Degustação dos vinhos da Kranz

O DCV promoveu uma degustação, para 15 pessoas, dos vinhos da vinícola Kranz no restaurante Dom Francisco 402 sul. A vinícola tem sede em Treze Tílias/SC e utiliza uvas de vinhedos de 1200 metros de altitude. Supervisionada pelo enólogo francês Jean Pierre Rosnier, doutor em enologia pela Universidade de Bordeaux, faz vinhos diferenciados de excelente qualidade. Os vinhos degustados foram os seguintes:

kranz1

Brut Rosé 2010: cor de cobre, parecendo champagne envelhecido. Levedura, seco e muito fino, sem aquele fim de boca adocicado característico da maioria dos espumantes brasileiros. Foi o preferido da maioria dos participantes. Um brut rosé desconcertante feito de cabernet sauvignon.

Rosé 2010: blend de cabernet sauvignon/merlot tem a cor entre um provençal e um espanhol. Um vinho agradável, mas sem surpresas, talvez falte um pouco mais de acidez.

Chardonnay 2010: Uvas da serra do Marari, sem passagem por madeira, porém com todas as características, como tostado, côco, manteiga. Cor bem amarelada, untuoso e marcante. Um belo chardonnay.

Viognier 2010
: Nariz de querosene, petróleo, lembrando bastante um riesling. Não temos muitos vinhos viognier no país e arrisco dizer que esse foi o melhor brasileiro que provei desta casta, apesar do final ser curto.

Merlot 2008: primeiro vinho lançado pela vinícola tem aromas exuberantes e é muito sedoso no paladar, taninos suaves e redondos. É um vinho muito agradável e fácil de beber.

Cabernet Sauvignon 2008: um cabernet clássico sem surpresas. Ainda um pouco fechado no nariz. Escolha certa para quem aprecia o estilo.

Brut 2011: feito com chardonnay é um vinho para disputar mercado. Muito parecido com vários espumantes brasileiros, inclusive na sensação adocicada no final de boca. Vale dizer que esse foi o único vinho, dentre os degustados, em que havia a sensação de final doce. Todos os outros tem o final seco e levemente amargo, características que muito me agradam e fazem com que se consiga tomar a garrafa até o fim.

kranz2kranz3

A Kranz ainda não tem representante na cidade e a maioria dos participantes queria saber onde adquirir os vinhos. Tomara que em breve tenhamos esses ótimos vinhos da Kranz disponíveis no mercado brasiliense.

kranz4

Marc Kreydenweiss do Rhone!

jo13Marc Kreydenweiss é um defensor do terroir e da viticultura biodinâmica. Ele tem feito vinhos sensacionais na Alsácia durante muitos anos e sua família tem trabalhado a terra perto de Andlau por mais de 300 anos.

Em 1999 ele buscou um novo desafio e comprou 14 hectares no sul do Rhone. Desde então expandiu as vinhas para 19 hectares e converteu a propriedade aos princípios biodinâmicos de viticultura e vinificação. Ele possui vinhas de 100 anos que contribuem para incrível profundidade e complexidade desse vinho Perriéres, que é feito de 25% Mourvedre, 25% Syrah, 25% Grenache, 25% Carignan.

Kreydenweiss faz pouco uso de barricas novas, ele quer que o frescor, o brilho e a jo14fruta elegante se expressem. Para isso lança mão de barricas usadas, adquiridas de produtores de primeira linha como Domaine Leroy e Chateau Tertre Roteboeuf.

O Perriéres 2008 que tomei, foi trazido pelo meu amigo Jo, que mais uma vez surpreendeu com seus achados. Vinho bem escuro, quase negro, com aromas de fumo e hortelã, estilo Rhone, meio pesadão, frutas negras e especiarias. Como todos que ele traz, esse tem um mínimo de So2 no engarrafamento. Os vinhos que Kreydenweiss faz na Alsácia são trazidos pela WorldWine, os do Rhone não têm importador no Brasil.

Começou o Contra-Ataque: Restaurantes começam a retirar vinhos brasileiros de suas cartas!

contrataque

Seguindo a onda de desconforto causado pelas vinícolas que apóiam as salvaguardas ao vinho nacional, o restaurante Aprazível no Rio de Janeiro, retira de sua carta os vinhos da Casa Valduga e Dal Pizzol, duas das empresas apoiadoras da medida.

Roberta Sudbrack também anunciou a retirada em sua carta dos vinhos da Casa Valduga e Dal Pizzol, mantendo Vallontano, Angheben e Cave Geisse que sempre foram contra as salvaguardas. Divulgou também que Miolo, Salton, Dal Pizzol, Casa Valduga, Aurora, Aliança, Don Giovanni até agora são as vinícolas que sabidamente apóiam as salvaguardas. Leva-nos a crer que os vinhos desses outros apoiadores só não foram retirados por já não constarem na carta.

O Aprazível é o templo do vinho brasileiro. Um terço da carta é dedicado ao vinho nacional. Talvez não haja no país um restaurante que tenha um volume de vendas de vinhos brasileiros tão alto quanto o do referido. Estar ausente da carta desses dois restaurantes que apóiam o vinho brasileiro é ficar de fora de uma concorrida vitrine. Essas são medidas de reação que alguns chamarão de boicote, revanche, injustiça… Mas parecem já estarem surtindo efeito com vinícolas como a Salton, que tentando tirar o corpo fora, anuncia agora, depois de instaurado o processo, ser contra as salvaguardas.

Salvaguarda contra o Vinho importado: alguém deve estar de brincadeira?

grfa2 EDITORIAL ESPECIAL do SITE-Blog DCV

Deu na semana passada no jornal ESTADÃO: “O governo brasileiro quer tornar o vinho importado mais caro ou retirá-lo da prateleira como forma de proteger a indústria nacional. Após analisar as compras nos últimos anos, o governo concluiu que as importações causaram um ‘prejuízo grave à indústria doméstica’ e decidiu abrir uma investigação para imposição de salvaguarda, a medida comercial mais dura no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC), cujo resultado prático será a imposição de uma quantidade máxima de vinho importado ou aumento dos tributos cobrados na aduana”.

Alguém deve estar de brincadeira
ou nós estamos tendo um pesadelo (snif)??

Juramos que se isto se concretizar, vamos encampar um mega protesto! E olha que somos grandes provadores dos vinhos brasileiros. Para vocês terem uma ideia, um dos editores do DCV, Antonio Coêlho, tem registrado na página “Avaliações” do Blog-DCV mais de 140 vinhos nacionais provados nos últimos 5 anos!

Nem vamos aqui tecer uma ladainha a respeito desta sandice e insanidade, e que enche de revolta os milhões de novos consumidores brasileiros que recém descobriram os prazeres de Baco, pois parece que todos entendem o quão isto é nocivo para a cultura geral do vinho. Só vale lembrar que a justificativa do governo é pretensamente infundada, visto o enorme incremento do consumo de vinho nacional nos últimos cinco anos, que o digam as grandes vinícolas nacionais que alcançam espressivas taxas de 15% de oferta a cada ano e um crescimento real na casa dos 7%. Medo de quê, podem nos responder? Citamos outro importante artigo bem escrito pelo colunista do O Globo, Rodrigo Constantino.

Vejam outras opiniões que compactuam com nosso ponto de vista: Um Papo Sobre Vinho; e Ciro Lila em Enoeventos.

Você que se sente indignado com uma proposta dessas, que se sente traído mais uma vez por estas políticas mercantilistas, faça um favor a você mesmo, mande seu protesto como um Comentário aqui neste fórum. Vamos usar este meio de divulgação para valer nossa vontade. Proteste, escreva e Comente aqui. O espaço está aberto para todos.

Participe do Abaixo-assinado CONTRA AUMENTO DO IMPOSTO IMPORTAÇÃO PARA VINHOS.
Faça sua parte, assine a Petição Pública:  www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N22143

Os Editores:  Antonio Coêlho e  Eugênio Oliveira.

Vinhos de Toro desembarcam em Brasília

A crise na Europa e a estabilidade econômica de nosso país têm feito com que vários setores procurem o Brasil como novo mercado para seus produtos. Com o vinho não tem sido diferente. Há poucos dias produtores de Bordeaux promoveram uma mega degustação da safra 2009 no Rio e São Paulo. Dessa vez foi a região de Toro na Espanha que desembarcou por aqui, com 13 produtores, à procura de importadores. Brasília foi premiada dessa vez. Marcelo Copello comandou a feira e uma degustação dirigida de 13 exemplares (tintos) da região que no geral se mostraram vinhos de muita personalidade, austeros, encorpados, tânicos, que se fazem presente. Outras características notáveis em quase todos os vinhos foram a mineralidade, frescor, teor alcoólico em torno de 14% e muitos aromas adocicados e balsâmicos. A produção de Toro é de 85% de vinhos tintos, feitos da uva Tinta de Toro, um clone da Tempranillo. Um pouco de rosado e brancos que são feitos de Verdejo e Malvasia.

toro1toro2

A feira ocorreu no belo restaurante A Bela Sintra, com uma organização impecável da Baco Multimídia, que sabidamente alugou taças de bojo grande em detrimento das pequenas taças ISO que não favorecem o esplendor do vinho.

toro3toro5

Logicamente não pude testar tudo, mas do que provei recomendo aos amigos do Rio de Janeiro que não deixem de provar os vinhos Cyan Pago de La Calera 2001 (Bodega Cyan) e o branco Verdejo Fermentado Y Envejecido en Barrica 2007 (Bodegas Monte La Reina).

toro6toro7

Estiveram presentes Amancio Moyano Muñoz, presidente da Spanish Conference of Wine Regulatory Boards (CECRV) e as seguinte bodegas: Rejadorada, Ramon Ramos, Pagos del Rey, Monte la Reina, Covitoro, Elias Mora, Carmen Rodriguez Mendez, Liberalia, Farina, Frontadura, Valbusenda, Estancia Piedra, Cyan.

toro4toro8

Jantar com grandes vinhos e convidados especiais

Terça-feira (13/03/12) tivemos uma fantástica degustação na cidade. Aproveitando a vinda do meu amigo Jo a Brasília, convidei o também amigo Oscar Daudt (leia a postagem dele sobre essa noite no site Enoeventos) que se deslocou do Rio de Janeiro para juntar-se a nós. Falei com Francisco Ansiliero, proprietário do restaurante Dom Francisco que preparou um magnífico jantar para os convivas. Estavam presentes também os amigos Guilherme Mair (Um papo sobre Vinhos), Abilio Cardoso (enófilo), Petrus Elesbão (Vinum Brasilis) e Marcos Rachele (Art du Vin).

degust2

O Jo normalmente vem duas vezes ao ano a Brasília e raramente não traz uma pérola na mala. Dessa vez ele não trouxe nada, mas já se comprometeu em na próxima vinda a trazer seus grandes vinhos. Vamos cobrar. Na falta de suas garrafas, eu e os amigos da cidade assumimos a responsabilidade de levar vinhos que agradassem nossos convidados e tornassem a noite especial. Abaixo o que foi degustado, na ordem do serviço, da esquerda para direita.

degust3

Estrelas do Brasil Brut Champenoise 2006-Brasil: Cor dourada, muito brioche, mel e leveduras no nariz. Para mim o melhor espumante já feito no país, melhor até que alguns champagne vendidos por aqui.

Pinot Gris Domaine Barmés e Buecher- Herrenweg 2004- Alsacia: Cor bem evoluída, nariz adocicado e acidez média. Muito mais encorpado que os italianos, que se caracterizam pelo corpo leve e frescor. Aqui temos uma versão menos conhecida dessa uva. Biodinâmico de excelente produtor.

Romorantin 2005 Claude Courtois-Loire: Pura cevada, também biodinâmico, de cor bem dourada e feito de uma uva não muito comum por aqui. Considero o melhor vinho desse produtor.

Clos du Calvaire- Benjamin Dagueneau- Loire-2008: Vinho de exceção, raríssimo, nunca foi comercializado no Brasil. Suas vinhas foram arrancadas, replantadas e se tudo der certo em 2016 haverá uma nova safra. A vinícola hoje é comandada pelo filho de Didier Dagueneau (falecido em 2008) e os vinhos mantiveram a qualidade. Esse sauvignon Blanc encantou a todos na mesa, com acidez cortante e crocante, aromas herbáceos de grama recém-cortada, com incrível potencial de envelhecimento. Um bebê oferecido pela generosidade do Guilherme Mair.

SimCiC Teodor 2006-Eslovênia: Primeiro vinho tinto da noite, um corte de 85% merlot e 15% Cabernet Sauvignon. Estilo Bordeaux margem direita, com 45 meses em barrica. Como era um vinho da Eslovênia, esperava ser surpreendido, mas é o que quase todo mundo tenta fazer: Um Bordeaux fora de Bordeaux.

Bourgueil Clos Sénéchal Catherine e Breton 2005- Loire: Outro vinho biodinâmico, 100% cabernet franc já com uma boa evolução. Aromas de estábulo e couro que me encantaram, mas não agradou a todos. Taninos ainda duros pedindo comida gordurosa.

Vila Matilde Aglianico- Campania Itália: Talvez o vinho mais simples da noite. Ameixa, taninos secantes e a característica acidez dos vinhos italianos.

Côtes du Jura Cuvée Tradition Domaine Baud 1996- Jura: Para finalizar a noite um grande vinho branco do Jura. 50% savagnin e 50% chardonnay. Cor de ouro velho, toques de oxidação, lembra Jerez. Vinho intrigante de nariz doce e boca totalmente seca. Belo exemplar para finalizar a grande noite.

degust1