O sucesso do Vinum Brasilis 2010

O III Vinum Brasilis (26/08/10) mais uma vez superou as expectativas. Em novo local para acomodar um maior número de participantes, a feira anual de vinhos brasileiros aterrisou no novíssimo salão de festas do clube da Assef. Um ambiente de extremo bom gosto, com ar-condicionado e pé direito bem alto, propiciando conforto e bem estar aos 600 enófilos.

O encontro, na verdade, começou às 13:00 do dia do evento, quando recebemos  Oscar Daudt (Enoeventos-RJ), Didu Russo (Blog do Didu-SP) e Eugênio Echeverria (Ministrador dos Cursos da WSET no Brasil) para um almoço no restaurante Dom Francisco 402 do meu amigo Edinho. Nesse almoço pudemos degustar algumas raridades brasileiras como o Aurora Millésime C.S. 1999 e Maximo Boschi Merlot 2000.

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Fotos esq.p/dir.Foto 1: Oscar Daudt, Eugênio Oliveira, Antônio Coelho, Didú Russo, Eugênio Echeverria e Gustavo (Pão de Açúcar). Foto 2: Vinhos do almoço. Foto 3: Petrus e Didú Russo

Mais tarde, já no encontro, pude atestar a qualidade de vários rótulos brasileiros que se diferenciaram:

Elos Touriga Nacional-Lídio Carraro, Cave Geisse Brut Rosé, Luiz Argenta Chardonnay, Arinarnoa e Gewurztraminer Casa Valduga, Rio Sol Winemaker´s Touriga Nacional, Taipá Rosé Pericó, Cordilheira de Santana Gewurztraminer e Chardonnay , Pizzato Chardonnay e DNA 99, Salton Virtude 09 com bem menos madeira, Dal Pizzol Touriga Nacional e vários outros. Alguns produtores também marcaram presença, como Jane Pizzato (Pizzato), Juliano Carraro (Lídio Carraro), Rosana Wagner (Cordilheira de Santana) e Daniel Geisse (Cave Geisse), além dos já citados que enalteceram o evento.

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Fotos esq.p/dir.Foto 1: Participantes do evento. Foto 2: Oscar Daudt e Eugênio Oliveira. Foto 3: Salão movimentado.

Não poderia deixar de comentar o sistema de Van para levar os convidados em casa. Eram 10 Vans à disposição dos participantes, que puderam degustar os vinhos sem se preocupar em voltar dirigindo para casa. Havia um acordo, de que não se esperaria mais de 20 minutos por um deslocamento. Presenciei uma Van, levando apenas 01(uma) pessoa para casa, o que mostra total respeito ao convidado. Essa regalia fazia parte do ingresso.

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Foto 1: Oscar Daudt, Didú Russo, Eugênio Echeverria. Foto 2: Jane Pizzato servindo Renato Tosta, Foto 3: Oscar Daudt, Didú Russo, Eugênio Oliveira.

Esse evento só foi possível devido à determinção e garra do amigo Petrus Elesbão, que mesmo com problemas particulares, conseguiu reunir essa quantidade de vinícolas e público interessado. Ano que vem a festa se repetirá, provavelmente em lugar maior, mas com o mesmo sucesso.

Von Siebenthal em Brasília

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Vai acontecer no Dom Francisco do Park Shopping, dia 25/08, o jantar harmonizado da vinícola chilena Von Siebenthal, com a presença de seu proprietário e enólogo. Seus distintos vinhos são comercializados em Brasília na Adega do Vinho (tel.3233-0006). Clique na imagem para detalhes.

Um Borgonha “de entrada” Leroy

leroy1Marcelle Bize-Leroy cresceu vendo seu pai Henri Leroy, selecionando vinhos como negociante, para então revendê-los com seu nome. Ter crescido provando vinhos das inúmeras denominações da Borgonha deu a Marcelle um olfato apuradíssimo e um conhecimento ímpar da região. Conhecida como Mme. Lalou Bize-Leroy, ela já foi co-gerente do Domaine de la Romanée-Conti, e sua família tem uma desavença jurídica sobre a propriedade desse Domaine.leroy2

O vinho tomado foi um Borgonha “básico”, branco, 1997, da Maison Leroy, que é o segmento negociante dela, aonde seleciona os melhores produtores e experimenta anualmente sua produção. Os vinhos que ela julga estarem à altura de receber o nome Leroy são comprados e armazenados, até que ela os considere prontos para irem ao mercado. Apesar de ter 13 anos de vida, o vinho tinha uma vitalidade que muitas vezes não é percebida em vinhos mais novos. Uma cor dourada linda, untuosidade e frescor que poucas vezes são encontradas juntas.

Michelli da Villa Francionni vence degustação em SP

michelli“O vinho Michelli – safra 2005, produzido pela vinícola catarinense Villa Francioni, foi eleito o melhor durante degustação às cegas promovida pelo sommelier do Grupo Fasano, Manoel Beato, durante o evento Paladar no Hotel Grand Hyatt em São Paulo no final de semana. Beato apresentou na degustação além do  Michelli, três vinhos produzidos no Rio Grande do Sul, um de Santa Catarina e um italiano da região de Chianti. As opiniões foram colhidas de  sommeliers, amantes do vinho,  jornalistas e profissionais de gastronomia. Dos 28 votos, o vinho produzido na serra catarinense conquistou 18. Segundo o enólogo da Villa Francioni, Orgalindo Bettú “apenas os melhores vinhos do mundo suportam mais de 24 meses de amadurecimento em barrica, o Michelli michelli2passou por longos 34 meses em barris novos de carvalho do centro da França” o que mostra a superioridade do vinho catarinense. O Michelli é produzido com 80% de uvas sangiovese, cabernet sauvignon e merlot. Tem guarda de até 20 anos. O preço sugerido pela vinícola é de R$ 198 reais. Rute Enricone Assessoria de imprensa Villa Francioni.”
 
Em Brasília na Vintage Vinhos. Assista ao vídeo do evento clicando aqui. Os vinhos concorrentes foram: Quinta da Neve Pinot Noir/SC, Utopia cab./merlot-SC, Valduga Arinarnoa-RS, Quinta do Seival C.S-campanha gaúcha, Lidio Carraro Nebbiolo e Isole e Olena chianti classico. Conversando com um dos participantes da degustação, ele me disse que o painel foi meio confuso, com dois vinhos às claras, o Pinot Noir Quinta da Neve e o Lidio Carraro Nebbiolo. Foto das garrafas: Blog Sua Mesa (Cesar Adames)

Font de la Figuera 2007, o Vinho da Discórdia

fontA Mistral tem o melhor portfólio de vinhos do Brasil, são inúmeras opções de produtores, preço e qualidade. Alguns meses atrás, recebi um e-mail de uma campanha da importadora, para vender o vinho Font de La Figuera 2007. Um segundo vinho do espanhol Clos Morgador da região do Priorato. A campanha eletrônica o alardeava como “o vinho que bateu o Petrus”, divulgando uma nota da Wine Spectator, maior para o vinho espanhol que para o Petrus da mesma safra 2007. Não dou a mínima para as notas, mas resolvi pesquisar e concluí que a importadora usou de um argumento falho, uma falácia, para persuadir o consumidor. Explico, em momento algum, a Mistral esclarece que a revista não fez uma degustação entre os dois vinhos, nem às cegas nem às claras. Não diz também que o vinho espanhol foi avaliado por um de seus editores Thomas Matthews, que só degusta Espanha, em uma avaliação apenas para internet, em data totalmente diferente da avaliação do Petrus; que foi avaliado por James Suckling (que trabalhou por 30 anos na revista, mas saiu esse ano), para revista impressa de março de 2010.

Como pode um vinho “bater” outro se nem foram tomados juntos, nem avaliados pelos mesmos degustadores? A competição no mundo do vinho beira o absurdo. Como afirmar que tal vinho é melhor que outro, como uma verdade definitiva, se as variáveis beiram o infinito?

A Mistral é uma importadora séria, que sempre divulga em seus catálogos, os méritos de todos os vinhos em suas determinadas safras. É uma empresa que domina o ramo dos restaurantes, não precisava de uma campanha como essa para vender um único rótulo. A estratégia deu certo, o vinho desapareceu, mas acho que manchou a postura da casa. Resolvi escrever essa postagem, depois de ler em um blog, as discrepâncias derivadas dessa campanha. Aquele ditado, quem conta um conto aumenta um ponto. O blog sugeria o vinho como presente para o dia dos pais. Contava toda essa conversa de “bater” Petrus, mas ia além. Dizia que isso tinha ocorrido em uma degustação às cegas feita por Robert Parker, que ele tinha dado nota 96 (quem já leu alguma vez o WA sabe que Parker não avalia Espanha, e sim o descomedido Jay Miller), quando na verdade essa foi a nota dada ao primeiro vinho da casa, Clos Figueras, em outra safra. Fala do Clos Figueras achando que é o Font de La Figuera, divulgando assim, errados, o blend e o preço.

Esse tipo de campanha levam as pessoas a repetirem inverdades e a criarem outras, como foi o caso citado. Ouvi muitas pessoas repetindo essa história, mas não vi uma sequer, querendo trocar Petrus por Font de La Figuera. Foto: site Mistral.

Ducru-Beaucaillou 2001

ducru2Ducru-Beaucaillou é sempre um grande Bordeaux, e esse 2001 não seria diferente. Porém esse exemplar me surpreendeu pela elegância exagerada para um vinho 2001. Uma cor mais para o rubi, com bastante evolução, médio corpo e taninos muito sedosos, nem parecia aqueles Super-Bordeaux, que precisam de no mínimo uns 15 anos para começarducru1 a evoluir. Confesso que achei que o vinho ainda ia estar duro, como um 2002, desse mesmo chateau, que havia tomado e achado que além de tânico, tinha um mentolado excessivo.

Esse 2001 é um blend de 68% cabernet sauvignon, 30% merlot e 2% cabernet franc. Um vinho bem fácil, relativamente delicado, muito equilibrado, e que não deve ser guardado por mais tempo. Um Super- Bordeaux com alma borgonhesa.

Decanter Wine Show 2010, no Rio de Janeiro (segunda parte)

Como não podia deixar de comentar, o Clos Vougeot do Chateau de La Tour, apresentado por François Labet foi um dos grandes vinhos da feira. Um vinho muito delicado, de cor bem translúcida e aromas de morangos e framboesas bem sutis. Talvez o vinho mais delicado da feira, que se fosse provado após passar por bombas chilenas, argentinas, espanholas e algumas italianas, soaria como vinho de verão, tipo um rosé. Deveria ser o primeiro dos tintos, ou o primeiro da feira, como fiz.
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Outro que mereceu destaque foi o produtor Pieropan do Veneto, com o Calvarino e o Soave Clássico. Dario Pieropan é quem estava servindo.

Outro produtor que chamou atenção foi o Tommaso Bussola, que estava em pessoa, servindo os convidados. Apesar de não ser fã de Amarones, o seu Classico Vigneto Alto TB estava ótimo.
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A argentina Viña Alicia também mereceu destaque com seu branco Tiara, um blend de Riesling, Alvarinho e Savagnin. Muito bom. O Tanagra Syrah da chilena Villard e os rieslings da alemã Donnhoff também foram marcantes.

Agora é só torcer para que daqui a dois anos, a coisa toda se repita no mesmo nível.

Fotos: Da esq.p/dir. primeira linha, Eugênio Oliveira e Oscar Daudt (foto de Luciana Plass)/François Labet do Chateau de La Tour/Dario Pieropan (foto de Oscar Daudt-Enoeventos)/ Segunda linha: Clos Vougeot Chateau de La Tour/Tommaso Bussola/novamente o Clos Vougeot.