Um dos melhores exemplares dos festejados espumantes brasileiros, com delicados e envolventes aromas, este belo Brut combina frescor com um delicioso toque frutado, em um conjunto seco e equilibrado. Produzido artesanalmente – apenas quatro mil garrafas numeradas do Angheben Brut chegam ao mercado – é rico e pleno. Elaborado pelo método champenoise, usando Pinot Noir e Chardonnay, ele permanece por 12 meses em contato com as leveduras. Uma garrafa foi provada em Gramado/RS, em julho deste ano. Um ótimo espumante, sem dúvida entre os melhores produzidos no Brasil. R$ 38,00.
O vinho brasileiro que conquistou a Madonna!
Recentemente Madonna esteve no Brasil. O que pouca gente sabe é que ela se encantou por um vinho feito aqui no país. O relato a seguir foi reproduzido do programa Adega Musical, conduzido pelo grande Manoel Beato, sommelier do grupo Fasano, e que atendeu a cantora.
Primeiramente ela desembarcou em São Paulo e passou uma tarde no hotel e restaurante Fasano, onde participou de um almoço. Beato foi incumbido de servi-la sendo a primeira pessoa a entrar na sala. Serviu-lhe água e propôs os drinks, enquanto ela pedia a carta de vinhos. Folheou-a e sugeriu, para a mesa de seis pessoas (02 brasileiros e 04 americanos), um vinho tinto brasileiro. Naquele momento os brasileiros da mesa disseram que os vinhos nacionais ainda não estavam à altura dos estrangeiros, e que valia a pena escolher um importado. Madonna escolheu, então, um vinho Malbec argentino do produtor Joffré, e perguntou se o vinho era bom. Beato respondeu que sim e foi buscar o vinho. Mas, quando estava voltando, a assessora dela disse que eles tinham mudado de ideia e que queriam um rosé, e pediram um rosado da melhor qualidade. O sommelier serviu um vinho da provance chamado “R” cru classé do Domaine de Rimauresq. Beberam o vinho, adoraram e pediram uma segunda garrafa. Foi quando Beato teve a ideia de servir um vinho rosado nacional, escolhendo o Villa Francioni rosé, da região de São Joaquim, Santa Catarina. Ele abriu o vinho, serviu o copo da Madonna e perguntou se ela tinha gostado. Ela sorriu e disse que tinha adorado, e que precisava comprar aquele vinho. Portanto, muitas vezes o preconceito em relação ao vinho nacional parte de nós mesmos. O VF rosé conquistou a Madonna.
Foto Madonna: UOL, VF: Divulgação
Jantar Confraternização com SIX Degrees
No mesmo jantar de confraternização de fim de ano (ver postagem dia 23) dos amigos do amigo e parceiro do DCV, Eugênio, eu também estava presente e fizemos uma prova tríplice dos vinhos Six Degrees, da vinícola brasileira Casa Motter, localizada em Caxias do Sul. Eram os três produtos dela, que possui ainda um quarto, o Brut Rosé, que não havíamos conseguido para esta degustação. Como eram doze colegas, foi mais que suficiente para as provas e obtivemos vários comentários. Vejam o que captei na mesa de refeição somados às minhas expectativas.
Os espumantes estão listados em ordem de serviço:
– Espumante Six Degrees Prosecco: saiu-se bem melhor que o Brut. Mais consistente e agradável ao paladar. Perlage fraca e poucas bolhas, também não persistentes, cor amarelo esverdeado. Aroma lembrando borracha com sabor levemente de torrefação. Um prosecco de boa qualidade para festas e ótimo para beber com petiscos. 84 pts;
Barrua e Montessu
Conheci esses dois vinhos na degustação de lançamento da mais nova loja de vinhos de Brasília, a Art du Vin. Foram mais de 150 rótulos disponibilizados sem cerimônia aos convidados. Muitas surpresas, vinhos que já conhecia, e muitos que não.
Dois vinhos italianos me chamaram atenção, ambos feitos pela Agricola Punica, no sudoeste da ilha da Sardenha. Essa Agricola vem da associação de alguns grandes nomes do mundo do vinho como Sebastião Rosa (enólogo da Tenuta San Guido-que faz o Sassicaia), a vinícola Cantina de Satandi, o enólogo Giacomo Tachis e a própria Tenuta San Guido.
Ambos os vinhos são cortes com predominância da Carignano, um se chama Barrua Isola Dei Nuraghi I.G.T (85% carignano, 10% C.S, 5% Merlot-18 meses de barrica francesa) e o outro Montessu Isola Dei Nuraghi I.G.T (60% Carignano – 10% Syrah – 10% Cabernet S. – 10% Cabernet F. – 10% Merlot-15 meses de barrica francesa).
São vinhos profundos, que enchem a boca, ainda um pouco tânicos, principalmente o Montessu(2005), mas que deixados em decanter mostram qualidades aromáticas muito agradáveis e bem diferentes dos exemplares do novo mundo. Acidez no lugar certo, e se for acompanhado de comida, uma garrafa será pouco para satisfazer o paladar, principalmente o Barrua(2004), que elegi o melhor vinho da degustação.
De Martino Single Vineyard Cab.Sauvignon 2004
Vinho tinto da vinícola chilena De Martino. Premiadíssimo em todo mundo. Seu top, Gran Família, sempre ponteia o Guia Descorchados, permanecendo dois anos (2004/2005) como melhor do Chile. Este Single Vineyard é projeto inovador do enólogo Marcelo Retamal, onde buscou pesquisar por 10 anos os melhores terrois para cada uva – seguido hoje por diversas vinícolas. Um vinho esmerado, com relação custo/benefício excelente. Rubi com tons violáceos. Muito complexo. Frutas maduras (amoras), chocolate e notas de especiarias. Elegância na integração do carvalho de 14 meses. Lembra leve “doce” e cheio, com taninos presentes plenamente harmonizado com longo final. R$ 80,00.
Confraternização de fim de ano
Mais um ano que se encerra, e novamente fizemos nossa confraternização anual do Clube da Aeronáutica. Esse ano ocorreu no restaurante L´affaire, e fomos atenciosamente recebidos pela equipe comandada pelo maitre Crispim. Alguns colegas levaram garrafas de vinho que foram prontamente desarrolhados e servidos com o menu degustação preparado pelo restaurante, que era composto de entrada (capuccino de cogumelos), primeiro prato (peixe-abadejo), segundo prato (filé ao shiraz) e sobremesa (tortinha de maracujá).
Os vinhos, como cada um levou um, não tinham tanto compromisso com o cardápio. Dos que me recordo, havia três espumantes, 02 brut e um moscatel, Luigi Bosca Pinot Noir, Prelúdio-Marco Danielle, o chileno Coyam e dois italianos, sendo um deles um Nero d´avola.
Como disse, a noite era de confraternização, logo o vinho não era o motivo principal e serviu de coadjuvante para as estórias contadas pelos participantes. Estavam presentes Renato Nardoni, Cláudio, Diniz, Kiko, Robério, Marcelo Chagas, Ricardo, Paulo Pavão, André, Everaldo, Leone, Gastão, Marcelo Bonna e eu. Mais um ano que termina e esperamos contar com os que não puderam ir esse ano, na próxima confraternização. Boas Festas a todos!
Domaine des Granges de Mirabel
Considero esse vinho um grande achado pela sua qualidade em relação ao preço. Feito 100% com a uva Viognier, é uma bela opção, para não ter que pagar um preço bem mais elevado que se paga para se tomar um Condrieu, feito da mesma uva. Esse vinho feito por M.Chapoutier, tem qualidade superior a qualquer Viognier do novo mundo e talvez seja melhor que alguns Condrieu que existem por aí.
Desde 1995 M.Chapoutier tem cultivado algumas terras por toda região sul de Ardèche. No alto de montanhas vulcânicas do planalto de Coirons, em Mirabel (terra que antes pertencia a Olivier des Serres), o solo vulcânico é perfeito para o cultivo de Viognier. A altidude de 350 metros confere frescura e mineralidade características dessa uva. Vinificado com uma leve prensagem e depois por uma fermentação controlada a frio, 80% do vinho passa por cuba de aço inoxidável com controle de temperatura e o restante por barrica, sendo engarrafado no final do inverno seguinte.
O vinho tomado foi da safra 2005, tinha uma cor amarelo dourado, com aromas de abacaxi em calda e um certo amargor na boca, que é uma característica da Viognier. Não é um vinho delicado como a maioria dos brancos do novo mundo, mas seu frescor e mineralidade o tornam muito interessante. Raramente falo sobre preço, mas um vinho desse nível por 50 reais, acho que o assunto deve ser comentado.
Os vinhos Top-20 de 2010
Listamos a seguir nossos vinte vinhos do segundo semestre de 2010, que “concorreram” em uma lista de mais de 129 rótulos provados ao longo dos últimos meses.
Parabéns aos eleitos!
TOP-20 2.Semestre – 2010
Posição | Nota | R$ | V i n h o | País | |
1 | 96 | 320,00 | Clos Del Rey, Jacques Montagné – Languedoc | 2004 | França |
2 | 95 | 550,00 | Dúvida – Alentejo | 2005 | Portugal |
3 | 94 | 600,00 | Clarendon Hills, Moritz | 2007 | Austrália |
4 | 93 | 113,00 | Schietto Syrah (Principi di Spadafora) | 2003 | Itália |
5 | 93 | 210,00 | Barolo Giovanni Rosso – Miolo | 2005 | Itália |
6 | 93 | 350,00 | Sanleone IGT – Castello Sonnino | 2005 | Itália |
7 | 92 | 100,00 | Il Bruciato 2006 (Cab./Merlot/Shiraz) | 2006 | Itália |
8 | 92 | 120,00 | Loma Larga Sauvignon Blanc – Branco | 2007 | Chile |
9 | 92 | 180,00 | Loma Larga Cabernet Franc | 2006 | Chile |
10 | 92 | 298,00 | Chacra Pinot Noir Treinta y Dos 12,5g | 2007 | Argentina |
11 | 92 | 480,00 | Barca Velha – Douro, Casa Ferreirinha | 2000 | Portugal |
12 | 91 | 80,00 | Venta Mazzaron Tempranillo | 2005 | Espanha |
13 | 91 | 100,00 | Viña Maipo Petit Shiraz 2006 | 2006 | Chile |
14 | 91 | 100,00 | Hacienda del Carche 2007 (Monast/Cab.) | 2007 | Espanha |
15 | 91 | 150,00 | Naiades Rueda 2006 – Branco | 2006 | Espanha |
16 | 91 | 160,00 | Ferrari Perlè Spumante Brut – Branco | 2002 | Itália |
17 | 90 | 70,00 | Aquitania Res. Cab.Sauvignon, Valle del maipo | 2008 | Chile |
18 | 90 | 80,00 | Nora 2007 – Branco | 2007 | Espanha |
19 | 90 | 100,00 | Cartagena Pinot Noir 2004 | 2004 | Espanha |
20 | 89 | 50,00 | Ensaios FP Baga – Filipa Pato | 2005 | Portugal |
Ao final de cada semestre e com uma média de cento e setenta ampolas analisadas, escolheremos sempre os melhores vinhos, elevando-os a categoria Top-20 do Site “Decantando a Vida”. Neste lançamento trazemos os vinte classificados dos últimos três semestres entre 2008 e 2009, avaliados entre 422 garrafas provadas. Em 2008 obtivemos 84,9 pontos de média semestral, dentro do sistema adotado (50-100). No primeiro semestre/2009 a média foi de 85,2, sendo que no segundo semestre bateu os 88 pontos, demonstrando uma prova geral de vinhos de classificação “Muito Bom”. Como o item custo/benefício não influencia na pontuação individual de cada garrafa, este quesito ganha peso na classificação comparativa dos Top-20, resultando que por vezes um vinho de 93 pontos possa ficar abaixo de outro com 91, por exemplo. Com o passar do tempo pretendemos inserir duas variáveis em nossa modelagem estatística, a saber: o respeito e a tradição das vinícolas no mercado; e o peso do número de vezes em que determinados rótulos surgem em nosso catálogo geral. O trabalho de ordenação simples e classificação, tem por objetivo premiar nossas próprias escolhas – outras publicações do ramo usam fatores e pesos levemente diferentes dos nossos, mas iguais em essência, o que, respeitadas as proporções, validam o método aqui empregado.
TOP-20 no DCV: nossa nova seção
DO NOSSO “RANKING DE AVALIAÇÕES”.
NAVEGUE ATÉ O TOPO DA PÁGINA E
Montrachet, o rei dos brancos
Em um jantar especial, tive a oportunidade de realizar um sonho no mundo do vinho, que foi tomar o vinho branco mais mítico de todos. O ouro líquido engarrafado, Montrachet. Esse vinho é considerado o Romanée-Conti dos brancos.
Montrachet é um vinhedo de praticamente 8 hectares em que 4,01 hectares ficam em Puligny-Montrachet e 3.99 em Chassagne-Montrachet. O lado de Puligny é conhecido como Montrachet e o lado de Chassagne como Le Montrachet, que na prática não facilita muito, pois quase todos os produtores engarrafam sob o rótulo de Montrachet apenas.
O Montrachet que bebi era o Marquis de Languiche produzido por Joseph Drouhin. A família do Marquês de Languiche tem 2,06 hectares em uma única parcela, fazendo dela a maior e mais larga propriedade contínua em Montrachet. A terra pertence a família do Marquês desde o século 18, mas desde 1947 a família Drouhin comercializa os vinhos. Funciona assim: Languiche cuida das vinhas e Drouhin da colheita e vinifica em sua instalação em Beaune. Embora os vinhos sejam engarrafados sob o rótulo Drouhin, o nome Marquis de Languiche também aparece em destaque.
O vinho apreciado foi o Marquis de Languiche 1984 ! Isso mesmo 1984! Confesso que estava meio apreensivo quanto ao vinho estar bom ou não, vinho branco com 25 anos de idade não é qualquer um que resiste. O sommelier ao extrair a rolha com o abridor convencional, a partiu ao meio, por sorte ele conseguiu retirar o restante da mesma sem ter que empurrá-la para dentro do líquido. Ao despejar o vinho na taça, aquela cor alaranjada, bem carregada, com notas de oxidação que adoro. No nariz, tangerina, chá de casca de laranja, e à medida que o tempo ia passando, defumado, manteiga, pêssego, damasco e mel. Fiquei quase 03 horas tomando esse vinho. Na boca não tinha a acidez da jovialidade, mas era viscoso, denso, gorduroso, muito encorpado, quase que não podia ser legalmente considerado um líquido. Final eterno. Uma obra de arte! Um Renoir, um Monet ou qualquer outro que você prefira, mas uma obra de arte!