Escolha uma boa Adega climatizada!
Muitos amigos e conhecidos me perguntam qual melhor adega climatizada para guardar com propriedade suas preciosas ampolas de vinho. Depois de passar por três modelos de mercado e com duas decepções, resolvi desmistificar também mais este tabu do mundo de baco. Acabei por conhecer quase todos os modelos de adegas climatizadas vendidas no mercado brasileiro, entre nacionais e importadas. O resultado é muito bom e satisfatório ao consumidor, com diversas ofertas para todos os bolsos e necessidades, desde aqueles climatizadores “de sacola” (portátil p/ duas ou três garrafas – muito estranho!) até as enormes estantes para centenas de garrafas; uma verdadeira enoteca ambulante.
Mais o que me chamou atenção ao estudar estes eletrodomésticos foi o seu modo de funcionamento, ou resfriamento. Aí que vem a dica preciosa que deixo a vocês. No mês passado a revista Adega publicou reportagem sobre o assunto, muito boa e completa. Mas o que buscamos aqui, sem meias palavras, é auxiliar o leitor do DCV a ficar atento à escolha inadvertida de uma adega. A matéria da citada revista trata sucintamente de um ponto que para mim é CRUCIAL: as que realmente resfriam seus vinhos e as que “tentam”. Exatamente! Prestem atenção aos produtos que prometem o que não cumprem, ou melhor, tentam mas morrem na praia!
Existem no mercado brasileiro de adegas dois tipos básicos de sistemas de resfriamento: termoelétricas (por troca de calor) e eletrônicas digitais (por compressor). A seguir relaciono os modelos existentes, com seu tipo de sistema de resfriamento.
Eletrônicas-digitais – temperaturas entre 4 e 18 graus Celsius.
Modelos: Art-des-Caves, GE, Britânia, Suggar, LG, Electrolux, Brastemp (40grfs ??), Metalfrio, Midea, Eurocave (imp. controle umidade), Liebherr (imp.Lofra, controle umidade), NovaCave e Sansung (controle umidade).
Termoelétricas – temperaturas de 10 a 25 graus.
Modelos: Tocave, Dynasty, Wine (Conthey), Bon Cheff, Spicy, EasyCooler, HomeLeader, Studii e Brastemp (12 grfs).
Como as termoelétricas funcionam com “troca de calor”, elas dependem da temperatura ambiente para manter resfriado os vinhos em seu interior. Em resumo, não conseguem acompanhar a programação real da temperatura que você deseja de suas garrafas. Assim, procure não adquirir estes modelos, a não ser que você tenha um ambiente refrigerado a pelo menos 17 graus, onde possa instalar a adega. Explicando melhor, numa residência brasileira onde as temperaturas usuais giram em 25 graus, estas adegas somente conseguem temperaturas entre 16-21 graus, dependendo do modelo. O que é inapropriado para manter a temperatura ideal de um vinho (entre 6-16 graus). Este problema não ocorre com as adegas de compressor. Portanto, opte sempre pelas de compressor, as quais, salvo alguns modelos, funcionam perfeitamente com a temperatura digitada ou marcada analogicamente. A única ressalva sobre os modelos eletrônico-digitais é a qualidade do compressor. Antes de comprar verifique se o compressor é específico para adegas, os quais devem evitar vibrações que prejudicam os vinhos. A quase totalidade dos modelos no Brasil já possui sistemas anti-vibratórios, de forma que você estará adquirindo adegas seguras para armazenar seus preciosos vinhos. Se você já passou por esse contratempo mande seu comentário. Numa outra oportunidade falarei sobre armazenamento de vinhos. Boa escolha!
Coteaux de l´Ardèche Viognier 2005
Elaborado por Chapoutier com a expressiva uva Viognier, a mesma do famoso Condrieu, este branco da França é incrivelmente aromático, mostrando complexas notas florais. Na boca é fresco e saboroso, sendo ótimo como aperitivo ou para acompanhar salmão e outros peixes, nesta época de quaresma. R$55,00.
Opus One 1996
A outra garrafa, bebida na noite em que tomei o Vega-Sicilia Único 1970, foi o grande vinho norte-americano Opus One da safra 1996. Nessa safra as chuvas de primavera causaram uma diminuição da produção das vinhas, principalmente de Merlot e Malbec, e essa primavera fria foi seguida de um verão muito quente, produzindo um período curto e compacto de colheita. Isso tudo gerou uma safra minúscula, com muita estrutura.
A Opus One foi a primeira vinícola de butique do Napa Valley, sendo uma parceria entre Robert Mondavi, originário de uma família de imigrantes italianos, e Philippe de Rothschild, proprietário do Château Mouton Rothschild. Em 1984 as primeiras safras, 1979 e 1980, foram lançadas simultaneamente e em 2004, Mondavi, com problemas financeiros, vendeu sua parte ao grupo Constellation. Hoje a vinícola pertence a esse grupo e a Philippine de Rothschild, herdeira de Philippe.
O vinho em questão era um vinho muito estruturado, com bastante fruta, em uma cor ainda púrpura. Aromas de menta, violeta, tabaco e caramelo são sentidos, e na boca é encorpado e longo. Mesmo aos 14 anos de idade esse vinho feito de 86% C.sauvignon, 8% C.Franc, 3% Merlot e 3% Malbec ainda tem muito tempo pela frente. Ter provado esse vinho foi outro desejo saciado. Sempre tive vontade de tomá-lo, mas vinhos norte-americanos desse nível, além de serem caros, não são facilmente encontrados por aqui. Principalmente em safras antigas como essa.
Masi Mazzano Amarone della Valpolicella Clássico 2001
Um Amarone de um produtor de grande prestígio, seus Amarones estão entre os melhores italianos, e esse era o top da casa, o Mazzano 2001 (75% corvina, 20% rondinella e 5% molinara). Um vinho austero, protótipo de Amarone, que envelhece em barris de pequeno porte, e as uvas vêm de um vinhedo histórico cujas qualidades são conhecidas desde o século XII.
Quem me conhece sabe que Amarone não é meu vinho de eleição. A palavra amarone significa “grande amargor”, o vinho não é amargo como sugere o nome, mas tem um doce amargor. Suas uvas são atacadas pelo botrytis, resultando na podridão nobre e geram vinhos com grande nível de teor alcoólico, 16% vol., que no caso deste Mazzano está muito bem integrado. Talvez o que mais me incomode seja a austeridade, é um vinho que em minha opinião necessita ser acompanhado de comida, e sua combinação de doce e amargo não me cativa muito. Não dá para negar que é um vinho muito bem feito, que acompanhado de um queijo pecorino pode ser muito bom. Quem for fã de Amarone vai amar.
Decantando a Vida no Café Caviar
À partir de hoje, o Decantando a Vida estará presente no site Café Caviar, através de um de seus editores, que estará postando a cada quinta, algum assunto relacionado ao mundo do vinho no blog do site.
O Café Caviar é um veículo paulista muito interessante, que tem a proposta de gerar cultura, entretenimento e conhecimento, usando a gastronomia como foco principal. O videocenter do site é muito bem feito, apresentando entrevistas com chefs renomados, sommelier, músicos e donos de restaurantes badalados da cidade. Para ler o blog, que fica na coluna da direita, basta clicar em “mais”, e à seguir no título da postagem.
Confira: www.cafecaviar.com.br/blog/qual-cor-do-vinho-branco/
Marson Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2004
Considerado um ótimo vinho, inclusive presente no TOP TEN durante a Expovinis 2008, de intensa cor rubi, tendendo ao carmim, aveludado e encorpado, herbáceo e com rico buquê lembrando mel com própolis; o que o diferencia dos demais tintos brasileiros. R$63,00
Vega-Sicilia 1970!
Como alguém disse outro dia, um dos prazeres do vinho está em compartilhar a garrafa. Foi o que aconteceu nessa noite histórica para mim, quando fui convidado pelo meu amigo Edinho, a tomar com ele e seus familiares, uma garrafa do ícone espanhol Vega-Sicilia Único, da grandiosa safra 1970.
O Vega 1970 é um vinho emblemático. Por mais que essa safra tenha sido maravilhosa, os vinhos caros não vinham vendendo bem. Eles só eram engarrafados sob encomenda, e durante sua vida ele foi transferido inúmeras vezes para concreto, grandes recipientes de carvalho ou barricas, sempre sob os cuidados do atento enólogo Mariano Garcia (hoje não mais em Vega e sim dono de algumas vinícolas como Aalto, Mauro e Maurodos), que cuidava para manter os barris cheios, e evitar ao máximo os efeitos da oxidação.
Esse vinho chegou ao mercado 25 anos depois da safra, ou seja, em 1995, e suas garrafas magnum somente em 2001. Vega-Sicília não tem um cronograma de lançamento das safras, elas só chegam ao mercado quando eles consideram o vinho pronto para tal. A safra subseqüente a 98, não necessariamente será a 99, poderá até ser, como também poderá ser a 95. Esse Vega 1970 é considerado por muitos, o melhor vinho já feito na Espanha.
Mas como estava o vinho? Tensão ao abri-lo, a rolha totalmente encharcada não seria removida sem um abridor tipo pinça. Vinhos maduros deve-se ter sempre em mãos um abridor desse tipo. A cor estava até pouco atijolada para a idade do vinho, pensei que iria estar mais. Os aromas se desprendiam da taça em ferrugem, carne e toques medicinais de iodo. Na boca pura elegância, como era de se esperar, sem nenhuma agressividade, sedoso, corpo médio e se tomado às cegas, jamais diria se tratar de um vinho de 40 anos, tanto pela cor, aroma e paladar. Outra surpresa foi a total inexistência de borra. Em minha opinião, esse vinho ainda resiste mais uma década.
A generosidade de algumas pessoas não poderia deixar de ser citada, pois devido a ela é que foi possível esse meu contato com um vinho que sempre sonhei em tomar, o Vega 70. Edinho, com sua inesgotável simpatia, e que me convidou para essa missão, sua esposa Giuliana Ansiliero que convenceu o dono da garrafa a servi-la nessa noite de comemoração, e ao dono da garrafa, seu Francisco Ansilieiro que nos brindou com histórias pitorescas, o grande vinho, e ainda abriu outra grande garrafa, que contarei em outro momento. Muito obrigado. Clique nas imagens para aumentá-las.
Mondaccione 1996
Mondaccione do Luigi Coppo. Uvas plantadas em terreno calcário, na região de Valdivilla, no Piemonte. Maturado por 14 meses em barricas de carvalho, 60% novas. Feito 100% com a uva Freisa, uma parente distante da Nebbiolo, é considerado um dos melhores exemplares da região, feito dessa cepa.
O Mondaccione provado era da safra 1996, e estava bem redondo. Cor já evoluída, mantendo uma acidez refrescante e na boca uma cremosidade sem agressão. Já provei alguns rótulos do Coppo, e quase todos envelhecidos, posso dizer que seus vinhos envelhecem muito bem. Quem tiver paciência será recompensado.
Errazuriz Pinot Noir
Este saboroso e intenso Pinot Noir é uma ótima alternativa aos Borgonhas de melhor preço. Exuberante, repleto de notas de fruta madura. Excelente relação qualidade/preço.R$41,00