Uma “tacinha” de vinho por dia?! Pura curtição.

taca1ataca2aApesar do tom dramático do meu último post do dia 27, vamos iniciar o ano de bom humor, galera. Este ano que inicia promete…
Observem o presentinho de aniversário que ganhei do filhão: uma inocente taça de vinho. Super divertido. AMEI !!! 
Notem como o contexto pode deturpar uma ideia brilhante [risos].

Se dizem os cientistas que uma dose diária de vinho faz bem à saúde, é bem verdade que não disseram qual tamanho desta taça, certo. O presente que ganhei é hilariante e “preocupante”: uma taça que cabem exatos 750 ml de vinho – uma garrafa inteira, pode?! Vai que algum desavisado resolve tomar uma destas todo santo dia, héhéhé…o gaiato tá “prejudicado”, hein… Preparei para vocês duas imagens com minha tacinha: uma vazia e outra cheia de vinho – esvaziando toda a garrafa. Que loucura!

Aos colecionadores, com responsabilidade e senso de humor, este pequeno regalo pode ser encontrado nas lojas Imaginarium. Agradando o pai desse jeito, acho que o filhão tá querendo aumento de mesada.  😉

Mainqué – O merlot da Bodega Chacra

mainque1Mainqué, o novo vinho da Bodega Chacra (Argentina) é uma homenagem ao vilarejo de Mainqué, onde as vinhas estão plantadas. Estão ao lado das vinhas de pinot noir do Chacra 55 e se submetem aos mesmos cuidados biodinâmicos. A safra 2008 (apenas 4788 garrafas) é a segunda desse vinho, feito de merlot, que para muitos é a grande uva da Patagônia. Apesar de a malbec ser a uva emblemática da Argentina, tenho preferência pela cabernet sauvignon e merlot da Patagônia.

O vinho apresentou-se floral, com frutas frescas, mineral e redondo. Aromas adocicados,mainque2 bem novo mundo, e um ótimo frescor, característica dificilmente encontrada nos vinhos argentinos super concentrados. Um merlot muito bem feito. Os outros 03 vinhos da Bodega Chacra são 100% pinot noir e já foram postados aqui. Chegou pela Grand Cru, foi para Expand e está na Ravin. Esse Mainqué não vem para o Brasil, e é difícil achar até na Argentina, pois quase toda sua produção é exportada.

Os perigos na divulgação dos benefícios do vinho

wsespecial-2As últimas quatro edições da revista Wine Spectator, na versão Web, trazem artigos enaltecendo o consumo de vinho devido suas propriedades “medicinais”. Como sou leitor assíduo da revista, vejo um certo exagero da publicação onde visa nitidamente o aspecto mercadológico, mais que a obrigação de informar ao leitor a respeito dos trabalhos médicos sobre o assunto. O resveratrol é benéfico até certo ponto, e nossa obrigação como divulgadores do vinho – um produto obtido à base de álcool – é alertar os consumidores da bebida para os perigos à saúde.

Não é a primeira publicação norte-americana que conheço que pratica este tipo de publicidade ferrenha e exagerada. Vejam duas publicações da revista onde aparecem os @-Newsletter aos assinantes, além de edições especiais sobre saúde e bem-estar para consumidores de vinho. Se o objetivo é obter lucro para as indústrias, e a saúde das pessoas, como fica? Na imagem anexa, a matéria ao fundo traz: “Extrato da semente da uva pode combater a Leucemia e Obesidade”. Já a edição especial, com 40 páginas, diz na manchete: “O Poder de Cura do Vinho”.
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Isso acontece também com outras revistas científicas, como a Sky & Telescope ou Astronomy Magazine – revistas sobre Astronomia -, que durante certo tempo usaram e abusaram do sensacionalismo para vender. Em diversas ocasiões, nós, astrônomos, nos deparamos com reportagens sobre a passagem de brilhantes cometas recém descobertos, os quais sabíamos que não produziriam os espetáculos visuais anunciados nas revistas. Assim também era com chuvas de meteoros que surgem de tempos em tempos, cuja beleza pirotécnica somente seria vista para observadores situados em um determinado ponto sobre a Terra, não sendo visível para o resto do planeta. Tradução capa ao lado: Alerta de Tempestade – como assistir à maior chuva meteórica do século.

Por outro lado a publicação norte-americana de vinho presta bons serviços com a divulgação de cuidados com a saúde em geral, trazendo matérias informativas sobre bem-estar. Sempre com artigos baseados em pesquisas médicas, saúde e alimentação. Isto é ótimo e louvável, mas não podemos esquecer dos exageros quando o tema é os benefícios do vinho e as consequências com a ingestão do álcool. Devagar com andor que o santo é de barro. Pelo sim ou pelo não, beba moderadamente. Sinta o que seu corpo “fala”. Não acredite em tudo que a mídia diz. Aliás, vamos então derramar umas pro santo [risos]. Tim-Tim!!

Graham’s Extra Dry White (Porto Branco)

portoGraham’s Extra Dry White (Porto Branco): Fresco e seco, com um delicioso toque frutado, o Graham’s Extra Dry é um celebrado aperitivo. Este vinho é fortificado mais tarde que a maioria dos vinhos do Porto, para que boa parte de seu açúcar residual seja fermentado. Servido gelado, é perfeio antes das refeições. Em Portugal faz grande sucesso combinado com água tônica e limão nos dias mais quentes. Mistral, R$ 51,60.

Carmelo Patti 2002

carmelo1Cabernet Sauvignon argentino de uma ótima safra por lá. Esse vinho é feito em Lujan de Cuyo, região de Mendoza. Muita gente o considera o melhor C.Sauvignon argentino. O vinho demonstrou ser um muito fácil de beber, sua cor já estava evoluída, com bordos atijolados.carmelo2 No nariz muita fruta madura, compota de ameixa e todo aquele adocicado de vinho argentino. Na boca se confirma o doce, taninos sedosos sem nenhuma adstringência. Foi chamado de vinho “fofo” por uma das presentes. Fiquei pensando o que seria um vinho “fofo” e talvez seja isso mesmo: Docinho, que não pega na língua, fácil de agradar. Não é o tipo de vinho que procuro hoje para tomar, mas com certeza, tem muitos apreciadores.

Ch. Ausone 1997

ausone1O outro vinho da noite em que tomei o Mouton-Rothschild 81 foi o Château Ausone 1997. Um vinho da margem direita de Bordeaux que privilegia a merlot e a cabernet franc, contendo 55% da primeira e 45% da segunda. O château leva o nome do poeta latino Ausônio e é o menor dos premiers grands crus classés de Bordeaux, com apenas sete hectares. Esse é o vinho que rivaliza com o Cheval Blanc, pelo título de melhor de Saint-Émilion. Em certas safras chega a custar bem mais que seu rival, e junto a ele, faz parte do chamado Bordeaux Big 8 (os 5 premier cru do lado esquerdo, os dois citados e Petrus).ausone2

A safra 1997 teve um mau começo, com preços altíssimos, mas já em 2001 os vinhos estavam disponíveis pela metade do preço “en primeur”. Hoje a 97 é considerada uma safra magra em Bordeaux; são vinhos prontos, que não vão melhorar com a guarda, para beber agora.

Esse Ausone 97 estava com uma textura aveludada, aromas intensos de eucalipto, sem ser pesados. Um sabor marcante, prolongado, macio. Um Bordeaux delicado, feito por um grande produtor, que se superou mesmo em uma safra mediana.

Ch. Mouton-Rothschild 1981

mouton1O que esperar de um vinho com trinta anos de idade? Potência, exuberância? Com certeza não. Dependendo do produtor e da qualidade da safra, é possível que o vinho ainda esteja vivo; mas nada de esperar aquela fruta potente e aromas explosivos dos exemplares recentes.

Vinhos desta idade normalmente apresentam a chamada “complexidade”, mostrando uma cor granada, com reflexos alaranjados e aromas que tendem para ferro, iodo, chá, musgos… E um corpo médio com taninos nada agressivos. Muita gente ao se deparar com essas características imagina estar tomando um vinho defeituoso ou insatisfatório ao seu paladar. Não gostar desse tipo de vinho não é demérito algum, é apenas gosto pessoal. Apreciar esse estilo necessita tempo, litragem, aprendizado e gosto adquirido. Quem jamais tomou um vinho bastante evoluído irá estranhar a primeira vez, e se após várias provas, chegar à conclusão de que essa evolução não o agrada, tudo bem, você gosta é de vinho jovem e não há problema algum nisso.

Falei tudo isso para dizer que um vinho como o Château Mouton Rothschild 1981 é um vinho desses: Evoluído, pronto, que não vai melhorar em nada com a guarda mouton2(pelo contrário, beba já). Diferentemente de safras mais antigas como a mítica 1945, ou a tão idosa quanto, 1982 (desse mesmo produtor), que ainda podem ser armazenadas. A safra 1981 em Bordeaux é considerada o que os especialistas chamam de safra fantasma, boa, mas adjacente a uma histórica, como a 82, se torna menos badalada.

O Mouton 81 estava fantástico, confesso que não esperava tanto desse exemplar. Sua cor estava opaca e turva, provavelmente pela idade e agitação da borra. Sua melhor característica foi a complexidade aromática, que evoluiu muito durante a prova, apresentando aromas de iodo, cravo e terra molhada. Tem um corpo médio e taninos bem suaves. O outro grande vinho dessa noite fica para um próximo post.

Ch. Haut-Brion Blanc 04, vinho Raro!!

hb1O Château Haut-Brion é o único dos premier grand cru classe de Bordeaux, que faz um vinho branco que leva o nome do primeiro vinho tinto. Esse é um vinho raro . Sua produção vem de um vinhedo de apenas três hectares, de solo plano, de cascalho, e subsolo de argila, no cume de uma colina dentro da cidade. Isso gera um microclima precoce, e Haut-Brion é quase sempre a primeira propriedade de Bordeaux a colher uvas brancas. Uvas que estão sempre maduras, e tem seu mosto fermentado em barris novos, franceses, da região de Allier. O vinho descansa por 12 meses, e envelhece em barris novos (apenas 45%). Antigamente todo envelhecimento era feito em barris de primeiro uso, o que gerava um aroma de carvalho muito intenso.

Metade do vinhedo é plantado com Sémillon e a outra metade com Sauvignon Blanc, que tem uma produção muito baixa, pois as videiras dessa cepa sofrem de eutipiose.hb2 Já a Sémillon tem uma colheita farta, mas como o vinho leva praticamente 50% de cada cepa, sua produção fica ainda mais escassa. Esse Haut-Brion Blanc 2004 se mostrou com uma cor amarelo-ouro brilhante, aromas de carvalho e  pêra bem madura. Denso, untuoso e com ótima acidez, é um excelente acompanhamento para vieiras, crustáceos e peixes nobres. Sugiro uma lagosta ao molho bisque. Vinho raro já no início do ano. Espero que degustar outros no decorrer do mesmo.