Chateauneuf Californiano

Boony Doon é a vinícola californiana de Randall Graham (veja a entrevista dele aqui, parte 1 e parte 2) que produz vinhos biodinâmicos em Santa Cruz. Fugindo dos padrões californianos, que produzem principalmente cabernet sauvignon e pinot noir, Graham faz alguns vinhos ao estilo Rhone. Sempre com o bom humor incorporado ao marketing, seus dois principais vinhos se chamam: Le Cigarre Blanc e Le Cigarre Volant. Esses nomes fazem referência a discos voadores  como explica o contra-rótulo: Em 1954 no auge do assunto OVNIs, os viticultores de Chateauneuf du Pape aprovaram um decreto municipal que proibia discos voadores (Cigares Volants) pousarem em seus vinhedos.

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Randall Graham diz não ler a crítica de vinhos por achar que as degustações são feitas de maneira muito imprecisa. “Não é possível entender um vinho degustando-o por apenas um segundo. Isso é apenas um retrato do momento”. Tomei seus dois principais vinhos e minhas impressões foram as seguintes:

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Le Cigare Blanc 2004 – Roussane 73% e Grenache Blanc 23%. É um vinho denso, encorpado e cor bem amarelada, mostrando certa evolução. Bastante mineral e com boa acidez, me lembrou muito o chateuaneuf branco La Bernardini do M.Chapoutier, com muitas frutas tropicais no nariz. Excelente para quem gosta de brancos encorpados como eu.

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Le Cigare Volant 2002 – Syrah (34%), Mouvédere (36%), Grenache (22%), Cinsault (7%) e Counoise (1%). Esse é um exemplar já com bastante evolução. Sua cor já mostra uma borda alaranjada e seus taninos bem resolvidos. No nariz muita especiaria, pimenta e ameixa. Para quem gosta de vinho evoluído é um prato cheio. Tanto esse vinho como o anterior, usam vedantes de rosca, o que demonstra a qualidade desse tipo de vedação. Na Vinci Vinhos, que é representada em Brasília pela Bordeaux Casa e Vinho (3248 7311)

Schietto di Spadafora no Niver do Viggiano

bruck-schiettoNo último dia 16 participamos da festa de aniversário do amigo Mário Viggiano. Foi uma comemoração cheia de emoção e regada a muuuiiittoo vinho. Aproveitamos para botar em dia o papo entre os amigos da confraria Amicus Vinum. Lá provamos várias ampolas, dentre elas destaco três.

* Schietto Syrah Spadafora 2003 – Vinhaço! Um “syrah” com alma italiana feito por um dos maiores vinhateiros da Itália. A safra ainda pedia anos para abertura mas já está boa agora, depois de 1,5 horas de decantação. Taninos sobressaem-se mas não totalmente adstringente na boca. Aromas de couro, estábulo, frutas pretas. Na boca vivacidade plena, em corpo médio e excepcional acidez. Um fenomenal sucesso de equilíbrio e harmonia di Spadafora. Vinho de sabor, de pensamento, de total prazer! Nota: 93 pts.

* La Lepre 2006, de Fontanafredda. Olfato tem ataque inicial de frutas negras (ameixa e figo). Não é muito complexo, mas surpreende na boca, onde revela um vinho opulento, viril, de taninos ricos e potentes sem agredir o palato. Destacado na acidez e na presença de fruta. Sem madeira, amadureceu seis meses em tonel de aço inoxidável com temperatura controlada. Termina fresco, longo e redondo. Excepcional custo/benefício. Para comprar em caixas. 87 pts.
* Papagena Barbera d’Alba 2004, de Fontanafredda. Cor vermelho rubi intenso. É da linha superior da vinícola italianabruck2Fontanafredda. Aromas abertos com boa complexidade, notas florais (violetas) sobre fruta em compota. Na boca é um vinho de taninos densos contrabalançados por boa acidez e álcool na medida. A fruta está presente mas encoberta pela madeira, não o suficiente para macular o conjunto. Teve doze meses de estágio em barrica e três na garrafa. De final longo com leve aspereza que se dissipará em alguns anos. 86 pts.

Estes dois vinhos da Fontanafredda são importados pela Bruck, do sul do País. PARABÉNS ao Mário e sua família pela recepção e pelo delicioso jantar, e pela surpreendente alcachofra servida de entrada.

Saudades do Decanter Wine Show 2010

Um dos melhores momentos desse ano, foi sem dúvida, o Decanter Wine Show organizado pela importadora Decanter. O evento teve lotação máxima nas quatro capitais por onde passou, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Florianópolis. Em todos os lugares houve lista de espera. Em São Paulo foram dois dias seguidos e não deu para quem quis. Abaixo divulgo a foto que me foi enviada pelo carioca Roberto Cheferrino, em que aparecem, da esquerda para direita: Guilherme Correa (Sommelier da Decanter), Renato Machado, Ed Motta, Adolar Hermann (Proprietário da Decanter, mais ao fundo) e eu. Todos no estande do vinho italiano Pieropan (Veneto).
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Adega na Venda do Bento – Pirenópolis

pirivbento2aA Gastronomia de PIRENÓPOLIS – Descobri mês passado, numa visita ao restaurante Venda do Bento, uma adega subterrânea. É uma aconchegante cave, construída abaixo do nível do restaurante, onde guardam-se algumas preciosas ampolas. Veja na foto que não dá vontade de sair lá de dentro. Quando estiver em Pirenópolis (100 Km de Brasília), não deixe de experimentar a elaborada comida do Venda do Bento. O cardápio provado na ocasião foi: panela de carne seca e pernil no arroz coberto com queijo e tomates, banana milanesa e mandioca frita. Tudo servido em panelinhas tradicionais. Não deixe de provar. A fazenda onde fica o restaurante – hoje um Museu – tem mais de um século de existência e já recebeu muita gente famosa, os desbravadores do Planalto Central. A especialidade é a fusão de carnes de caça com a culinária da região, com pequis, guarirobas, galinhas e toda sorte de produtos de Goiás e Minas.
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Aproveito para deixar um testemunho que não é só meu. Como diz meu amigo Pedro Mascarenhas, apesar da culinária de Piri estar crescendo a olhos vistos, não se justifica os altos preços praticados desde o último ano. Fica aqui um alerta aos administradores do turismo daquela cidade. Vamos “pegar leve, galera”.

Viña al Lado de la Casa

delacasaOutro vinho da importadora Península foi provado. Dessa vez o Viña al Lado de la Casa 2004. Esse exemplar pertence a Bodegas Castaño, da região de D.O. Yecla ao norte da província de Murcia na Espanha.

É um vinho que passa por 14 meses em barrica de carvalho francês novo com 66% Monastrell, 26% C.sauvignon, 6% Syrah e 2% Tintorera. A uva Monastrell é como se chama a Móuvedre na Espanha. Essa safra gerou um vinho de teor alcoólico de 14% e aromas adocicados bem convidativos, mas na boca ele mostra uma rusticidade, acompanhada de uma acidez, bem diferente do nariz. Um grande vinho para quem admira esse estilo. Pode ser encontrado na Adega Brasília-3340 2936.

Jantar harmonizado Bottarga Ristorante e importadora Zahil com vinhos italianos Sangervasio e Valdipiatta

risotoJantar harmonizado Bottarga Ristorante e importadora Zahil com vinhos italianos Sangervasio e Valdipiatta. Confira:
Local: Bottarga Ristorante
Endereço: SHIS QI 05- conjunto 09- Bloco D (Sobreloja do Espaço Maria Tereza)
Data: 11 de novembro de 2010
Hora: 20h
Preço por pessoa: R$ 158,00 (cento e cinquenta e oito reais), com serviço incluso.
Informações ou reservas pelo telefone: (61) 3248- 0124

Cardápio da noite:
Entrada:
Mini brandade de bacalhau no leite de coco, queijo coalho no mel de tomilho, tartare de atum com saladinha de maçã verde e Patê de Campagne.
Harmonização: Tosca Chianti Colli Senesi (Tenuta Valdipiatta)
1° prato
Risotti do Contadino (linguiça artesanal, vinho tinto e alho poró)
Harmonização: Sangervasio Rosso IGT (Sangervasio)
2° prato
Paleta de Cordeiro Assada com perfume de trufas
Harmonização com supertoscanos: Trefonti IGT (Valdipiatta) e A Sirio Rosso (Sangervasio)
sobremesa
Trilogia Bottarga (formada por três camadas: ganache de chocolate com nozes: peras laminadas cozidas ao vinho e anis estrelado; e zabaglione com vinho do porto; além de uma bola de sorvete de creme Saborela)
Harmonização: Vinho do Porto Offley Tawny

Programas de Vinho para Celular

wiphone1Resolvi procurar na Web programas e aplicativos de Vinhos que rodam em telefones celulares, mais especificamente no iPhone.
Pasmem porque existe quase um milhar, eu disse MIL, softwares de vinhos para celulares. Desde catálogos, agendas, bancos de dados, bibliotecas, revistas, lojas de vendas, guias e Logs (cadernetas), até jogos. Tem, ainda, jornais com notícias de vinho diretamente no celular. O número de programas para gastronomia é quase três vezes maior.

Tem aplicativo que indica onde, hora, local, restaurante Michelin, e tudo o mais por sinais de satélite. Basta você registrar que vinho está bebendo, e ele completa os dados com informações da sua atual localização, por GPS…Que loucura! Existe um que traz notícias promovendo a proteção à cortiça, em Portugal. Um outro funciona como uma Lan-house. Isso mesmo! Se você estiver num restaurante junto com vários outros frequentadores que utilizem este aplicativo, todos ao mesmo tempo podem checar o que cada um está tomando naquele exato momento. Uma verdadeira rede Wi-Fi enófila [risos].

Adquiri vários destes aplicativos – não me custou tão caro, pois a maioria não passa de 3 dólares [risos] – e fiz algumas resenhas para os leitores do DCV.

* Wine Cellar é muito bacana, interativo, completo e dos melhores.wiphone2
* Hello Vino é excelente. Um verdadeiro compêndio de harmonizações, tanto para vinhos como para as comidas. Ótimo!
* WineSnob – Um bom log para suas provas. Tem ainda harmonizações e glossário de termos técnicos.
* WineGuide Enthusiast – Catálogo completo da revista Enthusiast, com resenhas de milhares de vinhos e boa agenda pessoal. Muito bom.
* Corkbin – Um log p/ você montar, com fotos dos seus vinhos. Além de rede social de provadores online. Super Legal!

wiphone4Em português existem SÓ quatro deles, e são:
* WineTag – Avaliações de vinhos e centenas de dicas. Vinícolas, etc. É versão APPL do Site da maior rede social de vinhos ao Brasil. EXCELENTE!
* Expand – Catálogo vinhos da Expand, além de outras facilidades;
* Adega24 – Muito bom. Avaliações de vinhos, catálogo, regiões, e Mapas das vinícolas;
* Guia Bares e restaurantes – versão celular do guia dos Bares e restaurantes, por cidades.

Se você é viciado como eu em tecnologia e conhece outros aplicativos, mande seu comentário. Se quer saber mais sobre programas para celular, deixe suas dúvidas.

Alter Ego de Palmer, Grand Puy Lacoste, Clos de Thorey…

alterCompareci ao jantar (23/10/10) oferecido pelo casal Marli e Gastão Guaraciaba em sua residência, e tive uma das melhores noites do ano. Recebido pelo Gastão com um de seus velhos conhecidos single-malte, mesmo não sendo um bebedor de whisky, deu para perceber que a bebida era diferenciada. Logo depois partimos para as garrafas que nos aguardavam. Os destaques foram os seguintes:

Alter Ego de Palmer 2006 – Segundo vinho do Chateau Palmer (Margaux), se mostrou muito agradável apesar da safra recente. Os taninos sem agressividade, aromas de cassis e um tostado leve, tudo bem delicado, foi o vinho que mais agradou a maioria dos participantes.

Château Grand Puy Lacoste 2004 (Pauillac) – Esse é o primeiro vinho do château e de uma safra não tão glorificada, o que significa que estará pronto muito antes que os de grandes safras. Aqui aromas bem mais complexos, medicinais, de iodo, mertiolate e cravo. Um vinho mais denso e robusto que o Alter Ego, mas sem ser um vinho pancadão. Foi o meu preferido.

Clos de Thorey, Nuits-Saint-Georges Premier Cru 2006 (Domaine Rodet) – Um pinot noir dagastao Borgonha com todos os atributos. Corpo bem mais leve que o Bordeaux, cor mais translúcida, acidez marcante e amargor característico. Agradou a todos.

Os vinhos, já sabíamos que eram de qualidade, então a maior surpresa da noite foi descobrir que o jantar foi todo preparado pela Marli que se revelou uma verdadeira chef, fazendo pratos e sobremesas maravilhosos, que dificilmente seriam batidos em restaurantes da cidade. Parabéns e obrigado pela noite. Na foto o casal anfitrião.

Edição especial da Revista diVino

divinoEdição de aniversário de 02 anos da revista diVino. Essa revista é bimestral e bastante difícil de ser encontrada em bancas, principalmente fora de São Paulo. Devido a essa dificuldade, aconselho assinar, pois é uma revista muito bem impressa e seu grupo de colaboradores conta com Manoel Beato e Alexandra Corvo, entre outros.

Essa edição está imperdível:

Harmonização de vinhos com feijoada no restaurante Dinho´s (SP).

Super entrevista com o MW neozelandês Bob Campbell.

Marco Danielle encontra Claude Courtois no Loire e Philippe Pacalet na Borgonha.

Degustação de 08 Super-Bordeaux safra 1982.

Painel de 14 Côtes du Rhône.