Castello di Volpaia, um clássico italiano

volpaiaFim de dezembro foi época de comemorar. E nada melhor que esvaziar nossa adega dos melhores rótulos e nossas mais preciosas jóias engarrafadas [risos]. Desta vez abri um clássico italiano no encontro de fim de ano do meu grupo de formatura da faculdade de gastronomia, os amigos e parceiros, Jorge, Pedro e Renata. O jantar ocorreu no restaurante Avenida Paulista, vizinho da ponte JK, em Brasília.

Castello di Volpaia Chianti Classico Riserva 2004. O vinho rendeu mais que o esperado na magnífica noite. Pedi ao garçon para abrir a garrafa uma hora antes do serviço. Foi a conta. Toda a exuberância do líquido surgiu numa explosão de elegância. Um dos primeiros vinhos a mudar a cara dos famosos chiantis; aqueles antigos vinhos com as garrafas-sino forradas de palha. A Toscana mudou, os chiantis mudaram; ou melhor, evoluíram. Para dar nova cara aos vinhos que estavam por transformar a região de Chianti, no interior da Toscana (Itália), vários vitivinicultores resolveram criar uma nova denominação aos antigos vinhos, como Chianti Classico, e com isso tirar o estigma sobre seus produtos. Deu certo!  😉

O Volpaia é um grande exemplo. Vinho de personalidade. volpaia1De uma complexidade incrível. Delicioso desde o primeiro gole. Os amigos ficaram encantados com seu sabor. Este chianti Classico mostra como os chiantis evoluíram desde a década de 1980. Taninos completamente macios e ótima estrutura. Puro uva sangiovese, ele ainda está jovem mas certamente será grande vinho em cinco anos. Perfeito equilíbrio acidez/álcool com longo final de boca. Nota: 92 pts. Um vinho gastronômico mas também para degustar sozinho. Um vinho para pensar! Esta jóia foi uma das adquiridas ainda na viagem a Itália há quatro anos, e que agora abre-se aos prazeres da vida e dos amigos.

Vernaccia di San Girmignano 2009

vernaccia1Um dos primeiros DOCG da região da Toscana, Itália. 100% uva Vernaccia (vinhedos 10-25 anos). Cor amarelo palha e aromas cítricos. Seco, corpo leve, boa acidez e boa persistência. Recomendado com saladas, peixes e queijos, além de todas carnes brancas. Deliciosamente refrescante. Ótimo vinho para este verão brasileiro. R$ 65,00 – Mistral ou Casa Flora.

Nossa Cozinha Bistrô, a surpresa do ano!

No ano de 2011 Brasíla recebeu uma invasão de restaurantes do eixo Rio-São Paulo. Em comum preços a um patamar jamais visto na cidade, é bem verdade que também houve uma escalada nos padrões de atendimento e instalações. Restaurantes badalados, cheios, caros e glamurosos, mas que ainda não conseguiram fazer da comida o diferencial.

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Contrapondo-se a isso surgiram alguns pequenos restaurantes, com poucas mesas, poucos funcionários e pouco luxo; porém com comida saborosa, vibrante e de preços  justos. Um deles é o Nossa Cozinha Bistrô que fica na CLN 402 bloco C (tel. 61-3326 5207), virado para área residencial. Um bistrô com poucas mesas que vem sendo bastante comentado na cidade. Não abre aos domingos, mas nos dias em que funciona é quase impossível conseguir uma mesa sem reserva. No almoço há duas opções fixas e outras duas variantes para cada dia da semana. No jantar oferece mais opções, incluindo alguns pratos do almoço. Não é um restaurante para competir com os “estrangeiros” da cidade, mas uma opção certeira para quem quer comer bem.

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As melhores garrafas de 2011!

Houve outras, mas por motivos alheios à minha vontade, não pude ter a posse das mesmas para estarem na foto. Aí vai:

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Da esq.p/dir: PulignyMontrachet 1 cru-Domaine Leflaive “Clavoillon” 06 (branco), La Tâche 94, Corton “les Pougets”-Domaine de Montille 04, Clos Rougeard “le Bourg” 07, Clos Rougeard “brézé” 06 (branco), Corton Clos du Roi-Domaine Prince Florent 04, Pouilly-Fuissé “les Chevriéres”-Domaine Valette 06 (branco), Perrières- Marc Kreydenweiss 08 (Rhone)

Ponto NERO Brut

nerowNeste Natal e fim de ano abra um bom representante do espumante nacional. O Ponto NERO Brut da Dommo, subsidiária das empresas Valduga é ótima opção. Cor amarelo palha com reflexos esverdeados, perlage de borbulhas finas, delicadas e persistentes. Aroma fino e delicado com notas de frutas tropicais e maçã. R$ 31,00, na VinhosWEB.Com.

Você sabe decantar Champagne?

Sabe aquela história de que Champagne sem perlage não tem graça? Isto está mudando, nem só de borbulhas vivem os espumantes. Hoje em dia está se dando muita atenção aos aromas desses vinhos, mesmo que o perlage seja sacrificado. Para o desenvolvimento desses aromas, que até então eram secundários em relação às borbulhas, os espumantes estão sendo decantados (na verdade aerados), e para isso há algumas dicas que devem ser seguidas.
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A primeira dica é se usar um decanter de pescoço longo, bojo estreito, igual ao usado para vinhos tranquilos envelhecidos, que irá gerar uma perda de 15% a 20% do perlage, mas proporcionará aromas que dificilmente aparecem quando o espumante é servido diretamente na taça flute.
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A segunda é manter o Champagne por 30 minutos em decanter e depois servi-lo em copo para vinho branco e não em copo flute.
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A última dica é, sempre que possível, passar champagnes envelhecidos, principalmente os safrados, pelos decanters. Nesses vinhos o perlage já não será tão intenso, e os aromas se desenvolverão mais rapidamente, mas não se esqueça de diminuir pela metade o tempo de aeração e servir a uma temperatura um pouco mais alta.

Abaixo 02 curtos vídeos de decantação de Champagne:

http://www.youtube.com/watch?v=aWSsVyEWVuI&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=QGWfqonxv_A&feature=related 

Sassicaia e um Bordeaux 1er CRU

sassicaia1O jantar de Confraternização de fim de ano da confraria Amicus Vinum, preparado pelos confrades Renzo, Mário, Keyla, Adroaldo, Ângela e Antonio (este Editor), foi brindado com duas ampolas “de peso”.

O primeiro foi o Château Figeac 2005, um clássico Bordeaux Premier CRU da comuna de Saint-Emilion, da laureada safra 2005. Corpo médio, com aromas de estrebaria e baunilha. Corte tradicional de Cabernet sauvignon, merlot e Cabernet Franc. Ainda fechado devido a pouca idade – seis anos para um destacado Bordeaux é muito cedo para mostrar seu potencial. E potencial definitivamente este exemplar tem de sobra. Nota: 92 pts.

Para minha alegria, a noite foi especial pela prova do segundo vinho, um Tenuta San Guido – Bolgheri Sassicaia, o lendário Sassicaia. Apesar da safra ser 2006, o que confirmou nos aromas e no sabor, este fabuloso supertoscano estava como um bebê: novinho e fechado. Mas se engana quem pensa que não tinha “pegada”. Incrivelmente, estava quase pronto ao consumo. Afora a adstringência marcante (que deve ser amainada com umas três horas de decanter), mostrava seus dotes de elegância, longevidade e complexidade. Aromas de mentol e couro. Ele foi o primeiro vinho italiano a estagiar em madeira [no início da década de 1970], como também o primeiro a usar uvas não autóctones, pois é feito basicamente de Cabernet Sauvignon. Por isso foi chamado de “Super Toscano”, o primeiro supertoscano da história vinícola da Itália. Nota: 93 pts.

No Brasil este vinho ganhou uma emocionante e lendária história contada no filme Estômago, do produtor Marcos Jorge e ganhador do Prêmio Melhor filme do Ano 2008, no festival do cinema brasileiro. Clique (aqui) para ver matéria sobre o filme. Agradeço ao amigo Mário Viggiano por trazer este clássico vinho direto do País da Bota. Valeu!

A Tunisia também faz vinho. E bom!

tunisiavinho1Há cerca de um mês provei um vinho novo para mim, e que não sabia que o país de origem produzia vinhos. Assim como eu, creio que muita gente também nunca ouviu falar. Esta ampola vem da Tunisia, um pequeno país às margens do Mediterrâneo, no norte da África. Assim como ocorre com o Líbano e adjacências, a antiga região da Tunisia também produzia vinho há mais de 3 milênios, sendo os Fenícios os primeiros a fabricarem. Não sei bem quantos rótulos são exportados hoje, mas devem ser muito poucos exemplares, e só aqueles com potencial comercial, certo. Os franceses é que estão reerguendo a vitivinicultura da região, que identificam o norte do País como ideal para produção.

O degustado da vez foi o Chateau Mornag – Les Vignerons de Carthage 2006. Um corte de Carignan, Syrah e Merlot.tunisiavinho2 No nariz vieram compotas e especiarias. Na boca médio corpo com taninos macios. Bem elaborado e coerente, com boa estrutura até para curta guarda (5-7 anos). Surpreendeu a elegância. Harmonioso e com certa complexidade, não muita, mas o suficiente para satisfazer paladares mais treinados. Da mesma forma que os vinhos da Grécia, Líbano e redondezas, traz a característica do velho mundo, mas com um sabor de terroir muito autêntico. O que amei, é lógico! Nota: 86 pts. A prova desta ampola foi feita no restaurante Lagash (Brasília), já famoso por oferecer rótulos de países, digamos, fora do eixo comum na produção de vinhos.
Aconselho a prova; vocês não irão se arrepender!