Cobos Malbec 2000

cobosA viña Cobos em Mendoza é o resultado de um sonho compartilhado entre três amigos: O enólogo californiano, Paul Hobbs (um dos criadores do Opus One), a enóloga Andrea Marchiori, que trabalhou na Bodegas Norton e o enólogo Luis Barraud, que é o presidente da vinícola. O nome Cobos é uma homenagem a Juan Francisco Cobos, imigrante espanhol, que pediu que lhe enviassem da Espanha, sementes de Alamos, desde então, a árvore é um símbolo em Mendoza. Há uma rua em Luján de Cuyo, Mendoza, em homenagem a Juan Francisco Cobos, sobre a qual estão plantados os vinhedos da vinícola, daí o nome Viña Cobos.

Eu já tinha tido a oportunidade de tomar o Cobos Malbec, safra 2004, e confesso que tinha me decepcionado. O vinho era mastigável, grosso, denso, com muita extração, quase preto e com 14,8 de graduação alcoólica. Além disso, o vinho tinha um ataque muito adocicado, novo mundo ao extremo. Fiquei ressabiado quando me deparei novamente com esse Cobos Malbec, agora da safra 2000, e 14,4% de álcool. Para minha surpresa era um vinho totalmente diferente, ainda novo mundo, mas muito menos extraído e adocicado que o 2004. Bem mais expressivo aromaticamente e menos adstringente. Uma boa surpresa.

Didier Dagueneau. O que vai acontecer?

silex2003O que vai acontecer com os vinhos de Didier Dagueneau? O “selvagem do Loire” nos deixou em 2008 e a corrida atrás de seus vinhos aumentou assustadoramente. A última safra feita por ele, que tenho notícia, é a de 2007, que inclusive já chegou ao Brasil; mas e depois? Alguém continuará seu legado com todo seu critério?

Dagueneau era o nome mais aclamado do Loire, considerado o rei de Pouilly-Fumé, e um dos mestres no trabalho com a sauvignon blanc. Seu nível de perfeccionismo era folclórico, a produção das parreiras era mantida em um nível bem reduzido para originar frutos concentrados. A colheita era manual e de diversas passagens pela plantação para que cada cacho só fosse colhido quando estivesse em perfeita condição de madurez. Seus vinhos unem o frescor da sauvignon Blanc, com uma maior complexidade e cremosidade, resultante do uso moderado de madeira. Novamente tive o prazer de tomar o seu vinho top, o Silex, safra 2003, feito de vinhas de mais de 70 anos, que representa o ápice do que se produz no Loire. Alguém sabe do destino de sua vinícola? Se souber me avise, por favor. Postagem também publicada em www.cafecaviar.com.br/blog/didier-dagueneau-o-que-vai-acontecer/

Mudança na Classificação de 1855!

bordeaux2A classificação de 1855, dos vinhos do Médoc nunca foi revisada, a única alteração foi a promoção do Mouton-Rothschild de segundo cru para premier cru em 1973, após um grande lobby com o governo françês. Essa classificação foi baseada nos preços dos vinhos à época; e baseado nesse critério, a revista inglesa Decanter, publicou uma revisão dessa classificação com base nos preços “en premier” das safras de 1996 a 2005. O que mudaria em uma possível revisão:

*Mouton-Rothschild continuaria premier cru.
*La Mission Haut-Brion – Fora da lista de 1855, seria um dos tops dos 2cru.
*Palmer (atualmente 3cru) e Lynch Bages (atualmente 5cru) seriam 2cru.
*Le Forts de Latour (2 vinho do Ch.Latour) e Pavillon Rouge (2 vinho do Ch. Margaux) = 3cru.
*Haut-Marbuzet e Sociando-Mallet (dois Cru Bourgeouis) seriam 4cru.
*Phélan-Ségur e Gloria (dois Cru Bourgeois) seriam 5cru.

Quem cairia para 5cru:
*Rauzan-Gassies (atualmente 2cru)
*Durfort-Vivens (atualmente 2cru)
*Cantenac-Brown (atualmente 3cru)
*Ferrière (atualmente 3cru)

Quem seria removido da classificação:
*Desmirail (3cru)
*Boyd-Cantenac (3cru)
*Marquis d´Alesme Becker (3cru)
*La Tour Carnet (4cru)
*Pouget (4cru)
*Grand Puy Ducasse (5cru)

Essa revisão foi feita por Benjamin Lewin (MW), e está em seu mais recente livro, What price Bourdeaux?

O segundo vinho é tão bom quanto o primeiro?

les_hauts_de_pontetOs segundos vinhos eram um pensamento distante até pouco tempo. Poucos châteaux os tinham, e sua relação com o primeiro vinho era um tanto obscura. Hoje em dia, todo château, de Cru Bourgeois para cima tem um segundo vinho que ostenta uma ligação com o primeiro vinho da casa. A história diz que os segundos são parte de uma incessante busca pela qualidade, tirando as uvas que não são boas o suficiente para fazer o primeiro vinho. Os lotes de uvas excluídos permitem fazer um vinho que mostra o château, a um preço muito mais baixo.

A realidade é um pouco diferente. Apenas metade dos segundos tem referência no primeiro vinho. É que as uvas descartadas para se fazer os primeiros vinhos, muitas vezes são misturadas as uvas de vinhas que foram replantadas. Essas vinhas jovens não produzem uvas de qualidade superior durante alguns anos, e essas entram na composição do segundo vinho.

Outros segundos vinhos são feitos de uvas colhidas de parcelas de terra que nunca entraram na composição dos primeiros (apenas 10% dos segundos são feitos de uvas colhidas de parcelas do primeiro, mas descartadas para esses).

Segundos vinhos também diferem dos primeiros. Tipicamente tem mais merlot e menos carvalho, tornando-os mais frescos e acessíveis em sua juventude.  A grande questão é saber se os segundos oferecem um grande valor, pois os châteaux colocam sua experiência a um preço inferior, ou eles tem um preço baixo por o primeiro vinho ter um preço inflado. Fonte: Revista Decanter.

The Armagh Shiraz 1996

armagh1Um vinho excepcional, fora de série. Sempre tenho manifestado minha preferência por vinhos do velho mundo, mas não podia deixar de relatar meu encantamento com esse australiano, 100% shiraz. Feito por Jim Barry, que comprou terras no vale do Clare, sul da Austrália em 1959, construiu a vinícola em 1973 e lançou seus primeiros vinhos em 1974. O primeiro Armagh shiraz foi lançado em 1985, por Berry, que o elaborou a partir de vinhas de baixa produtividade que ele plantou em 1968, oriundas de um clone de aramgh2shiraz que veio de Israel. Armagh é o nome de um vilarejo fundado por irlandeses em 1859, já o vinho Armagh é encantador, cativante. Ao cair na taça, uma cor negra, concentradamente assustadora para um vinho de 14 anos, nenhum sinal de evolução visual, o que não era um início muito promissor. No nariz, começava o encanto, aromas de eucalipto, ervas, bastão de mocha…Muito complexo, como nenhum outro vinho do novo mundo se mostrou. Na boca era longo, com equilíbrio, a cada gole dava vontade de tomar o próximo. Por enquanto, o melhor vinho do novo mundo que já tomei.

Matt Skinner não prova tudo que indica.

mattskinnerMatt Skinner, crítico de vinhos e sommelier do restaurante Fifteen de Melbourne, que pertence a Jamie Oliver, admitiu que em seu último livro-guia “In The Juice 2010” não provou todos os vinhos recomendados. O guia lista principalmente vinhos Australianos da safra 2009, que ainda não tinham sido engarrafados na época de lançamento do livro. Ele justificou dizendo que safras anteriores tinham servido de subsídio para avaliação, e que esses vinhos não tinham variação significativa de uma safra para outra. Matt Skinner tem um livro editado no Brasil sob o título: “Sem Segredos”. Fonte: Revista Decanter, Foto:Cris Terry.

Cru de Beaujolais

morgoncoquardDica fantástica do excelente sommelier Sidney Lucas. O vinho Morgon, da Maison Coquard Beaujolais safra 2006 é um primor. Muito frutado, de corpo leve, altamente perfumado (morango, framboesa e cereja), é sem dúvida uma grande alternativa para tintos franceses de pinot noir. O vinho em questão é um Cru de Beuajolais (há 10 Crus em Beaujolais), 100% gamay, com 13% de teor alcoólico. Colheita exclusivamente manual, 30% do vinho envelhece em barris de carvalho e ao contrário dos Beuajolais nouveau, tem uma estimativa de guarda de 6 anos. Deve ser servido um pouco mais resfriado que tintos de mais corpo, a uma termperatura de 14 graus (os aromas não se esconderão). Um vinho imperdível para quem aprecia esse estilo. Compre correndo e depois me conte.

O desaparecimento de um Cru Bourgeois Exceptionnel

zdA categoria Cru Bourgeois teve início em 1932, com os Château que ficaram de fora da famosa classificação dos vinhos do Médoc de 1855. A última revisão data de 2003 quando houve muita controvérsia, inclusive com o Château Sociando-Malet não participando dessa revisão, por seu proprietário, Jean Gautret, não achar necessário esse título para poder vender seu vinho. A revisão de 2003 foi anulada nos tribunais, mas é a mais usada mesmo que informalmente. Ela classificou os 09 melhores vinhos como Cru Bourgeois Exceptionnel, 87 como Cru Bourgeois Supérieur e 151 apenas como Cru Bourgeois.

Um dos Exceptionnel deixou de existir. O Château Labégorce Zédé de Margaux se tornou parte da propriedade irmã Château Labégorce, que agora tem 55 hectares, e produzirá um segundo vinho chamado Zézé de Labérgoce. Algumas parcelas selecionadas serão utilizadas para fazer o vinho da também propriedade irmã, Château Marquis d´Alesme, esse sim terceiro cru na classificação de 1855, que se chamava Château Marquis d´Alesme Becker. Fonte: Revista Decanter, Foto: Berry Bros. e Rudd. Essa postagem também foi publicada no site Café Caviar. www.cafecaviar.com.br/blog/o-desaparecimento-de-um-cru-bourgeois-exceptionnel/

O maior colecionador de vinhos do Mundo!

chasseuil1O nome dele é Michel Chasseuil, francês, 67 anos, nasceu e mora em La Chapelle-Bâton em Poitou-Charentes, oeste da França. Filho de carteiro, após uma temporada no exército, mudou-se para Paris para trabalhar para Dessault Aviação, como engenheiro aeronáutico. Ele começou a se interessar por vinhos fazendo discursos para venda de caças militares. Levando os possíveis clientes para as casas noturnas parisienses, e consumindo algumas garrafas caras.

Gastava seu salário em leilões de vinhos, primeiro na França, depois pelo resto da Europa. Iniciada aos 20 anos, a coleção tinha 1.000 garrafas em 1970, 5.000 em 1980, 15.000 em 1990 e hoje tem 25.000, sendo considerada a maior coleção particular do mundo. Em 1992 ele gastou os 100.000 dólares, de seu bônus de aposentadoria, na compra de vinhos raros.

Sempre que possível, compra duas caixas do mesmo vinho, uma para coleção e outra para beber (ele nunca abriu uma garrafa da coleção). Contudo, a disparada de preços o faz vender a segunda caixa, como ocorreu com uma de Petrus 82, que ele comprou por $460 e a vendeu por $50.000. Com o dinheiro ganho ele compra mais vinhos. Chasseuil bebe 4 copos de vinho tinto por dia e prefere os do Madiran, ou do Château Feytit-Clinet (Pomerol) que é de sua propriedade e de seu filho Jérémy.

Para proteger sua coleção de roubo, projetou uma adega de alta segurança ao lado de sua casa. Três portas blindadas com códigos de segurança e proteção por radar. Um verdadeiro Bunker que fica a 6 metros de profundidade. Não satisfeito, a adega possui passagens de transporte tão estreitas, que só permitem passar uma caixa por vez, minimizando uma tentativa de roubo.

O que tem na adega de Chasseuil:

40% é Bordeaux e 30% Borgonha.

A garrafa que ele mais tem: Château d´Yquem.

Verticais: Château Lafleur – 40 safras, 1947 a 2007, Château Le Pin – 1982 a 2005, Petrus 1941 achasseuil2 2005 (tirando as 3 safras que não existiram), yquem 1811 a 2005.

Como mantém a organização de tudo: Na memória.

Fonte: Wine Spectator, Fotos: Michel Chassuil (ParisMatch.com) e Adega (academiedesvinsanciens.org)

Robert Parker é Proibido de entrar na Borgonha?

robert parker 2Dizem que Robert Parker é proibido de entrar na Borgonha, na verdade isso não existe, o que ocorre é que em 1993, na terceira edição do Parker´s Wine Buyer´s Guide, no final de quatro páginas e meia de uma crítica altamente positiva dos vinhos do Domaine Faiveley, Parker escreveu: “Do lado sombrio continuam circulando rumores de que os vinhos de Faiveley degustados no estrangeiro são menos ricos que os degustados em suas adegas – algo que eu também já notei. Humm…!”

Esse comentário levou François Faiveley, uma das figuras mais queridas da Borgonha a Processar Parker, de quem era bem amigo, em fevereiro de 1994. Chegaram a um acordo em outubro desse mesmo ano, com Parker fazendo um pagamento simbólico de um franco e eliminando as linhas polêmicas das futuras edições e cessando a distribuição da edição corrente. Faiveley disse que se não tivesse nutrido tanta afeição por Parker antes do ocorrido, teria levado a ação adiante. Depois disso, Parker passou a ter vários pedidos de degustação negados, por diversos produtores da Borgonha em solidariedade a Faiveley, que também não mais o recebia. Sendo assim não fazia mais sentido ir à Borgonha, e em dezembro de 96 ele contratou Pierre-Antoine Rovani para cobrir essa região para seu periódico. Fonte: O Imperador do Vinho-Elin McCoy.