Recentemente Madonna esteve no Brasil. O que pouca gente sabe é que ela se encantou por um vinho feito aqui no país. O relato a seguir foi reproduzido do programa Adega Musical, conduzido pelo grande Manoel Beato, sommelier do grupo Fasano, e que atendeu a cantora.
Primeiramente ela desembarcou em São Paulo e passou uma tarde no hotel e restaurante Fasano, onde participou de um almoço. Beato foi incumbido de servi-la sendo a primeira pessoa a entrar na sala. Serviu-lhe água e propôs os drinks, enquanto ela pedia a carta de vinhos. Folheou-a e sugeriu, para a mesa de seis pessoas (02 brasileiros e 04 americanos), um vinho tinto brasileiro. Naquele momento os brasileiros da mesa disseram que os vinhos nacionais ainda não estavam à altura dos estrangeiros, e que valia a pena escolher um importado. Madonna escolheu, então, um vinho Malbec argentino do produtor Joffré, e perguntou se o vinho era bom. Beato respondeu que sim e foi buscar o vinho. Mas, quando estava voltando, a assessora dela disse que eles tinham mudado de ideia e que queriam um rosé, e pediram um rosado da melhor qualidade. O sommelier serviu um vinho da provance chamado “R” cru classé do Domaine de Rimauresq. Beberam o vinho, adoraram e pediram uma segunda garrafa. Foi quando Beato teve a ideia de servir um vinho rosado nacional, escolhendo o Villa Francioni rosé, da região de São Joaquim, Santa Catarina. Ele abriu o vinho, serviu o copo da Madonna e perguntou se ela tinha gostado. Ela sorriu e disse que tinha adorado, e que precisava comprar aquele vinho. Portanto, muitas vezes o preconceito em relação ao vinho nacional parte de nós mesmos. O VF rosé conquistou a Madonna.
Foto Madonna: UOL, VF: Divulgação
Jantar Confraternização com SIX Degrees
No mesmo jantar de confraternização de fim de ano (ver postagem dia 23) dos amigos do amigo e parceiro do DCV, Eugênio, eu também estava presente e fizemos uma prova tríplice dos vinhos Six Degrees, da vinícola brasileira Casa Motter, localizada em Caxias do Sul. Eram os três produtos dela, que possui ainda um quarto, o Brut Rosé, que não havíamos conseguido para esta degustação. Como eram doze colegas, foi mais que suficiente para as provas e obtivemos vários comentários. Vejam o que captei na mesa de refeição somados às minhas expectativas.
Os espumantes estão listados em ordem de serviço:
– Espumante Six Degrees Prosecco: saiu-se bem melhor que o Brut. Mais consistente e agradável ao paladar. Perlage fraca e poucas bolhas, também não persistentes, cor amarelo esverdeado. Aroma lembrando borracha com sabor levemente de torrefação. Um prosecco de boa qualidade para festas e ótimo para beber com petiscos. 84 pts;
Barrua e Montessu
Conheci esses dois vinhos na degustação de lançamento da mais nova loja de vinhos de Brasília, a Art du Vin. Foram mais de 150 rótulos disponibilizados sem cerimônia aos convidados. Muitas surpresas, vinhos que já conhecia, e muitos que não.
Dois vinhos italianos me chamaram atenção, ambos feitos pela Agricola Punica, no sudoeste da ilha da Sardenha. Essa Agricola vem da associação de alguns grandes nomes do mundo do vinho como Sebastião Rosa (enólogo da Tenuta San Guido-que faz o Sassicaia), a vinícola Cantina de Satandi, o enólogo Giacomo Tachis e a própria Tenuta San Guido.
Ambos os vinhos são cortes com predominância da Carignano, um se chama Barrua Isola Dei Nuraghi I.G.T (85% carignano, 10% C.S, 5% Merlot-18 meses de barrica francesa) e o outro Montessu Isola Dei Nuraghi I.G.T (60% Carignano – 10% Syrah – 10% Cabernet S. – 10% Cabernet F. – 10% Merlot-15 meses de barrica francesa).
São vinhos profundos, que enchem a boca, ainda um pouco tânicos, principalmente o Montessu(2005), mas que deixados em decanter mostram qualidades aromáticas muito agradáveis e bem diferentes dos exemplares do novo mundo. Acidez no lugar certo, e se for acompanhado de comida, uma garrafa será pouco para satisfazer o paladar, principalmente o Barrua(2004), que elegi o melhor vinho da degustação.
Confraternização de fim de ano
Mais um ano que se encerra, e novamente fizemos nossa confraternização anual do Clube da Aeronáutica. Esse ano ocorreu no restaurante L´affaire, e fomos atenciosamente recebidos pela equipe comandada pelo maitre Crispim. Alguns colegas levaram garrafas de vinho que foram prontamente desarrolhados e servidos com o menu degustação preparado pelo restaurante, que era composto de entrada (capuccino de cogumelos), primeiro prato (peixe-abadejo), segundo prato (filé ao shiraz) e sobremesa (tortinha de maracujá).
Os vinhos, como cada um levou um, não tinham tanto compromisso com o cardápio. Dos que me recordo, havia três espumantes, 02 brut e um moscatel, Luigi Bosca Pinot Noir, Prelúdio-Marco Danielle, o chileno Coyam e dois italianos, sendo um deles um Nero d´avola.
Como disse, a noite era de confraternização, logo o vinho não era o motivo principal e serviu de coadjuvante para as estórias contadas pelos participantes. Estavam presentes Renato Nardoni, Cláudio, Diniz, Kiko, Robério, Marcelo Chagas, Ricardo, Paulo Pavão, André, Everaldo, Leone, Gastão, Marcelo Bonna e eu. Mais um ano que termina e esperamos contar com os que não puderam ir esse ano, na próxima confraternização. Boas Festas a todos!
Domaine des Granges de Mirabel
Considero esse vinho um grande achado pela sua qualidade em relação ao preço. Feito 100% com a uva Viognier, é uma bela opção, para não ter que pagar um preço bem mais elevado que se paga para se tomar um Condrieu, feito da mesma uva. Esse vinho feito por M.Chapoutier, tem qualidade superior a qualquer Viognier do novo mundo e talvez seja melhor que alguns Condrieu que existem por aí.
Desde 1995 M.Chapoutier tem cultivado algumas terras por toda região sul de Ardèche. No alto de montanhas vulcânicas do planalto de Coirons, em Mirabel (terra que antes pertencia a Olivier des Serres), o solo vulcânico é perfeito para o cultivo de Viognier. A altidude de 350 metros confere frescura e mineralidade características dessa uva. Vinificado com uma leve prensagem e depois por uma fermentação controlada a frio, 80% do vinho passa por cuba de aço inoxidável com controle de temperatura e o restante por barrica, sendo engarrafado no final do inverno seguinte.
O vinho tomado foi da safra 2005, tinha uma cor amarelo dourado, com aromas de abacaxi em calda e um certo amargor na boca, que é uma característica da Viognier. Não é um vinho delicado como a maioria dos brancos do novo mundo, mas seu frescor e mineralidade o tornam muito interessante. Raramente falo sobre preço, mas um vinho desse nível por 50 reais, acho que o assunto deve ser comentado.
TOP-20 no DCV: nossa nova seção
DO NOSSO “RANKING DE AVALIAÇÕES”.
NAVEGUE ATÉ O TOPO DA PÁGINA E
Montrachet, o rei dos brancos
Em um jantar especial, tive a oportunidade de realizar um sonho no mundo do vinho, que foi tomar o vinho branco mais mítico de todos. O ouro líquido engarrafado, Montrachet. Esse vinho é considerado o Romanée-Conti dos brancos.



Montrachet é um vinhedo de praticamente 8 hectares em que 4,01 hectares ficam em Puligny-Montrachet e 3.99 em Chassagne-Montrachet. O lado de Puligny é conhecido como Montrachet e o lado de Chassagne como Le Montrachet, que na prática não facilita muito, pois quase todos os produtores engarrafam sob o rótulo de Montrachet apenas.
O Montrachet que bebi era o Marquis de Languiche produzido por Joseph Drouhin. A família do Marquês de Languiche tem 2,06 hectares em uma única parcela, fazendo dela a maior e mais larga propriedade contínua em Montrachet. A terra pertence a família do Marquês desde o século 18, mas desde 1947 a família Drouhin comercializa os vinhos. Funciona assim: Languiche cuida das vinhas e Drouhin da colheita e vinifica em sua instalação em Beaune. Embora os vinhos sejam engarrafados sob o rótulo Drouhin, o nome Marquis de Languiche também aparece em destaque.



O vinho apreciado foi o Marquis de Languiche 1984 ! Isso mesmo 1984! Confesso que estava meio apreensivo quanto ao vinho estar bom ou não, vinho branco com 25 anos de idade não é qualquer um que resiste. O sommelier ao extrair a rolha com o abridor convencional, a partiu ao meio, por sorte ele conseguiu retirar o restante da mesma sem ter que empurrá-la para dentro do líquido. Ao despejar o vinho na taça, aquela cor alaranjada, bem carregada, com notas de oxidação que adoro. No nariz, tangerina, chá de casca de laranja, e à medida que o tempo ia passando, defumado, manteiga, pêssego, damasco e mel. Fiquei quase 03 horas tomando esse vinho. Na boca não tinha a acidez da jovialidade, mas era viscoso, denso, gorduroso, muito encorpado, quase que não podia ser legalmente considerado um líquido. Final eterno. Uma obra de arte! Um Renoir, um Monet ou qualquer outro que você prefira, mas uma obra de arte!
Vinhos nos EUA!!!
Final de ano, época de viajar e muita gente viaja para os Estados Unidos. Para quem ainda não sabe, os EUA é o melhor lugar do mundo para se comprar vinhos. Principalmente os franceses. Não sei dizer ao certo o motivo, uns dizem que o imposto para vinhos é menor que na França, outros que é por ser um grande importador, conseguem preços mais baixos, que são repassados ao consumidor, e ainda há os que falam que por comprarem antes de engarrafar, conseguem preços bem interessantes. Deve ser tudo isso junto e mais alguma coisa que não sabemos.
Nos Estados Unidos não vale a pena comprar vinho americano de primeira linha como Opus One, Insignia, Caymus ou Dominus. Eles custam bem menos que aqui no Brasil, mas pelos preços pedidos por eles lá, você compra grandes vinhos franceses que aqui custariam oito vezes mais. Sem falar no recordista de preço Screaming Eagle, que custa, em média, U$2.000,00 lá. Chega a ser um insulto pagar o preço de dois Petrus em um vinho americano.
Vinhos Espanhóis de primeira categoria como Vega Sicilia, Pingus e Contador não tem preços muito diferentes da Espanha. Muitas vezes custam até mais caro que no país de origem. Se quiser comprar vinhos desse país, concentre-se nos excelentes vinhos espanhóis de menor reputação, mas não de menor qualidade. Torre Muga, Campo Eliseo, Aalto Ps, Cirsion e Viña Tondonia são alguns exemplos.
Voltando aos franceses, esses são as grandes pechinchas, pois você não precisa focar nos grandes franceses, há vinhos bem mais baratos na faixa dos U$60,00 que aqui custam de R$400 a R$500. Há barganhas de todas as regiões vinícolas da França, Borgonha, Loire, Alsácia, Jura, Languedoc, Provance, e não apenas de Bordeaux como muitos pensam. Tudo bem, não é a melhor das tarefas carregar garrafas de vinho em viagem, ainda mais agora que elas não podem ser trazidas dentro da cabine, mas para os amantes do vinho a diferença de preço compensa qualquer sacrifício.
TOP-20 no DCV – Dia 20/12. Aguardem!

Vem aí a primeira lista TOP-20
do Site DCV.
FALTAM APENAS OITO DIAS.
Contagem regressiva… AGUARDEM !!
Rosé da Macedônia com Bacalhau
Num recente almoço em família provei dois vinhos de enorme qualidade e originalidade. O amigo Roberto Carvalho preparou um bacalhau a Zé do Pipo e nós levamos os vinhos, sendo que o amigo Joel Camargo levou este Rosé do Boutari, que deu o que falar, para harmonizar com o bacalhau.
– Rosé Sec Boutari Macedônia 2007. Excepcional vinho das montanhas da Macedônia, próximo 30 Km da divisa com aquele novo* País (ex-Iugoslávia), cujo produtor Boutari, é um dos grandes nomes do vinho grego na atualidade. Um rosé fantástico, de uma cor virtuosa. Para beber saboreando e deliciando-se. Encorpado igual a um tinto – tomado às cegas muitos enófilos irão pensar tratar-se de um tinto. Feito com uvas autóctones, possui uma tipicidade estupenda, boa acidez, fresco e vivo, mostrando toda força milenar vinífica grega. Feito da uva Xynómavro, somente encontrada na macedônia grega. Intenso aroma de frutas vermelhas e longo final, permanecendo por “váááriooooos” minutos na boca. 89 pts (conceito Ótimo). Tem uma secura e acidez perfeita para acompanhar bacalhau. Quem diria, heim. Experimentem!
– Stamp of Austrália Chardonnay/Semillon Branco, Hardy’s 2007. Um ótimo corte de Chardonnay/Semillon, que dão um sabor distinto a este representante da Austrália. Aroma de pêssego e melão, com cor palha e tons verdes. Na boca sutil untuosidade e limão, com ótima acidez e leve frescor. A colheita das uvas, ao que parece feita à noite, lhes dão um sabor diferente, além do aspecto mais floral, que deve ser resultado da mescla da semillon, uma vez que não é característica marcante da chardonnay. 88 pts (conceito Muito Bom). Mais um excelente vinho para este verão, com peixes e frutos do mar, e até bacalhau. Inclusive boa pedida para acompanhar os perus e chesters de fim-de-ano!
*Notas históricas: a República da Macedônia é hoje um pequeno País independente desde 1991, com a desanexação da antiga Iugoslávia. Ela pertenceu a Grécia durante o século XX, tendo sido anexada a Iugoslávia após a 2a.Guerra Mundial. Vinho também é cultura!