tiago Locatelli (Varanda Grill), Guilherme Corrêa (Decanter), Jeriel Costa (blog do Jeriel), Daniel Perches (Vinhos de Corte), André Deco (Enodeco), Suzana Barelli (Menu), Eduardo Milan (Adega), Luiz Miguel (consultor), Marcos Rachelle (Art du Vin), Petrus Elesbão (Vinum Brasilis), Edson Hermann (Decanter), Geoffroy de la Croix (De la Croix), Ana Luisa (VinhosVivos.com.br)… Clique nas fotos p/ampliar.

Lançamento dos vinhos da Importadora Santa Ceia em Brasília

davinci4A importadora Santa Ceia, de São Paulo, esteve em Brasília fazendo o lançamento dos vinhos da Cantine Leonardo da Vinci. Essa cantina foi criada em 1961, por iniciativa dos proprietários de 30 fazendas, que uniram forças, se tornando uma cooperativa. A sede principal fica em no município de Vinci, à apenas 5 km da terra natal de um dos maiores gênios da história; e em sua homenagem leva seu nome.

Wilson Felipe e seu filho Wilson Jr, juntamente com Rogério Bertazzoli, trouxeram o diretor de marketing e vendas da cooperativa, Giovanni Nencini, que apresentou os seguintes vinhos:

Leonardo Ser Piero IGT 2008: Vinho branco da Toscana, feito com trebbiano e chardonnay, apresenta um potente aroma de mel e limão. Um vinho bem refrescante e de ótima qualidade. O mais pronto para se beber hoje.

Degli Artisti Merlot IGT 04: Outro Igt da Toscana, feito com 100% de merlot. Um vinho impenetrável, negro, muito rugoso, seus taninos estão longe de estarem prontos. Um vinho para guardar por bons anos.davinci3

Da Vinci Brunello di Montalcino DOCG 04: Um vinho que já dá muito prazer hoje, mas que ainda vai melhorar bastante. De qualquer forma bem mais pronto que o vinho anterior.

Leonardo Tegrino Vin Santo DOC 03: Feito de Trebbiano, Malvasia del Chianti e San Colombano, tem a cor âmbar, estrutura potente e aromas de amêndoa e mel. Um belo vinho para acompanhar sobremesas não mais doces que ele.

Vinhos quase sem SO2!!!

Passei por uma experiência que nunca havia me ocorrido, todos os vinhos da noite continham apenas o mínimo de So2, no engarrafamento, ou uma única aplicação nos transvases. Como diz meu amigo francês Jo Mendes, o vinho natural, aquele mais radical, que não utiliza sulfito algum em nenhum momento de sua feitura, pode estar bom, muito bom ou estragado. A qualidade fica muito variável e, segundo ele, um mínimo de sulfito não atrapalha em nada e ajuda a estabilizar a qualidade. Pois bem, começamos a jornada com um vinho branco do Loire, feito pelo Claude Courtois, chamado Quartz safra 2006, Sauvignon Blanc. Infelizmente a garrafa estava defeituosa, apesar da cor amarelo-ouro que adoro, no nariz o vinho não tinha aroma e na boca dizia muito pouco. O único aroma que consegui sentir nesse vinho (depois de muito tempo) foi o de produto de limpeza de banheiro; uma pena, pois esse é um dos meus vinhos preferidos desse produtor.

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Em seguida, foi servido em decanter o vinho trazido pelo Jo, que apenas ele e o sommelier sabiam qual era. Despejado na taça mostrou logo aquela cor vermelha, bem clara, translúcida, exalando aromas maravilhosos de flores, morango, cereja e mais tarde cravo. Antes de levar à boca já tínhamos certeza da elegância do vinho. Na boca mostrava uma ótima acidez, com baixíssimo açúcar e um amargor final; o que nos levou a crer que se tratava de um pinot noir envelhecido, mas longe da decadência. Um Borgonha de excelente produtor. Aí é que estava a maior surpresa, era realmente um pinot, mas da Alsácia, do Domaine Barmès Buecher (Pinot Noir Réserve 2007). Um vinho biodinâmico que encantou pela elegância e complexidade, vinho de emoção. Os vinhos desse produtor ainda não são encontrados no Brasil, mas em breve, assim espero, o Jo vai comercializá-los por aqui.
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Depois desse fabuloso vinho, o que viesse estaria em desvantagem. Foi então servido, em decanter, o Fulvia Cabernet Franc 2008 do Marco Danielle (esqueci de fotografar). O Jo que não é muito fã de vinho brasileiro se encantou com os aromas de couro, estrebaria, brett que havia no vinho, tanto que ligou para o Marco, mas ele não atendeu. O Luiz disse em voz firme que era francês, depois mudou para italiano. Eu também gostei bastante do vinho, só que achei ele um pouco doce após o pinot. Talvez tenha sido prejudicado pela sequência do serviço. Merece outra prova com certeza.
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Agora, qual o sentido de ter dito no início da postagem que os vinhos tomados tinham o mínimo de sulfito (So2). Sempre ouvi que vinhos sem sulfito não dão dor de cabeça… Realmente, estávamos em 04 pessoas, tomamos 03 garrafas, e sempre que ocorre essa proporção amanheço embrulhado, com mal-estar. Dessa vez, coincidentemente ou não, parecia que não tinha tomado nada no dia anterior. Jo continue nos surpreendendo com essas maravilhas biodinâmicas que você importa, como esse pinot do Domaine Barmès Buecher(www.barmes-buecher.com).

Overture, o segundo vinho do Opus One, você conhece?

overture1O famoso vinho norte-americano Opus One é um vinho bastante conhecido, já postado aqui. O que nunca soube é que a vinícola faz outro vinho, que alguns chamam de segundo do Opus, e outros apenas de Overture, que é o seu nome. Esse vinho, segundo o contra rótulo, só é vendido na própria vinícola (mas é claro que pode ser encontrado em algumas lojas dos EUA). Feito de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e Malbec, segue nos moldes da marca principal da vinícola. Ele envelhece 18 meses em carvalho americano e passa mais 18 meses em garrafa, antes de ser liberado para venda.

Tive sorte e prazer de conhecer esse vinho. Ele foi ofertadooverture2 pelo amigo Edgard Calfat que é um grande amante e conhecedor de vinhos. Participou ainda dessa descoberta o André Deco (Enodeco). O vinho foi colocado em decanter enquanto tomávamos um pinot do Domaine Aubert de Villaine (Côte de Chalonnaise La Fortune). Quando chegou a hora de ser provado, estava muito equilibrado, com aromas de passas, ameixa e couro. Na boca era um vinho de bastante extração e bem mais corpo que o primeiro, no estilo Bordeaux. A safra do vinho é uma incógnita, ele é classificado como NV (No Vintage-sem safra), pois é uma mistura de safras. No contra rótulo diz: “Overture é produzido em pequenas quantidades e é tradicionalmente vendido apenas em Opus One”, mas como já disse, pode ser encontrado em lojas especializadas.

Barca Velha e Mouchão 3-4

barca1Vinhos ícones portugueses, um do Douro e outro do Alentejo foram degustados juntos. O primeiro vinho foi o Herdade do Mouchão Tonel n. 3-4 safra 2005. Feito pelo enólogo Paulo Laureano, utiliza as castas Alicante Bouschet e Trincadeira. As uvas são vinificadas em lagares com pisa a pé e controle de temperatura. Todos os anos Laureano coloca os melhores lotes de vinhos nos tonéis de números 3 e 4, se evoluírem bem, é engarrafado como tonel 3-4, caso contrário, os vinhos desses tonéis são misturados com os dos outros e é engarrafado como Mouchão normal. O vinho passa 24 meses em carvalho, esse 2005 foi servido um pouco gelado, fazendo com que demorasse a se mostrar aromaticamente. Atingindo a temperatura ideal, mostrou ameixa e baunilha com bela acidez e um equilíbrio incrível, aonde os 15% de álcool não puderam ser notados. Um belo vinho que ainda está na infância.

O vinho seguinte foi o Barca Velha 2000 (Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinto Cão), essa é a safra mais recente desse vinho, que teve sua primeira safra em 1952, e de lá para cá, houve apenas 16barca2. Só isso já mostra a seriedade do produtor. O produtor aconselha que se deixe esse vinho na posição vertical, 24 horas antes de abri-lo. Além disso, aconselha que o abra de 2 a 3 horas antes de degustá-lo. Como quem detinha a garrafa era o colega Petrus (O REI DO ATRASO), a garrafa só chegou à mesa quando todos já o esperavam. A mesma veio chacoalhando no carro e logicamente não foi aberta com a antecedência recomendada. Mesmo com tudo isso o vinho estava ótimo, apenas a cor estava turva, devido a não ter ficado em pé e ter vindo balançando, levando as borras a se misturarem ao líquido. Aromas de couro, cedro e chocolate, com acidez, elegância e final prolongado. Um dos melhores vinhos portugueses que já tomei. Fiquei imaginando como estaria esse vinho se as recomendações do produtor tivessem sido seguidas.

Degustação do Icewine Pericó

O primeiro Icewine brasileiro teve, sem sombra de dúvidas, a mais arrojada campanha de marketing de lançamento de um vinho no Brasil. Muito se falou, divulgou, esperou e enfim o vinho foi lançado. A grande maioria dos blogs anunciou esse lançamento. A própria vinícola vinha alardeando nos meios de comunicação desde abril. Não vou ficar repetindo aquilo que o produtor já cansou de propagar: Uvas colhidas a 1.300 metros, a -7,5 graus… Vamos ao que interessa. Afinal o vinho é bom ou não?

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Tive a oportunidade de tomar o vinho e, em MINHA opinião, não agradou. O vinho é feito de cabernet sauvignon e tem aromas até interessantes de goiaba e xarope de farmácia. Porém na boca ele se mostra com uma doçura enjoativa, faltando acidez para contrabalancear, e fazer com que você fique com vontade de tomar o próximo gole. Ele também termina com um amargor exagerado.

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Sou fã de carteirinha da Pericó, devido a seu espumante brut rosé e o Taipá, porém seu icewine não me encantou. Até achei que fosse adorar esse vinho, visto que tenho tomado alguns icewines canadenses e me surpreendido. A vinícola fez tudo certo, criou expectativa na demanda, lançou o produto em um kit maravilhoso, dentro de uma belíssima caixa, garrafa importada da Itália… Mas o conteúdo não me agradou. Nem coloco em discussão o preço, a raridade, o pioneirismo, a dúvida se haverá outra safra, o ineditismo. Sou fã de vários vinhos brasileiros (inclusive os citados da Pericó), mas o patriotismo vinícola não me encanta. Acho que o experimento foi válido e que, talvez havendo outras safras ele possa melhorar.

Chateauneuf Californiano

Boony Doon é a vinícola californiana de Randall Graham (veja a entrevista dele aqui, parte 1 e parte 2) que produz vinhos biodinâmicos em Santa Cruz. Fugindo dos padrões californianos, que produzem principalmente cabernet sauvignon e pinot noir, Graham faz alguns vinhos ao estilo Rhone. Sempre com o bom humor incorporado ao marketing, seus dois principais vinhos se chamam: Le Cigarre Blanc e Le Cigarre Volant. Esses nomes fazem referência a discos voadores  como explica o contra-rótulo: Em 1954 no auge do assunto OVNIs, os viticultores de Chateauneuf du Pape aprovaram um decreto municipal que proibia discos voadores (Cigares Volants) pousarem em seus vinhedos.

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Randall Graham diz não ler a crítica de vinhos por achar que as degustações são feitas de maneira muito imprecisa. “Não é possível entender um vinho degustando-o por apenas um segundo. Isso é apenas um retrato do momento”. Tomei seus dois principais vinhos e minhas impressões foram as seguintes:

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Le Cigare Blanc 2004 – Roussane 73% e Grenache Blanc 23%. É um vinho denso, encorpado e cor bem amarelada, mostrando certa evolução. Bastante mineral e com boa acidez, me lembrou muito o chateuaneuf branco La Bernardini do M.Chapoutier, com muitas frutas tropicais no nariz. Excelente para quem gosta de brancos encorpados como eu.

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Le Cigare Volant 2002 – Syrah (34%), Mouvédere (36%), Grenache (22%), Cinsault (7%) e Counoise (1%). Esse é um exemplar já com bastante evolução. Sua cor já mostra uma borda alaranjada e seus taninos bem resolvidos. No nariz muita especiaria, pimenta e ameixa. Para quem gosta de vinho evoluído é um prato cheio. Tanto esse vinho como o anterior, usam vedantes de rosca, o que demonstra a qualidade desse tipo de vedação. Na Vinci Vinhos, que é representada em Brasília pela Bordeaux Casa e Vinho (3248 7311)

Saudades do Decanter Wine Show 2010

Um dos melhores momentos desse ano, foi sem dúvida, o Decanter Wine Show organizado pela importadora Decanter. O evento teve lotação máxima nas quatro capitais por onde passou, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Florianópolis. Em todos os lugares houve lista de espera. Em São Paulo foram dois dias seguidos e não deu para quem quis. Abaixo divulgo a foto que me foi enviada pelo carioca Roberto Cheferrino, em que aparecem, da esquerda para direita: Guilherme Correa (Sommelier da Decanter), Renato Machado, Ed Motta, Adolar Hermann (Proprietário da Decanter, mais ao fundo) e eu. Todos no estande do vinho italiano Pieropan (Veneto).
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