San Vicente, o novo Rioja da Península

sanvicenteVinho espanhol, da Rioja, San Vicente 2004. Esse vinho é um lançamento da importadora Península, que trabalha exclusivamente com vinhos espanhóis de alta qualidade. O vinho Hécula 2005 (também da Península) acaba de ser escolhido como o melhor exemplar, entre 12 amostras da uva Monastrell, pela revista Gosto que está nas bancas. Essa degustação foi conduzida pelo tarimbado enófilo curitibano Guilherme Rodrigues.

Voltando ao San Vicente 04, é um vinho feito com a variedade Tempranillo Peludo, cepa em desuso e que quase desapareceu por causa de seu baixo rendimento. Rende menos de 01 kg por videira. Situada em San Vicente de la Sonsierra, vila histórica em que se situa a plantação de 18 hectares em solo argilo-calcáreo, plantadas por Guillermo Eguren. É um vinho moderno, com nariz bastante generoso e cremoso na boca. Um Rioja mais para o atual que para o clássico, mas nem por isso deixa de ser um grande vinho. Daqueles que quando a garrafa acaba você logo pergunta: Tem outra? Fantástico. Em Brasília pode ser encontrado na Adega Brasília (405 Norte/3340-2936).

Chateau Valandraud

valandraud1Jean-Luc Thunevin é chamado de Bad Boy de Bordeaux. Em 1991 (com 1.500 garrafas) iniciou a saga de sua vinícola caindo nas graças de Robert Parker, que o apelidou assim, por fazer seus vinhos de cor bem escura, concentrado, de aroma fresco, e mesclar a clássica doçura e pureza da fruta. Isso tudo com ajuda do enólogo consultor Michel Rolland. Thunevin é considerado o criador dos vinhos de garagem. Título que recebeu, por usar a garagem de sua casa, para abrigar os primeiros tanques de fermentação e barricas de carvalho.

Robert Parker ficou fã e isso gerou uma disparada nos preços de seus vinhos. Por causa de sua         valandraud2reputação, o Chateau Valandraud (o top da vinícola), tem um posicionamento de preço muitas vezes acima dos Premier Grand Cru Classés de Bourdeaux, obedecendo às implacáveis leis de mercado; gerando desconforto em alguns produtores tradicionais. Jean-Luc costuma dizer que o Valandraud pertence a uma Apelação de Origem “Incontrolada”. O Valandraud 2003 é um corte de 70% merlot, 28% c.franc e 2% malbec, esse corte varia a cada safra. Ainda não abri essa garrafa, pois pelo descrito, deve estar bem explosivo, coisa que não me agrada muito. Vou deixá-la envelhecer mais, aí eu abro e conto.

Vinhos gregos em alta

nemeaAproveitando que dias atrás provei mais um vinho de origem grega, aberto por um amigo, vou falar um pouquinho destas deliciosas ampolas que começam a invadir os catálogos das importadoras, como também dos supermercados. Na verdade, há cinco anos fui apresentado a estas maravilhas vínicas em minha viagem àquele fantástico país, a Grécia. O vinho provado à época foi um branco da uva assyrtiko, da Ilha de Santorini, de nome Αντóνιο (Antoniou, em grego). De lá para cá não canso de divulgar estes vinhos, pois já provei cerca de quinze deles e todos, sem exceção, surpreenderam pela qualidade, evolução e elegância. O gregos sempre foram grandes produtores de vinho, sendo provado que há pelo menos 4 mil anos já existiam vestígios de suas adegas. É claro que desde então seus descendentes renegaram, ou melhor, colocaram em inércia estes saberes. É, parece que nossos produtores jônicos não esqueceram o aprendizado milenar e agora retornam com força total ao mundo da vinicultura. Syncharitíria (parabéns)!!!


O vinho ofertado pelo amigo Boby Filho foi um NEMEA Reserve Tsantali 2004. Ótimo vinho! Delicioso à mesa e também com acepipes de queijo, especialmente queijos gregos. Feito de agyorgitiko, uva tinta clássica da Grécia, esta ótima ampola é bem equilibrada apesar de certo excesso de madeira (12 meses de barrica), mas guardando elegância. Recomendado, principalmente pelo preço. Ressalva: beber esta safra agora pois já está em declínio. O bacana é que ele pode ser achado nas lojas do Carrefour, além do Wal Mart, à bagatela de 29 reais… Um achado!! Nossa avaliação para este “prodígio” grego: 87 pts.
Você pode achar outros rótulos gregos pesquisando por “Grécia”, no campo Pesquisas do DCV.

Revista Veja elege os melhores Sommeliers de São Paulo

vejaspA revista Veja São Paulo, Comer e Beber edição 2010-2011 acaba de eleger os melhores sommeliers de São Paulo. Os eleitos pela revista foram os seguintes:

1 lugar – Tiago Locatelli (Varanda)

2 lugar – Giuliana Ferreira (Grupo Rubayat) e Gabriela Monteleone (Gero)

3 lugar – Débora Breginski (Dressing), Daniela Bravin (Ici Bistrô) e Manoel Beato (Fasano).

Certamente uma cidade gastronômica como São Paulo, não está limitada aos premiados. Há inúmeros profissionais tão bons quanto os laureados e que talvez por falta de oportunidade, não tenham sido indicados esse ano. Só para citar alguns que conheço: Ramatis Russo (Emiliano), Alexandra Corvo (Ciclo das Vinhas), Lis Cereja (Saint Vin Saint), Eliana Araújo (Capim Santo), Anderson Araújo (Ráscal) e Jô Barros (La Mar), poderiam perfeitamente estar entre os eleitos.

Parabéns aos premiados, que com certeza merecem estar na lista, e à revista Veja que, estipulando esse prêmio incentiva e demonstra a importância desse profissional no restaurante.

Se quiser indicar um sommelier competente, como os citados, de São Paulo, me enviem o nome e local de trabalho que publicarei nos comentários.

Adegas – Post vira Fórum no DCV

ALERTA AOS FABRICANTES DE ADEGAS CLIMATIZADAS
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Nossa postagem do dia 04/03/10 está batendo recordes de acessos e comentários, com 48 já registrados enquanto escrevo neste momento. Ou seja, virou praticamente um Fórum de discussões! E tudo isso graças aos curiosos internautas e cidadãos brasileiros que estão cada vez mais antenados com relação aos produtos que consomem. Um verdadeiro compêndio de dados estatísticos que serve de base e alerta aos fabricantes de eletrodomésticos nacionais, para ficarem ligados na qualidade e evolução de seus produtos. Se você quer saber o que está rolando na postagem sobre Adegas, corra para lá ( clique aqui ), e aprenda sobre o assunto com a divertida e valiosa troca de informações entre os leitores.

Blog DCV: muito além do óbvio em serviço de utilidade pública!  🙂

Vinhos orgânicos: coisa antiga no mundo de Baco

romaneeTudo começou quando um colega da Faculdade de Gastronomia pediu-me para dar uma consultoria a um novo restaurante que estava surgindo na Cidade e queria montar uma carta de vinhos orgânicos/biodinâmicos. Eu já conhecia muitas ampolas produzidas desta forma mas voltei-me a uma pesquisa mais aprofundada.
Muitos enófilos e apreciadores de vinho desconhecem este tipo de produto mas que em realidade é bem mais comum do que parece. Em primeiro lugar vamos conceituar um pouquinho [risos]. O vinho tradicional aplica a agricultura comum de plantio, usando podas e colheitas mecânicas na sua maioria e tratam o solo com herbicidas e fertilizantes químicos – se bem que neste quesito a vinicultura é mais saudável e sempre busca o equilíbrio ambiental. Na cultura orgânica, o solo das videiras é tratado de forma harmônica com a natureza e produtos como: pesticidas e adubos são de origem natural – são os vinhedos ecológicos. Até na vinificação são usados produtos naturais e não é permitido SO2 ou conservantes artificiais. Os vinhos biodinâmicos, além dos cuidados dos produtos orgânicos, adotam técnicas agrícolas não usuais, como: ciclos lunares para podas, posicionamento astrológico do vinhedo, dentre outras “filosofias”. Estes produtores tratam as vinhas como um organismo vivo, por isso consideram a interação: homem X meio ambiente, essencial para produção de bons vinhos.

Como vocês irão perceber, os orgânicos não são raros e muito menos difíceis, pelo contrário; o mercado brasileiro está infestado de rótulos para todos gostos. A história da produção de vinhos orgânicos remonta ao início do séc.XX, quando antes da 1a. Guerra Mundial vários vinicultores na França e na Itália, começaram a produzir de forma contínua. Dentre eles temos o laureado Domaine Romanée Conti, como um dos exemplos de vinhos de enorme prestígio, que investem na agricultura orgânica há um bom tempo. Na França, existe desde 1991, a Associação “Bio” do Languedoc com quase 200 produtores de vinho orgânico! AIVB-LR Association Interprofessionnelle des Vins Biologiques du Languedoc-Roussillon (www.millesime-bio.com/v2/). E, ainda, a AVAP (Association of Agrobiologic Wine Growers from Provence). Na Itália e Alemanha os produtores crescem a ponto de influenciarem a legislação agrícola naqueles países.

No Brasil várias importadoras se especializam em vender estes vinhos. A Mistral conta com um rol de quase 50 marcas; a Vinci também vende umas três dúzias de rótulos; a Grand Cru tem diversas marcas e a Decanter traz um portfolio recheado; além de outras importadoras.

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O que você acha de defender a natureza quando estiver abrindo uma garrafa? Abra um vinho orgânico e participe da campanha por produtos eticamente corretos. O meio ambiente agradece e as videiras também!  😉

Deixo para vocês uma “pequena” lista de vinhos orgânicos:

– Espumante Prosecco di Valdobbiadene – Cantina Perlage (ITA)
– Marche Sangiovese I.G.T. – Perlage (ITA)
– Etna Rosso DOC – Tenuta Terre Nere (ITA)
– Bürklin Riesling, (ALEmanha)
– De Martino Cabernet Res. Família (CHI)
– Romaneé-Conti (FRA), biodinâmico
– Pétalos del Bierzo (ESPanha)
– Zuccardi (ARG)
– Coyam Emiliana (CHI)
– Nativa Gran Reserva (CHI)
– Château Le Puy Bordeaux (FRA), biodinâmico.

Laville Haut-Brion 1999

laville1O Laville Haut-Brion é o vinho branco do La Mission Haut-Brion. Ambos pertencem aos mesmos proprietários do Chateau Haut-Brion, e o Laville divide a importância, para muitos, de o melhor Bordeaux branco, com o Haut-Brion Blanc. O Laville é produzido em Pessac-Leognan, que tem a fama de produzir os melhores brancos de Bordeaux, predominando a casta Sémillon (em torno de 70%), seguida da Sauvignon Blanc (23-27%) e o restante por Muscadelle. A idade média das vinhas é de 50 anos e desde 1983 a equipe do Haut-Brion tem atuado na singularidade do vinho, laville2deixando-o distinto do Haut-Brion Blanc. A partir dos anos 90 o Laville começou a ser fermentado e envelhecido em barris de carvalho por aproximadamente 15 meses, pois no passado ele era muito sulfuroso. Hoje a dosagem de enxofre está bem mais amena, mas ainda é um vinho que pode envelhecer bastante.

O Laville-Haut Brion que tomei era da safra 1999, e tinha uma cor amarelo-ouro, com uma viscosidade oleosa, encorpado e com aromas de fruta tropical madura, como abacaxi e pêssego em calda. Um vinho bem mineral e com aquele final infinito, que não dá vontade de beber outra coisa. Excelente.

Stratus 2007, Riesling Icewine

stratus1Como tenho dito, minha mais nova descoberta, e consequentemente mais nova paixão, são os icewines. Jamais imaginei que um dia me empolgaria com vinhos de sobremesa. Pude provar outro exemplar canadense, da Stratus Vineyards, feito da uva riesling. O Canadá é o maior produtor de icewine e diferentes cepas são usadas para fazê-lo, entrestratus2 as quais a já citada, ehrenfelser e a Vidal. Essa última faz a fama dos icewines canadenses por raramente ser encontrada em outro lugar.

Esse Stratus riesling é feito em Ontário e tem uma intensidade única, com excelente acidez, que não o deixa enjoativo. Cremoso, termina longo, com retrogosto refrescante. Já presenciei Sauternes sobrando em garrafas de 375 e 750 ml principalmente, mas ainda não vi restar uma gota em garrafas de icewine. Principalmente se eu estiver por perto.

Curiosidades sobre rótulos do Château Mouton-Rothschild

Como muitos sabem, o Château Mouton Rothschild estampa em cada safra um rótulo artístico diferente. Normalmente, é feito por um artista famoso do mundo da pintura, se bem que, a de 2004 foi feito pelo príncipe Charles da Inglaterra. Desde 1945 é assim, cada ano um rótulo diferente, retomando uma idéia utilizada pelo próprio château, nas safras 1924(homenageando o primeiro engarrafamento no château), 1925 e 1926.

                                                     1924

Retomado em 1945, com o rótulo em comemoração a vitória na segunda guerra mundial, o rótulo é conhecido como o “V” da vitória, feito por Philippe Jullian, em referência a Winston Churchill.

                                                     1945

O rótulo da safra 1953, celebra o centenário da aquisição do château, em 11 de maio de 1853, pelo Barão Nathaniel de Rothschild, que imediatamente rebatiza, o antes Château Brane-Mouton, em Château Mouton-Rothschild.

                                                     1953 

A safra de 1973 homenageou Pablo Ruiz Picasso, falecido em 08 de abril desse ano. Não foi uma boa safra, mas por ser o ano em que a classificação de 1855 foi revista, elevando o Mouton a premier cru, e o rótulo do Picasso, fizeram com que as vendas disparassem.

                                                     1973                                                      

Em abril de 1977, a convite do Barão Philippe de Rothschild, Sua Majestade Rainha Elizabeth, Rainha Mãe da Inglaterra, passou três dias no Mouton devido à visita oficial a Bordeaux. Para comemorar, e com a permissão da Rainha, a safra teve rótulo comemorativo alusivo à ocasião.

                                                     1977                                                     

 

No ano de 1978, o rótulo foi encomendado ao artista canadense Jean-Paul Riopelle. Ele preparou dois rótulos. Como ficou difícil escolher entre eles, se optou engarrafar metade da safra com um rótulo, e a outra metade com o outro.

                                                                          1978                                                      

O pintor suíço Hans Erni, fez o rótulo da safra 1987, que foi dedicado a Philippine de Rothschild, filha do Barão Philippe, que faleceu em 20 de janeiro de 1988.

                                                     1987 

O rótulo do 1993 foi polêmico. Feito por Balthus, retratava uma adolescente nua, o que não agradou em nada os norte-americanos. Para ser vendido nos EUA, o Mouton teve que retirar a gravura do rótulo. Assim pela segunda vez o vinho tinha dois rótulos.

                                                      1993                                                      

Para a safra do milênio, o château quebrou a tradição, e no lugar do rótulo colocou uma serigrafia de um carneiro dourado, que é o emblema do château. Assim transformou a garrafa em item de colecionador.

                                                     2000                                                    

 

A safra de 2003 marca o aniversário de 150 anos do château. O rótulo homenageia o Barão Nathaniel de Rothschild, que comprou e rebatizou o Mouton em 1853. O rótulo é uma foto do Barão.

 

                                                     2003                                                      

Fontes: Site Oficial e Guia Larousse do Vinho – Manoel Beato / Fotos: Site Oficial
Postagem feita por mim em 26/07/2009, e publicada originalmente no blog Um Papo Sobre Vinhos do meu amigo Guilherme.

                                                                 

 

 

                                                      

                                                      

                                                      

                                                   

                                                   

Dom Francisco 402, compromisso com a qualidade

Mais uma noite insuperável no restaurante Dom Francisco 402 sul, comandado pelo casal Giuliana Ansiliero e Edinho Monteschio. Não me canso de tecer elogios a essa casa que, além da ótima comida, dá um tratamento diferenciado ao vinho. Sommelier capacitado e vinhos adegados em temperatura de serviço (além da adega principal, há outra só para brancos, e os espumantes ficam em geladeira).  O restaurante conta com inúmeras opções de vinhos, de diversas importadoras, não privilegiando esse ou aquele fornecedor. Quem ganha com isso é o consumidor. Outro mimo, que só vi no Dom Francisco, foram as taças Riedel, colocadas no restaurante pela segunda vez (após a quebra do primeiro enxoval, sim elas quebram) mostrando a busca contínua deles pelo melhor. Tanto na matéria prima quanto nos periféricos. Já ia esquecendo, apenas lá, há uma carta exclusiva de vinhos em taça, aonde você pode tomar Brunello, Amarone e outras opções desse nível.  

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Mas vamos ao jantar: Na companhia do casal citado e de outros amigos em comum, pude me deliciar de entradas acompanhadas de um Villa Francioni Sauvignon Blanc, sucedido por um Montevetrano (tinto da Campania-60% c.s, 20% merlot e 10% aglianico) e um Amarone Montresor, que escoltaram a refeição. Para finalizar, minha mais nova paixão chegou à mesa, um Icewine canadense da uva riesling, que me deixou estarrecido por sua originalidade e acidez. Isso sim é um vinho de sobremesa sério. Parabéns ao Dom Francisco, que neste ano completou 22 anos de qualidade.