Aliança Palmela 1999 regando a noite entre amigos

Essa noite foi outra daquelas pra degustar devagarzinho, na companhia de grandes amigos, ao som de Jazz, comida de primeira, e claro, regado ao embalo dos vinhos. O reencontro dos casais Alexandre Bodani e Marina, junto comigo e Márcia, foi uma ode à amizade. O local escolhido foi o Restaurante POBRE JUAN (BsB,DF), que continua impecável na qualidade. O calor humano no recinto nem dava trela para o friozinho de fora, pelo contrário, ajudava a tornar o papo super agradável.

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Levamos dois vinhos de nossas adegas. O primeiro que foi aberto era o Alicança Particular Palmela 1999. Mais uma vez outro daqueles clássicos portugueses, que só eles sabem fazer! Adoro estes vinhos – lembram a terrinha, e sempre são lonjevos, empolgantes e inacreditáveis SURPRESAS. Assim é por exemplo o Porta dos Cavaleiros Dão, entre outros. Vinhos que deveriam valer mais apenas pela história e superação por décadas e décadas. Esta ampola havia comprado há quatro anos. Então, como já estava “velhinha”, resolvi arriscar [risos]… O Bodani, grande enófilo, e que considero sagaz provador e entendedor de vinhos – além de também garimpador como eu – não conhecia o rótulo.

O sommelier do Pobre Juan foi perfeito no serviço. Decantamos e esperamos arejar por 1/2 hora e resfriado, lógico. Na abertura, surpresa: ainda tinha aromas; primeiro bom sinal. No nariz não surgiu cheiro de mofo, mas notas leves, suaves, de caramelo e frutas pretas maduras, sem denotar que estava 14 anos trancado na garrafa. Na boca as coisas melhoraram mais. Gostinho de velho apenas no retrogosto, passando do seu ponto ápice – ainda bem que resolvi cessar sua agonia. E ele agradeceu! Tomamos deliciando cada gole, pois restava bom final de boca. Inacreditável para um vinho de tanta idade. Nota: 89 ptsSabores suaves de açucar mascavo e ameixas maduras, com tostados, surgiam a todo instante. Produzem apenas 5000 gfs/ano. Vinho inesquecível!

O segundo vinho da noite foi uma das boas novidades de Bourdeaux importadas ao Brasil, o Château Pérenne Bernard Magrez. Sobre ele estarei postando novo artigo em breve. Por enquanto, continuo agradecendo pela vida e amigos, especialmente o espirituoso casal Badoni e Marina. Uma noite de prima!

3º Quê!Vinhos começa nesta sexta

3 QuVinhos em guas Claras. 1

3º Quê!Vinhos começa nesta sexta

 

Vinhos e espumantes do mundo todo estarão à disposição do público para degustação e compra com descontos na terceira edição do Quê! Vinhos – Festival de Vinhos do ShoppingQuê!,emÁguas Claras, nesta sexta-feira, dia 12 de julho, das 18h às 23h; e também no sábado, dia 13, das 16h às 23h.

Ponto Vinho, Adega do Vinho, Scotch House e Casa Perini já estão confirmados como expositores. Cada expositor apresentará ao públicouma seleção diversificada de vinhos e espumantes,brasileiros e importados, que podem ser degustados e comprados a preços mais baixos do que os de mercado. São mais de 300 rótulos à disposição.

Espumantes brasileiros premiados em concursos internacionaistambém estarão no evento. Além da Casa Perini, outras vinícolas do sul do País, como Fabian, Don Guerino e Luiz Argenta, marcarão presença com alguns dos seus melhores produtos por meio dos seus representantes no DF.

Haverá vinhos e espumantes da França, Itália, Espanha, Argentina, África do Sul, de Portugal, dos Estados Unidos (californianos), do Chile, Brasil, enfim, das principais regiões produtoras do mundo. São tintos, brancos, rosés, todos reunidos num único local.

Além das bebidas, o visitante poderá petiscar pães, pastas e frios e se hidratar com água mineral.Os ingressos, a R$ 20 cada, estarão à venda no local do evento e poderão ser pagos com dinheiro ou cartão.

Com sucesso de público e vendas nas duas edições anteriores, uma em dezembro de 2012 e outra em março deste ano,oeventonão é voltado apenas para quem conhece muito sobrea bebida. Também são bem-vindos aqueles que não são especialistas,mas apreciam ou têm vontade e curiosidadede saber um pouco mais sobre esse vasto e saboroso universo do vinho.

Serviço:

3º Quê! Vinhos – Festival de Vinhos do Shopping Quê!
– Dias 12 e 13 de julho – Sexta e sábado
– Das 18h às 23h, na sexta
– Das 16h às 23h, no sábado
– Praça de Alimentaçãodo ShoppingQuê!- Águas Claras (DF)
– Ingressos a R$ 20 cada (no local do evento)

 

Se beber, não dirija!

Você conhece vinho laranja?

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Até pouco tempo, os vinhos eram classificados quanto à cor em tintos, brancos e rosés. Atualmente, com a retomada de técnicas ancestrais de vinificação, voltamos a ter o vinho laranja.

Esse vinho não chega a ser uma novidade. Nos primórdios da vinicultura o vinho branco (laranja) era macerado com as cascas por longos períodos originando um vinho de cor alaranjada e com taninos.

Hoje há um movimento de resgate dessas técnicas na produção de vinhos. A Itália é o berço desse estilo, destacando-se o Friulli acompanhado da Umbria, Lazio e Emilia-Romagna. Países como a Eslovênia, Áustria e EUA também já contam com vinhos produzidos nesse estilo.

A maceração com as cascas da uva branca (há produtores que fazem por dias, semanas ou meses) aporta ao vinho, além da cor alaranjada, sabores e aromas exóticos que os tornam particularmente intrigantes. Não são vinhos que primam pela acidez e frescor e sim pela autenticidade, cor, untuosidade, oxidação e taninos.

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Infelizmente poucos exemplares de vinhos laranja podem ser encontrados no Brasil, e aos que perguntam se há vinho laranja brasileiro, a resposta é sim. Desde 2002 o visionário enólogo Álvaro Escher, vem produzindo um vinho laranja, primeiramente sob o rótulo Cave Ouvidor e recentemente sob o nome Era dos Ventos em parceria com Luís Zanini e Pedro Hermeto. Um verdadeiro resgate histórico. Em 2013 o produtor Rogério Gomes fez o lançamento de seu orange Quinta da Figueira Garapuvu 2012.

Beef Passion: este é o futuro da carne brasileira

BPassionHá algumas semanas fui apresentado pela minha cunhada Gilséia, para um produto que já havia ouvido falar na Faculdade mas nunca consumido. Ao adquirir alguns cortes desta carne pude avaliar seu incrível sabor e qualidades. Vocês já ouviram falar daquela carne com gordurinha entremeada ao músculo [à carne]. Pois bem, este processo desenvolvido há séculos pelos japoneses deu origem à raça chamada Wagyu. No Brasil, para nossa felicidade, temos a honra de produzir esta que é tida como a “rainha das carnes”; hors-concours se comparada às demais. Seu nome: Kobe Beef PASSION. De propriedade de Antonio Ricardo Sechis, hoje empresário do ramo da construção em Brasília, mas açogueiro desde adolescente, no interior de São Paulo, onde nasceu. Sua paixão pelo que faz é notório pelo brilho no olhar. Posso chamar-lhe com sinceridade de o artista da carne!

Acompanhem abaixo trechos do papo bacana que tivemos, apenas conversando sobre carne. Uma aula de um competente criador, que sabe o que está cortando, digo, falando.

Sobre a genética e raça do gado Passion: a genética superior do plantel é estrangeira, o Angus australiano e o Wagyu japonês (a verdadeira carne Kobe), usando como base a raça nelore brasileira. Os sêmens são adquiridos diretamente da Austrália e Japão e inseminados na fazenda Passion, situada em Cassilândia (Mato Grosso do Sul), a 500Km SW de Brasília, onde praticam pecuária de alto nível com sustentabilidade e manuseio coinsciente. Das 3 mil cabeças/ano, a produção que vai ao consumidor é assim distribuída: 5/6 do Angus e 1/6 do Kobe Wagyu.
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   Ricardo Sechis e Alex Atala (fotos FB-Passion)                          Amalia Sechis e Alex Atala

O conceito do produto e o surgimento da ideia: em primeiro lugar a busca pela gordura entremeada – marmoreio – é aperfeiçoada e customizada ao terroir e preferência do brasileiro, por uma gama de pesquisas em parceria com a Universidade UNESP, departamento de Engenharia de Alimentos. Este convênio trouxe enormes resultados no  surgimento de dietas alimentares e melhoramentos dos ácidos graxos, tornando as gorduras das carnes mais saudáveis. “Com isto na cabeça e a ideia fixa em criar um padrão de elevado nível, com diferencial de qualidade e visando atender exigentes paladares, é que concebemos há cinco anos a marca Beef Passion”, afirma Ricardo. “Como a carne Kobe é entremeada demais no País de origem, buscamos equilibrar esta relação entre o teor de marmoreio, maciez, suculência e sabor inigualáveis”, completa. A administração e gerência da marca é trabalhada em família, com as filhas (Amalia e Júlia), a esposa Vanda e filho Ricardo Sechis.

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Os cuidados com o gado e o “mito” do tratamento biodinâmico: o bem estar animal é o mais importante no conceito Passion. “Entre os [mimos] que realmente praticamos – e não é mito”, confessa Ricardo, “podemos enumerar: água potável e mineral reposta constantemente nos bebedouros mantendo máxima oxigenação; vaporização dos estábulos criando um ambiente umidificado de agradável sensação térmica aos hóspedes bovinos; dieta balanceada e fornecida durante todo dia, evitando exposição do alimento nos cochos; além de fundo musical tocando as baladas dos DJs pantaneiros proporcionado maior conforto aos animais”. Em resumo, se nós humanos somos amançados pelos confortos, isto serve de máxima também ao ambiente animal, que responderá sem estresse com carnes e fibras de melhor sabor e qualidade nutricional. Show de bola!

3-CPereladaE os vinhos, qual a melhor harmonização: apesar de ter testado reduzidamente este dueto vinho e Beef Passion, Antonio Ricardo cita algumas que ele já fez a aprovou. É o caso dos vinhos Castillo Perelada, da Espanha (enoteca Zahil), que numa degustação em Recife protagonizaram um casamento perfeito à mesa. Neste quesito, pretende-se formar com o Site DCV uma parceria para em brevíssimo tempo produzir eventos na Cidade visando proporcionar várias degustações desta fenomenal carne com Vinhos escolhidos nos portfólios das enotecas da Capital. Vão ser memoráveis estes encontros. Não perdem por esperar. Fiquem ligados. 😉

O custo e os melhores cortes: costuma-se dizer por aí que não existe carne de primeira ou de segunda. O que de fato existe são bois de primeira e de segunda linha. E isto é plenamente comprovado pela equipe do grupo Passion. Tanto é verdade que provei cinco tipos de cortes de um Kit vendido a R$ 99,00 e me deparei com algo inimaginável tal era a qualidade organoléptica da carne, diga-se: Acem, Patinho, Bistec Kobe – um acem de salivar a boca, Coxão duro, e Miolo da Paleta. Os kits são vendido no varejo em pontos de venda escolhidos a dedo visando combinar o binômio: perfil do consumidor com valor agregado do produto – que apesar de caro, torna-se barato pelo que oferece; e isto só é possível em casas especializadas e boutiques de carne. Além é claro de restaurantes renomados, como é o caso da paixão à primeira vista do Chef Alex Atala, dos restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito (S.Paulo), defensor de carteirinha da Beef Passion. Os preços ao consumidor final variam de 60 reais (cortes menos tradicionais como citei anteriormente) a 150,00/Kg (cortes tradicionais, como: Bistec Kobe dianteiro, Costilla kobe dianteira, beef Ancho traseiro, e Prime Ribe australian Angus).

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                                               Comparação Patinho Passion (pleno de marmoreio) e
                                                       um patinho comum de açougue (foto DCV)

Onde encontrar as carnes Beef Passion: como citado acima, apenas nas casas especializadas. Além de serem saboreadas nos melhores restaurantes espalhados em cinco Capitais. Vamos ao serviço DCV.

* Brasília: Mercado Municipal, e Restaurantes Bottarga, Parrilla Madri, BSB Grill e Figueiras da Vila.
* São Paulo: Empórios Sta. Maria, Sta. Bárbara, e San Martin. Restaurantes DOM, Dalva e Dito, Epice, Vito, Osaka, Clos de Tapas, La Brasserie, Casa Nero, Chez Miss, Arturito e Hotel Unique.
* Rio de Janeiro: Sabor dos Campos, e Restaurantes Sudbrack, Olympe e Oro.
* Recife: Casa dos Frios, FriCarne, e Mister Carnes. Restaurantes NEZ e Leite.
* Cuiabá: Restaurante Mahalo.

E o novo espaço gourmet Passion – a loja Concept Store – que vende todos os 62 cortes aos consumidores, que podem ainda degustarem antes de comprar, num ambiente agradável, situado na Rua Barão Tatuí, 229, S.Paulo. Perguntado se eles iriam abrir outra Loja Conceito no DF, a resposta foi dada em primeira mão para o DCV. “Sim, está nos planos da Passion trazer até final do ano a segunda loja para Brasília, afinal é aqui onde moramos”, conclui Ricardo Sechis.

Terminamos este Post com uma frase que resume bem o sentido de produzir e gerar bem estar para  animais e humanos: “A Beef Passion é a melhor carne do Brasil. Uma pena que o segundo lugar está longe demais” – A.Atala (DOM).

Eyrie Vineyards South Block, o melhor pinot fora da Borgonha!

Muita gente diz que a uva pinot noir fora da Borgonha não produz vinhos com as características daquela região. Que um bom pinot só é possível na França e naquela região específica. Na verdade há inúmeros vinhos feitos com essa uva ao redor do mundo que realmente mais parecem um cabernet sauvignon devido à alta extração, taninos e madeira em excesso. Acho que 95% dos pinots produzidos fora da Borgonha têm essa falta de tipicidade, contudo há uns 5% que conseguem alcançar um excelente resultado ao ser comparado a um Borgonha tinto.

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Uma dessas exceções é a vinícola norte-americana Eyrie Vineyards. Ela se estabeleceu em 1966 sendo a mais antiga vinícola a produzir vinhos de viníferas no Willamette Valley no Oregon. Também é pioneira no cultivo de pinot noir na região,  sempre de colheita manual, estabelecida pelo proprietário David Lett.

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No ano de 1979 a editora francesa de vinhos e restaurantes Gault-Millau, promoveu uma super-degustação entre os melhores vinhos franceses e uma seleção internacional em Paris. 330 vinhos de 33 países, avaliados por 62 juízes de 10 nacionalidades. Na categoria Pinot Noir o Eyrie Vineyards South Block 1975 ficou entre os 10 melhores.

Robert Drouhin (viticultor borgonhês) relutou em acreditar no resultado e repetiu a competição entre os mesmos pinots e outro grupo de jurados, em Beaune, no ano seguinte (1980). O Eyrie South Block 1975 ficou em segundo lugar superado em dois décimos pelo Chambolle-Musigny 1959 do próprio Drouhin e deixando o Chambertin-Clos de Bèze 1961 em terceiro. Desde então Robert Drouhin se interessou em criar um domínio no Oregon, o que aconteceu no ano de 1988.

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Tudo bem, isso tudo é história, o que vale mesmo é o vinho na taça e foi o Eyrie Vineyards South Block 2002 que foi testado. Não é um vinho fácil de achar e não é barato (South Block é o top da vinícola), mas vale a caça.

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O vinho é fino, delicado, com aromas de cogumelos e terroso, translúcido e brilhante. Uma aula de refinamento, impossível não ser confundido com os melhores borgonhas. Ele tem aquele fantástico amargor no fim de boca que te chama para o próximo gole, infiltrado de acidez. Quem acha que o famoso pinot californiano de Sonoma, Williams Selyem, é um bom pinot americano, tente colocá-lo ao lado de qualquer vinho da Eyrie (pode ser o básico, eu já fiz isso) e verá que ele é uma piada, em termos de tipicidade, ao compará-lo aos da Eyrie.

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 David Lett, estudo no livro que você escreve!

 

Adega Baco no Sudoeste

A mais nova loja de vinhos de Brasília encontra-se no Setor Sudoeste. Os moradores daquele bairro que já eram agraciados com a Adega do Vinho e Ponto Vinho agora também podem adquirir suas garrafas na Adega BACO. Essa nova opção fica na comercial da quadra 101-bloco A- setor Sudoeste, tel.61- 3344-3309.

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O proprietário Gilberto Zortea é um dono comprometido e está sempre presente após as 18:00 para ajudá-lo a escolher a melhor opção. A Adega Baco representa várias vinícolas brasileiras como Villa Francionni e Kranz assim como distribui estrangeiras da categoria de Clarendon Hills (Austrália) e Proyecto Garnachas de España (Espanha).

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Para os mais abastados há na adega garrafas míticas de Petrus, Cheval Blanc, Mouton-Rothschild, Lafite-Rothschild…

A loja também oferece serviço de vinhos em mesas dispostas do lado de fora a preços de prateleira. 

Novas Vinícolas Brasileiras no Jornal O Globo

O Jornal O Globo de hoje, domingo 23/06/13, traz em sua Revista Especial Inverno uma matéria de capa sobre o novo mapa do vinho no Brasil. Destaque para novas vinícolas que estão se formando em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Nesse último estado o projeto está a cargo dos amigos Alain Ingles e Pedro Hermeto (foto) que pretendem plantar um primeiro vinhedo em Macuco (próximo a Nova Friburgo) e se tornar a primeira vinícola carioca.

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Para mais detalhes sobre o projeto, assim como das vinícolas dos estados de MG e SP, corra até a banca, adquira o jornal e confira essa bela matéria escrita pelo jornalista carioca Bruno Agostini.

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Echezeaux DRC, Salon, Selosse…no Durski!

Depois de falar sobre o restaurante Durski, chegou a hora de proferir sobre os vinhos que Guilherme Rodrigues (revista Gosto), Duda Zagari (Confraria Carioca) e eu tomamos na casa.

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Começamos o serviço com um grande champagne envelhecido. Salon Blanc de Blancs-Le Mesnil 1982. Aos 31 anos de idade não sabíamos se ainda estaria bom, mas na taça mostrou uma beleza incrível de mel e damasco permeados por uma inacreditável acidez. A cor bem oxidada e ausência de bolhas, com certeza, fariam com que esse champagne fosse recusado na maioria das mesas em que fosse oferecido. Não foi o caso, sorvemos até a última gota, perfeito para quem aprecia vinhos maduros.

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Para se ter uma ideia do que é esse champagne, a primeira safra comercial saiu em 1921 e até hoje só foram comercializadas 37 colheitas desse vinho. O último a chegar ao mercado é o 1999. Normalmente envelhecem 10 anos antes de serem comercializados. Criado por Eugène Aimé Salon, para seu consumo e de seus amigos, ficou famoso no mundo inteiro ao ser fornecido para um único restaurante, o Maxim´s de Paris. É produzido apenas em anos excepcionais, normalmente 80 mil garrafas (minúscula para os padrões de Champagne), portanto se vir um não se importe com a safra, beba sem moderação.

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A seguir passamos para um Bâtard-Montrachet 2010 do Domaine Leflaive, que mineralidade e gentileza. Madeira no lugar certo, abrindo aroma discreto de café. O vinho ainda é um bebê, vai melhorar muito, escurecer e ganhar complexidade. Uma aula de chardonnay aos que tentam imitar, mas corriqueiramente erram a mão no carvalho e aromas extravagantes. Esse vinho acompanhou maravilhosamente um fettutini com bisque e camarões frescos.

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Terminando a sequência dos brancos, fomos de Envelope 2009. Um Orange Wine de Long Island no estado de Nova York. 66% chardonnay, 22% gewurztraminer, 12% malvasia Bianca. Apenas 984 garrafas. Foi o erro da noite. O vinho estava desequilibrado, doce e com aroma exagerado de marmelada. Como foi dito à mesa, o Envelope precisava de um selo para ser remetido ao fabricante.

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Passamos para os tintos. O primeiro estava no decanter desde o início da noite. Elio Altare La Villa Langhe 1997. Altare foi deserdado pelo pai por praticar uma vinificação moderna considerada radical. No final dos anos 70 retorna da Borgonha e passa a incrementar a vinícola, cortando os pomares, convertendo o porão de tanques de madeira em barricas francesas e introduz fermentadores rotativos. O fato de utilizar barbera junto à nebbiolo relega esse vinho a Langhe DOC. A cor é bem escura para um 97, a barbera aporta acidez, os aromas são de cravo, chocolate amargo e o final é longo.

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O segundo tinto foi a estrela da noite. Um Echezeaux do Domaine de la Romanée-Conti 1991. Estava no auge, belo, sedoso, perfumado. Poderia até agüentar mais tempo, mas não iria melhorar. Os 22 anos fizeram muito bem a ele. Cor ainda viva, aromas de fumo, rosa, chá. Macio e convidativo ao próximo gole. Quase não havia borra na garrafa, o que permitiu que aproveitássemos o máximo do líquido. O único defeito foi ser uma garrafa de apenas 750 ml. Pinot Noir na perfeição. Esse vinho acompanhou um Confit de Canard fabuloso que estava derretendo.

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Finalizado a noite brindamos com mais um Champagne especial. Jacques Selosse Rosé Brut. Champagne de produtor, de terroir, que não se preocupa em produzir o mesmo estilo todo ano como fazem os produtores negociantes. Pratica viticultura orgânica e fermenta seus vinhos em barricas adquiridas do Domaine Leflaive. Fresco, borbulhante, perfeito para celebrar essa grande noite.

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Durski- O melhor restaurante do Brasil (e não fica em São Paulo)

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São Paulo tem a melhor gastronomia do país, não se discute. Tem também o melhor serviço, marca registrada dos grandes restaurantes. Talvez tenha a maior quantidade de restaurantes finos, mas o mais refinado não está por lá. Na cidade de Curitiba, Paraná, encontra-se o restaurante que detém essa glória. Seu nome é Durski, só funciona para o jantar de quinta a sábado. De domingo a quarta a casa não abre. Nem é preciso dizer que sem reserva é impossível conhecer esse templo.

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Clientes especiais têm talheres de prata e guardanapos de linho com seus nomes gravados, os lustres são puro requinte e a adega… Ah! A adega… Aos cuidados de Jorge Ferlin há duas adegas. Na primeira concentram-se os vinhos de maior giro que vão de R$ 60,00 a R$ 1.000,00. Já a segunda, um verdadeiro bunker, há porta blindada e código de segurança que necessita ser digitado para abri-la. Dentro dessa, caixas e mais caixas dos vinhos do Romanée-Conti. Logo avistei um La Tâche 1978 que me fez estremecer. A carta tem 72 safras de Ch. D´Yquem , 1926 e 1927 são duas delas. Dentro dessa adega há uma escada em caracol que leva a os outros dois andares da mesma. Não há uma carta de vinhos igual a essa no país, o que se vê na internet é apenas um mini-aperitivo, não corresponde a 10% do que há na carta impressa (um verdadeiro livro) que circula pelo restaurante.

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A comida é outro ponto alto, o cardápio enxuto é de altíssima qualidade. O couvert delicioso composto de pães feitos na casa, manteiga francesa, geléia de morango e molho goulash prepararam o paladar para os principais. Meu primeiro principal foi um fettutini com bisque e camarões da baía de Guaratuba, sensacional com os vinhos brancos que mostrarei em outra postagem. No segundo prato fomos todos de Confit de Canard com creme de batatas, frutas do bosque em calda quente e maçã caramelizada. O confit desmanchava e soltava do osso com o mínimo chamado dos talheres. As sobremesas ficam a cargo da filha do proprietário, Laysa Durski, Chef Patissier formada em primeiro lugar no Le Cordon Bleu (Paris).

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Obrigado Guilherme Rodrigues (Revista Gosto) e Duda Zagari (Confraria Carioca) pelos vinhos e companhia nesta grande noite.

Pena que no dia em que fomos o chef/proprietário Junior Durski não estava na casa (havia ido comemorar o aniversário da filha), mas posso dizer sem medo: Durski – O MELHOR RESTAURANTE DO BRASIL. Parabéns Junior Durski!!!

fotos: internet